
Em 2 de outubro, ela foi integrada à Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas) pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, mas somente em novembro a Trilha Amazônia Atlântica, que atravessa o Pará e é a maior da América Latina com 468 km, será inaugurada.
A data ainda não está marcada, mas o lançamento oficial acontecerá durante a COP30, como parte das ações do governo brasileiro que visam aliar conservação ambiental, promoção de emprego e renda e turismo sustentável.
Antes restrita a alguns trechos percorridos por aventureiros, a trilha poderá, enfim, ser feita em sua totalidade. A estruturação e a sinalização estão na fase final.

Turistas do Brasil e estrangeiros
O percurso agora oferece mapas, sinalização, orientação para caminhantes e apoio de moradores locais, pequenos prestadores de serviços e empreendedorescapacitados pela iniciativa.
E vale destacar que seu traçado foi planejado para garantir o menor impacto ambiental possível, permitindo a circulação da fauna e oferecendo um caminho ainda mais atrativo. Não poderia ser diferente.

Foto: Diego Barros / MMA / divulgação
A expectativa do MMA é que, já no primeiro ano (final de 2025 e 2026), 10 mil pessoas percorram o trecho, que poderá ser feito a pé ou de bicicleta.
A intenção é atrair turistas estrangeiros e fortalecer o turismo nacional. Pedro Cunha e Menezes, diretor do Departamento de Áreas Protegidas do ministério, destacaque muitos estrangeiros se interessam por trilhas na Amazônia, mas costumam buscar destinos como Peru, Equador e Colômbia, onde já existem percursos estruturados. Agora, terão mais uma bela opção!

Foto: MMA / divulgação
Proteção da fauna e apoio às comunidades
Menezes também evidencia a interligação entre as unidades de conservação (UCs) proporcionada pela trilha como fundamental na proteção dos animais que vivem na região. “Essa política pública está fazendo com que a gente passe a ter corredores florestados entre as unidades de conservação, que são usados para o turismo e recreação, mas também pela fauna, permitindo sua ampla circulação e sua migração”, explicou.

Sobre a integração da trilha à Rede Trilhas do governo federal, o executivo destaca que o objetivo é conectar o Brasil – hoje formado principalmente por moradores de áreas urbanas – à natureza, por meio da gestão da população.
“Uma trilha como essa é um equipamento importante para gerar orgulho e sentimento de pertencimento nas populações tradicionais do Salgado Paraense e, também, apoiá-las ao oferecer o uma nova alternativa de geração de emprego e renda, além das suas atividades tradicionais já preexistentes”, explica.
“A gente pode dizer que a trilha Amazônia Atlântica é turismo de base comunitária na veia, é a marca do governo Lula, é a marca da administração Marina Silva”, complementa.

[Salgado Paraenses é uma microrregião que compreende 11 cidades da costa do estado: Colares, Curuçá, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Salinópolis, São Caetano de Odivelas, São João da Ponta, São João de Pirabas, Terra Alta e Vigia]

Todo o trabalho relacionado à Trilha Amazônia Atlântica está em total alinhamento com a Convenção da Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário. Esse tratado internacional prevê três pontos centrais: a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais e a repartição justa e equitativa dos benefíciosgerados pela utilização dos recursos genéticos.
O percurso: trechos, municípios e áreas protegidas
Pedalando ou caminhando, o turista que se aventurar pela Trilha Amazônia Atlântica percorrerá um caminho contínuo, entre estradas de terra, florestas de terra firme e Campos Naturais Bragantinos até chegar ao incrível litoral da Amazônia, com seus manguezais preservados.

A trilha conecta rotas históricas e peregrinas, permitindo ao turista “vivenciar uma Amazônia profunda e autêntica”, provando “a inigualável gastronomia paraense”, conhecendo a diversidade cultural da região e ainda praticando a observação de aves, além de se banhar em seus refrescantes igarapés e conhecer comunidades da região, onde cultura, história e natureza se unem para encantar.

Foto: MMA / divulgação
O trajeto atravessa diversos municípios, unidades de conservação, territórios quilombolas seculares e dezenas de comunidades tradicionais.
Faz parte da estruturação da Trilha Amazônia Atlântica a divisão em sete trechos, que variam entre 47 km e 85 km: em média têm cerca de 65 km. São eles: Trilha Belém-Caraparu (65 km); Trilha dos 3 Quilombos (56 km); Petimandeua-Taciateua (73); Taciateua-Capanema (47 km); Travessia dos Campos (85 km); Trilha Camutá-Urumajó (80 km) e Trilha da Serra do Piriá (54 km).
Ao longo de seus 468 km, passa por 17 municípios estendendo-se desde a capital Belém até a Serra do Piriá, em Viseu, na fronteira com Maranhão, assim: Belém →Ananindeua → Marituba → Benevides → Santa Isabel do Pará → Castanhal → Inhangapi →São Francisco do Pará → Igarapé-Açu → Santa Maria do Pará → Nova Timboteua → Peixe-Boi → Capanema → Tracuateua → Bragança → Augusto Corrêa → Viseu.
Seu trajeto atravessa 13 áreas protegidas, sendo sete unidades de conservação e territórios quilombola seculares.
São quatro reservas extrativistas – Marinha Tracuateua, Marinha Caeté-Taperaçu, Marinha Araí-Peroba e Marinha Gurupi-Piriá; a Área de Proteção Ambiental Belém, o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia e o Parque Estadual do Utinga Camilo Vianna.

Quanto aos territórios quilombolas, são seis Remanescentes: Quilombolas de Torres, em Tracuateua; América, em Bragança; Pitimandeua, em Inhangapi; Macapazinho, em Castanhal; Santíssima Trindade, em Santa Isabel do Pará; e Macapazinho, em Santa Isabel do Pará.
“Essas 13 áreas protegidas se tornaram atrativos relevantes. Dentro da lógica do ecoturismo, as pessoas percebem que podem aumentar a renda a partir da preservação ambiental, o que estimula tanto a conservação do que ainda existe quanto a recuperação do que já foi perdido”, destaca Julio Cesar Meyer, um dos responsáveis pelo projeto e atual diretor da Trilha Amazônia Atlântica.
Segundo ele, as comunidades locais demonstravam interesse em oferecer melhor estrutura aos visitantes e essa combinação é fundamental inclusive para recuperar áreas degradadas.
A iniciativa foi idealizada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio), que mapeou trechos já utilizados por ciclistas.
Atrativos: natureza e comunidades
De acordo com Pedro Cunha e Menezes, o trajeto estruturado reúne ampla variedade de atrativos, o que permite ao visitante conhecer o modo de vida das populações extrativistas – coletores de caranguejo, exploradores de babaçu, pequenos agricultores e pescadores – como, também, vivenciar a natureza em sua face atlântica, atravessando florestas, manguezais, campinas e áreas de relevo, que revelam paisagens marcantes, como um pôr-do-sol de grande beleza.
“Particularmente, considero que esta é uma das trilhas mais bonitas do Brasil”, afirma Menezes.

Para garantir suporte aos que se interessam em fazer percurso tão longo, a Trilha Amazônia Atlântica agora integra a plataforma digital eTrilhas, na qual se pode conhecer os prestadores de serviços nas proximidades e entrar em contato direto.
Os empreendedores, por sua vez, têm seus serviços e produtos listados na plataforma para ofertá-los aos turistas. Será possível ter acesso a essa vitrine por meio de um QR code fixado nos estabelecimentos cadastrados.
A eTrilhas participou do Edital de Aceleração Sustentável da EmbraturLAB e foi escolhida entre oito soluções.
A união faz a força
O projeto da Trilha Amazônia Atlântica é fruto do esforço coletivo de comunidades tradicionais, voluntários, o MMA, o Ministério do Turismo (MTur), a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto de IDEFLOR-Bio e a Conservação Internacional (CI).

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Foto: Redes Trilhas / divulgação




