60+: descobrindo novos territórios e conexões

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Já passou pela sua cabeça que você pode viver mais de 100 anos? E o que vai fazer com todos esses anos a mais que a longevidade trará? Essa pergunta tem sido feita por um número cada vez maior de pessoas já que o envelhecimento da população é uma realidade no Brasil. E isso afeta não só as pessoas com mais de 60 anos – 60+ -, mas toda sociedade que tem se preparar para esta nova realidade.

Muitas iniciativas surgiram nos últimos anos com objetivo de pensar e buscar soluções para um país cada vez mais maduro: Lab60+, Maturity Now, Roda 50/70 entre outras.

Ainda falta um tempo pra mim, Zuzu, ter a carteirinha do 60+. Já Uli está mais próximo. Conhecemos a iniciativa Lab60+ por conta da história da minha mãe, a Tetê (contamos a história dela, aqui, no blog). Passamos a frequentar o movimento e uma das suas “crias”, o Trabalho 60+: um grupo de pessoas que se reúne semanalmente, desde fevereiro de 2017, para pensar possibilidades de novos negócios que se adequem ao objetivo maior: trabalho cooperativo, prazeroso e com justa remuneração.

Poucas vezes na vida vimos um grupo tão cheio de energia, talentos e capacidade de colaborar e construir coisas em conjunto.

Eduardo Meyer é um dos criadores do grupo. Ele conta que fez o curso da Reinvenção do Trabalho 60+ (uma das iniciativas do Lab60+) e que ficou espantado com o novo universo que se abriu à sua frente. “Sempre trabalhei com desenvolvimento regional e com inclusão de pessoas e acabei descobrindo que, quando falamos em envelhecimento, temos um grande trabalho a fazer para incluir as pessoas que estão entrando na faixa dos 60. A sociedade não está preparada para isso”.

Os participantes sabem que a idade traz limitações: médicos, exames, ajudar a cuidar dos netos, entre outras necessidades. E, portanto, não querem nem pretendem “vender” oito horas do dia. “Queremos, sim, trabalhar aliando nossa vida profissional ao prazer e às reais necessidades do dia a dia. Mas o mais importante é que esse público, no qual eu me incluo, possa ter a sensação de pertencimento, de não ficar isolado achando que não tem nada mais a fazer na vida. É totalmente ao contrário. Estamos na melhor fase para colaborar com a sociedade”, fala o entusiasmado Eduardo.

Encontros produtivos e inspiradores

As reuniões do grupo acontecem toda segunda-feira no núcleo Niss, Vila Mariana, em São Paulo, e são abertas a quem quiser participar. Este é um espaço para quem tem ideias, quer se posicionar e receber o retorno dos 60+, ou mesmo, buscar parceiros para realizar projetos que estavam engavetados.O grupo conta com a mediação da couching Cris Crespo.

Foi assim que as Arteiras dos Deuses – grupo de mulheres com talentos manuais entre outros – se organizou e já vende seus produtos em bazares e feiras.
Muitas iniciativas frutificaram em seis meses. O casal Norma e Sergio Grinberg frequentam o grupo e tiraram da gaveta dois projetos que já estão a pleno vapor: Norma, que é artista plástica reconhecida, realiza workshops sobre criatividade (na foto ao lado) e Sergio, que vem do mundo dos computadores, ministra o curso Desmistificando as redes sociais que está colocando muitos 60+ na era digital.

Estes são apenas alguns exemplos. Muitos outras na área de moda, networking, curadoria de conteúdo, produção de óleos especiais, foram estruturados e, em breve, vão ganhar o mercado.

E o que fazer com “os milhares de anos” de experiência que se somam no grupo? Por que não oferecer uma consultoria com multi-talentos para resolver problemas em empresas e outras organizações?

As “células de inteligência sênior” estão sendo formatadas e logo entrarão em atividade  para quem quer se beneficiar da chamada “economia da experiência  técnica e de vida”. As células vão reunir grupos de 60+ de diferentes áreas profissionais e histórias de vida e, como brinca Ari Filler – que se define um autônomo em insight constante e idealizador da iniciativa. “Creio que nossas células poderão explorar, cada vez mais, um conceito meio esquecido que é o I.N. – inteligência natural -, aquilo que nós, sêniores, temos de sobra, mas não usamos com todo potencial. Isso inclui a intuição, as vivências e a sensibilidade. Trabalhamos numa perspectiva sistêmica e podemos aplicar tudo isso  para resolver questões que não se resolvem com uma abordagem convencional”.

Com apenas seis meses de existência, o grupo Trabalho60mais é como uma amostra do enorme potencial a ser descoberto com o envelhecimento da população brasileira. “É um novo território a ser desvendado. Ao mesmo tempo que o envelhecimento traz questões macro a serem resolvidas, abrem-se muitas portas e oportunidades para o protagonismo desse grupo”, ressalta Eduardo.

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Fotos: Pixabay, Arquivo Lab60+ (atividade de street dance) e Divulgação (Norma Grinberg)

4 comentários em “60+: descobrindo novos territórios e conexões

  • 25 de agosto de 2017 em 2:42 PM
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    Excelente matéria Zuzu…Adorei…congratulações!!!❤

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    • 29 de agosto de 2017 em 7:08 PM
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      Oi Adalva que coisa boa que gostou… Esse é um novo campo muito importante para que as pessoas se descubram e entendam que o tempo é agora. bj

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  • 25 de agosto de 2017 em 3:48 PM
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    oi Zuzu, a curadoria de conteúdo já está em pleno andamento – temos já a pagina no Facebook : Mundo60+ e em breve a plataforma com tudo de melhor que existe na web, no Brasil e no Mundo para os 60+ e quem está chegando lá, viver plenamente este momento da vida, com informação relevante e confiável e principalmente, com sentido! Venha nos visitar!
    Ilana Novinsky

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    • 29 de agosto de 2017 em 7:10 PM
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      Ilana querida…super. Vou entrar lá. Que bom que a curadoria está caminhando. Acho uma ótima ideia e tenho certeza que será um sucesso. Gratidão por compartilhar o post. Te vejo lá no Mundo60+. bjj

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Maria Zulmira de Souza e Ulrich Zens

Maria Zulmira de Souza, a Zuzu, é jornalista pioneira na área de comunicação sobre sustentabilidade. Criou programas e séries mostrando como viver de forma sustentável no dia-a-dia. Conselheira de várias ONGs e instituições, dirige a Planetária Casa de Comunicação. Ulrich Zens, o Uli, é arquiteto paisagista alemão. Desde 1984, pratica o paisagismo multifuncional em projetos para espaços públicos na Alemanha, Arábia e Brasil. Veio a São Paulo por causa de uma história de amor. Eles formam o Casal Verde, aqui e no YouTube, para tratar de sustentabilidade, arquitetura, maturidade, arte e relações saudáveis.