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Amanaci e Guarani: após a tragédia no Pantanal que a obrigou a viver em cativeiro, onça-pintada ganha um companheiro

Amanaci e Guarani: após a tragédia no Pantanal que a obrigou a viver em cativeiro, onça-pintada ganha um companheiro

Amanaci foi uma das milhares de vítimas dos incêndios que devastaram quase 30% do Pantanal no ano passado. Em agosto de 2020, a fêmea de onça-pintada foi resgatada por bombeiros numa casa, na região de Poconé. Ela apresentava queimaduras de terceiro grau nas quatro patas.

Em estado grave, pois tinha inalado bastante fumaça também, foi levada de helicóptero o Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Silvestres (Cempas), da Universidade Federal de Mato Grosso. De lá foi transferida para o Instituto NEX No Extinction, em Corumbá do Goiás. Amanaci ficou em tratamento durante 70 dias. Neste período, foi submetida a aplicações de células-troncos para ajudar na cicatrização das feridas das patas, que ficaram em carne viva. Mas infelizmente, a extensão das lesões foi muito grande: os tendões que ela precisa para expor e usar as garras foram queimados, e sem elas, não conseguirá mais caçar para se alimentar sozinha na vida selvagem. Por isso, precisará viver o resto da vida em cativeiro.

A onça-pintada é hoje uma das moradoras do NEX, ao lado de outros felinos, que assim como ela, não poderão retornar à natureza. Mas ali Amanaci vive num ambiente projetado só para ela e com todos os cuidados e carinho que tanto merece. Mas há cerca de um mês ela não está mais sozinha em seu recinto. Ganhou um companheiro, Guarani.

Guarani foi encontrado ainda recém-nascido, na mata de uma fazenda no Pantanal, muito fraco, desnutrido e desidratado. “A mãe foi morta, acredita-se que por caçadores. Para ser alimentado na mamadeira, além dos cuidados necessários para sobreviver, manteve a interação muito afetiva com as pessoas. O que o tornou muito humanizado”, conta Daniela Gianni, coordenadora de projetos e atividades do NEX. “Por ter sido humanizado, não pôde ser treinado para ser reintroduzido na natureza. A onça precisa saber que o seu maior predador é o ser humano para viver em segurança quando em liberdade, infelizmente”.

Há um mês Guarani e Amanaci estão juntos, dividindo o mesmo recinto (ele aparece na esquerda na montagem que abre este post e ela à direita). Todavia, eles passaram por um período de adaptação. Foi necessário um revezamento de dez dias, durante o qual um dos animais ficou preso e outro solto para que a fêmea iniciasse o ciclo de cio e o aceitasse. Mas eles se entenderam e estão convivendo muito bem juntos.

O objetivo da equipe do NEX é o acasalamento entre as duas onças-pintadas. “Nós priorizamos as características de cada bioma. Sendo assim, somente pareamos casais da mesma região. Como Guarani é do Pantanal e Amanaci também, optamos pelo pareamento dos dois. Ela, sem as garras em consequência dos ferimentos causados pelas queimaduras, não conseguiria se defender de um macho agressivo. Por isso mesmo, Guarani é o par ideal para Amanaci, já que ele é muito carinhoso”, explica Daniela.

A expectativa agora é, se tudo der certo, Amanaci fique prenhe. “Nosso objetivo é treinar o filhote para que cresça bravo e possa sobreviver em liberdade, no lugar onde sua mãe foi resgatada”, revela a coordenadora de projeto do NEX.

Amanaci e Guarani: após a tragédia no Pantanal que a obrigou a viver em cativeiro, onça-pintada ganha um companheiro

Guarani em primeiro plano e Amanaci, mais ao fundo

Na vida selvagem, as onças-pintadas (Panthera onca) são animais de hábitos solitários, os machos e fêmeas só se encontram na época do acasalamento. Geralmente nascem dois filhotes após cada gestação, que dura aproximadamente 100 dias. Eles ficam ao lado da mãe por cerca de dois anos, quando depois saem em busca do próprio território.

Esses felinos podem viver entre 12 e 15 anos quando estão livres na natureza. Em cativeiro chegam ao dobro dessa idade.

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Fotos: divulgação NEX No Extinction

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