Em meados de novembro, dados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicaram que o desmatamento na Amazônia cresceu 30% em um ano e registrou a terceira maior alta da história.
Agora, o mais recente levantamento divulgado pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)* confirma essa tendência de crescimento da destruição da floresta.
Segundo o SAD (Sistema de Alertas de Desmatamento), do Imazon, em outubro de 2019, foram detectados 583 km2 de desmatamento na Amazônia Legal*, um aumento de 212% em relação a outubro de 2018, quando esse número era 187 km2.
Gráfico revela crescimento assustador do desmatamento na Amazônia
Assim como nos monitoramentos passados, o Pará aparece como o principal responsável pela devastação da floresta, com 59% das ocorrências. Na sequência estão Mato Grosso (14%), Rondônia (10%), Amazonas (8%), Acre (6%), Roraima (2%) e Amapá (1%).
Oito dos dez municípios, classificados como “críticos”, pois foram os que mais desmataram, estão justamente no Pará.
A maior parte de perda de floresta ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse (54%). O restante aconteceu em assentamentos (32%), Unidades de Conservação (7%) e terras indígenas (7%).
Em relação à degradação da floresta, quando não há o corte raso da vegetação, houve uma queda em relação ao mês anterior (setembro de 2019), quando o crescimento atingiu alarmantes 800%, conforme mostramos aqui, nesta outra reportagem.
Infelizmente, apesar de os índices de degradação terem ficado menores, ainda assim, estão longe do que é considerado “aceitável”. As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 618 km2 em outubro último, enquanto que no mesmo mês do ano passado, a degradação florestal totalizou 125 km2, ou seja, houve um aumento de 394% em outubro de 2019.
Mensalmente, o Imazon realiza o levantamento do desmatamento da Floresta Amazônica, através de dados gerados pela plataforma Google Earth Engine (EE), com a utilização de imagens de satélites e mapas digitais.
*O Imazon é um instituto nacional de pesquisa, sem fins lucrativos, composto por pesquisadores brasileiros, fundado em Belém há 29 anos. Através do sofisticado Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), a organização realiza, há mais de uma década, o trabalho de monitoramento e divulgação de dados sobre o desmatamento e degradação da Amazônia Legal, fornecendo mensalmente alertas independentes e transparentes para orientar mudanças de comportamento que resultem em reduções significativas da destruição das florestas em prol de um desenvolvimento sustentável.
*A chamada Amazônia Legal é uma área que compreende nove estados brasileiros e corresponde a quase 60% do território nacional.
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Foto: Christiano Antonucci / Secom-MT/Fotos Públicas