A preservação da natureza não é um gasto, mas um investimento no presente e no futuro do Brasil

A preservação da natureza não é um gasto, mas um investimento no presente e no futuro do Brasil

Meu pai era piloto e estava no início da carreira, lá pelos anos 1950. Pilotava aviões pequenos pelo interior do Paraná e pelo Brasil, em voos de baixa altitude. Hoje, aposentado, comenta que se houvesse uma pane pousaria na copa de árvores em rotas para Foz do Iguaçu ou Londrina, pois quase não havia área para pouso. Eram florestas densas. Este é um testemunho vivo da velocidade com que uma das florestas mais densas da Terra foi destruída. Sobraram pequenas manchas que são meras lembranças de um passado rico em biodiversidade.

Perdemos a Floresta com Araucária por não saber usar este patrimônio. Mas não aprendemos!! Continuamos a destruir outros biomas brasileiros como o Cerrado, a Caatinga, a Floresta Atlântica, os Campos Naturais, a Planície Costeira, o Pantanal e a Amazônia.

Como fotógrafo de natureza, circulo pelo Brasil e tenho um retrato das questões ambientais e sociais do nosso território. Mesmo tendo conhecido áreas naturais já bastante convertidas, foi possível constatar que a destruição dos biomas continua acelerada.

Há que percebermos que a agricultura depende da natureza preservada e não o oposto. E não somente na área rural, resíduos sólidos urbanos, poluição do ar e da água, regulamentação de agrotóxicos e a fiscalização de tudo isso necessita de equipes especializadas e muito bem treinadas, além de um trabalho importantíssimo de educação ambiental, introduzindo na cultura dos brasileiros estas questões.

Necessitamos de órgãos fortes para manter o que resta de ambiente saudável.

Falta a percepção de que as Unidades de Conservação gerenciadas e resguardadas pelo ICMBIO e a fiscalização contra tráfico de animais, desmatamento ilegal, queimadas, destinação, regulamentação e fiscalização de resíduos sólidos e poluição do ar e água acima dos níveis permitidos, realizada pelo IBAMA, são essenciais para resguardar a manutenção de biomas, evitar a extinção de animais e plantas e garantir a saúde humana no campo e nas cidades.

É fundamental que haja cortes de gastos do governo federal, porém a complexa gestão e entendimento das questões ambientais não será possível caso o ministério do Meio Ambiente (MMA) não exista mais. Isso irá violar o Sistema Nacional do Meio Ambiente, desenvolvido a partir da Política Nacional do Meio Ambiente, de 1981.

A extinção é para sempre! O que a natureza levou milhões de anos para criar, proporcionando recursos naturais para nossa evolução e sobrevivência, deve ser valorizado. Para isso existem pessoas e órgãos com essa competência.

Nosso país possui a maior diversidade de opções de lazer ao ar livre e turismo de aventura no mundo. As Unidades de Conservação cumprem um papel importantíssimo neste setor de negócio, empregando milhares de pessoas no entorno de Parques Nacionais e levando um desenvolvimento equilibrado para o interior do país. Tudo isso é motivo de orgulho nacional.

Além de o Brasil ser o campeão de diversidade biológica, de potencial de turismo, também somos o país com maior quantidade de culturas e línguas. Os povos indígenas possuem centenas de idiomas e etnias distintas. Isso, por si só, já é um motivo de orgulho para nós. Porém, as terras indígenas também são áreas de preservação, cumprindo um duplo papel.

Muito conhecimento sobre plantas e relações com a natureza está guardado na sabedoria desses povos. Devemos fortalecer as terras indígenas e protegê-las como um bem cultural único no mundo.

A preservação da natureza não é uma despesa, mas um investimento no presente e no futuro do Brasil.

Hoje, no comércio global, a conservação ambiental e de culturas tradicionais é vista como um ponto positivo, abrindo mercados e valorizando produtos. Portanto, para que o Brasil tenha um destaque internacional desejado por todos nós, o governo deve tomar a vanguarda. Temos um potencial enorme para assumir uma liderança mundial na solução para questões ambientais com pesquisas nessas áreas, abrindo novos negócios para o mundo.

Muitas ações na área social, ambiental, cultural, dentre outras, são realizadas por organizações não-governamentais (ONGs), criando milhares de empregos e gerando receita para o Estado através de impostos.

Acredito que o presidente eleito terá a responsabilidade e a oportunidade de atuar na área ambiental para que a nação brasileira seja valorizada pelo que tem de mais rico, que é a sua cultura e o meio ambiente, proporcionando aos cidadãos uma vida digna e com orgulho do país em que vivemos.

A natureza e a cultura genuínas de um povo são a alma de uma nação e são bens que não têm preço, e por isso, devem ser preservados e valorizados.

Pelo exposto acima, acredito que seremos um país melhor com as medidas abaixo relacionadas:

  • Manutenção e valorização do (MMA) Ministério do Meio Ambiente;
  • Preservação da Amazônia entendida como de segurança nacional, por ser reguladora do clima para a porção mais produtiva do Brasil;
  • Valorização das terras indígenas e das Nações Indígenas;
  • O Estado não tem condições de ser onipresente. Por isso, deve ter nas ONGs aliados importantes na busca e na solução para os problemas nacionais;
  • Manter e reforçar acordos internacionais relativos ao meio ambiente. Isso abrirá mercados e agregará valor aos produtos brasileiros;
  • Reforçar as ações de sustentabilidade para uma melhor distribuição de renda e para a melhor saúde da população.

Por isso tudo, assine já as petições populares que dizem NÃO à fusão do Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura!

Change.org

Petição Pública 

Foto: arquivo pessoal 

Um comentário em “A preservação da natureza não é um gasto, mas um investimento no presente e no futuro do Brasil

  • 5 de novembro de 2018 em 12:46 PM
    Permalink

    Antes de aprender a andar, bebezinhos humanos deveriam ser ensinados a respeitar a Natureza, responsável por flores e frutos, sendo levados a apreciar animais em Santuários e Reservas Naturais, ao invés de visitá-los atrás de grades e gaiolas. Antes de falar papai e mamãe deveriam pronunciar os sons que passarinhos compreendem e respondem, e deveriam apreciar os ninhos na floresta assim como gostam de seus bercinhos humanos, na paz do seu lar. Antes de correr para a segurança do abraço, após titubearem nos primeiros passos, deveriam aprender que animais também sentem medo de cair, se machucar e se desesperam quando não enxergam a figura materna no final do caminho mas são surpreendidos pela crueldade de uma espingarda que um demônio ostenta, orgulhoso e sorrindo.

    Resposta

Deixe uma resposta

Zig Koch

Fotógrafo profissional com ênfase em imagens de natureza, turismo e viagens. Autor de 14 livros e 25 exposições individuais, sendo quatro internacionais. Percorreu todos os biomas brasileiros, viajou para vários países de outros continentes, fotografando para revistas, ONGs e empresas.