Amazônia está perto do ponto de não retorno – o que fazer?

Amazônia está perto do ponto de não retorno – o que fazer?

Respira fundo. Lembra da floresta.

Respira fundo. Lembra do artigo dos cientistas Carlos Nobre e Thomas Lovejoy.

Respira fundo. Lembra da conversa com o também cientista Antonio Nobre.

Escreve o texto para o blog do Reconexão Amazônia.


Respira fundo. Lembra da floresta.

Amazônia verde, linda! Tem rios de águas coloridas, ar úmido que purifica os pulmões! Lar de 22 milhões de brasileiros, maior floresta do mundo, espírito feminino, Mãe (assim, com letra maiúscula mesmo), grande polo de equilíbrio energético e biológico do planeta e cuja existência impacta positivamente todos os habitantes do corpo maior chamado Terra, mamacita curandera de corpos, mentes e almas! Floresta Sagrada (assim, com letra maiúscula mesmo).

 

Respira fundo. Lembra do relatório dos cientistas Carlos Nobre e Thomas Lovejoy.

No dia 21 de fevereiro, a revista Science Advances publicou um artigo assinado por Thomas Lovejoy, professor da George Mason University, nos Estados Unidos, e o brasileiro Carlos Nobre, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas. Eles comprovaram o que eu jamais gostaria de ler: a Amazônia está perto, muito perto, do ponto de não retorno.

Ela já foi desmatada 20%. Se chegar a 25%, vai perder resiliência e alterar seus ciclos hidrológicos de maneira irreversível. O ponto de não retorno significa o início de um processo de morte da floresta.

Sabe quando uma pessoa querida tem câncer? E aí ouve-se do médico que não tem mais cura porque virou metastase? A Amazônia sofre de um câncer que está quase virando metastase. Faltam apenas, no máximo, 5% pra isso.

E as principais causas desses desastres são, em primeiríssimo lugar, o fogo atirado 24 horas por dia sobre diversos pontos da floresta para abrir pastagens para criação de gado. Por isso que eu sempre falo: quer ajudar a Amazônia? Não precisa dar uma de louca como eu não, que me mudei pra lá. Pare de comer carne ou diminua, se preferir. Já vai ajudar bastante e fazer uma big diferença, acredite! A outra causa que tem impulsionado a floresta a esse ponto irreversível é a mudança do clima.

Notícia pesada, essa. Está doendo. Eu já tinha ouvido essa história do ponto de não retorno pessoalmente do Lovejoy. Ele desconfiava disso na ocasião, mas não era um dado oficial, como é agora.

O cenário é negro, mas ainda há esperança.

Respira fundo. Lembra da conversa com o cientista Antonio Nobre.

Florestas já foram reflorestadas em outros locais do mundo, continuam sendo e serão. Antonio, um otimista-realista-nato, me disse informalmente que podemos ter esperança de que o verdejamento em massa também aconteça com a Amazônia porque tecnologia para isso, tem.

Se conseguimos reflorestar diversas partes dela, aumentaremos gradativamente sua resiliência e a distanciaremos do ponto de não retorno. “A capacidade de regeneração da Amazônia é espetacular”, ele me disse.

Respira fundo, Karina. Dá para, juntos, revertermos isso aí.

Ficou pensativo? Eu também fiquei. E convoco a todos e todas para refletirem sobre suas opções de consumo. Assumamos responsabilidade no cuidado individual e coletivo com a floresta que equilibra todas as energias do planeta Terra. Pressionemos governos para que tomem atitudes coerentes com a vida. A hora é agora!

Como nos ensina o povo Hopi, “não espere fora de você pelo líder. Nós somos aqueles por quem estávamos esperando”

E a Amazônia, por sua vez, espera por nós.


Imagem: Todd Southgate

Um comentário em “Amazônia está perto do ponto de não retorno – o que fazer?

  • 16 de junho de 2018 em 1:48 PM
    Permalink

    Rezar costuma ajudar quando cada um faz o seu trabalho.Agora, diminuir a carne não é legal para os bichos não, galera, porque eles vão continuar morrendo para virar a metade do bife ao invés do bife inteiro e se a gente gosta dos animais vivos, esquece gente boa, melhor parar de comer carne, sem essa de “diminuir o consumo”, porque cadáver não é para a gente sepultar no estômago não, tem mil opções mais éticas e de bem com a vida e com o planeta, é só querer. Tem também esse problema de multiplicar cabeças de gado, a perder de vista, derrubando florestas para o pasto e tem até nêgo que diz que se o mundo se tornar totalmente vegano, os animais vão morrer de fome, e não vai ter brejo suficiente para tanta vaca ir. Mas a solução é facinha: só parar de inseminar artificialmente as pobres, para que elas fabriquem bebês às pampas, bebês que roubam dela se for menino, para matar e virar o baby beef. Mas se for menina, aí o bicho pega de verdade, porque vão seguir a triste sina das mãezinhas, parindo sem cessar por alguns anos, até ficarem velhas, aí se transformam nos cadáveres caminho da panela. Se parar de nascer bebês animais, não precisa tanto pasto, é só recuperar as florestas derrubadas que nossos bebês humanos poderão, daqui há algumas décadas, respirar fundo o ar puro e verde delas, batizando os animais remanescentes, cada um com um nome bonito, porque não são mais para consumo, são de estimação. Por enquanto, dá não para respirar FUNDO, só respirar, só isso, de leve, enquanto se pode e deixam.

    Resposta

Deixe uma resposta

Karina Miotto

Conectada com a força da floresta – guiada, protegida e inspirada por ela. Jornalista ambiental, educadora e fundadora do Reconexão Amazônia. Há mais de uma década tem se dedicado a proteger a Amazônia, onde morou por cinco anos. Mestre em Ciências Holísticas pela Schumacher College, Inglaterra, é formada em Educação para a Sustentabilidade pelo Gaia Education e Vivências com a Natureza pelo Instituto Romã.