50% das espécies de plantas e animais do planeta podem desaparecer se aquecimento global continuar a aumentar

A Amazônia abriga até 80 mil espécies de plantas, muitas das quais são endêmicas da região, ou seja, só existem ali e em nenhum outro lugar do mundo. Além de ajudar a regular o clima global e os ciclos de chuva locais, elas também são usadas para a fabricação de um sem número de medicamentos. E mais: são essenciais para a sobrevivência das comunidades ribeirinhas e indígenas que fazem da floresta seu lar.

Todavia, os ecossistemas amazônicos são extremamente sensíveis a mesmo, pequenas alterações da temperatura, que podem fazer a diferença entre a vida e a morte da fauna e da flora da floresta.

Pois um novo relatório divulgado pela organização WWF Internacional, realizado em parceira com especialistas do Centro Tyndall para Mudanças Climáticas da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, faz uma projeção dos impactos das mudanças do clima sobre espécies em algumas das áreas naturais mais importantes do mundo – mais especificamente, 80 mil espécies de plantas, mamíferos, aves, répteis e anfíbios.

O estudo A Vida Selvagem em um Mundo Cada Vez mais Quente conclui que, até metade das espécies de plantas e animais do planeta, entre elas, hotsposts da biodiversidade, como a Amazônia e as Ilhas Galápagos, podem enfrentar a extinção local até meados de 2080, devido às mudanças climáticas, caso as emissões de carbono continuem a subir sem controle.

Segundo o relatório, até o aumento do que parece ser pouco – 2oC  na temperatura – poderia colocar em extinção quatro em cada dez espécies de plantas da Amazônia. O mais assustador, entretanto, é a projeção de que, se continuarmos a emitir gases de efeito estufa, no ritmo atual, seis de cada dez espécies desaparecerão.

“Ao longo da vida de nossos filhos, lugares como a Amazônia e Ilhas Galápagos podem tornar-se irreconhecíveis, com a metade das espécies que vivem lá, destruídas pelas mudanças climáticas causadas pelo homem”, alerta Tanya Steele, CEO do WWF do Reino Unido.

O levantamento analisou 35 áreas consideradas prioritárias pela organização ambiental, entre elas a Amazônia. São regiões, que para o WWF, contêm os ecossistemas e habitats mais excepcionais do mundo e que têm sido identificadas cientificamente como “os lares” insubstituíveis e ameaçados da biodiversidade, e/ou apresentam uma oportunidade de conservar a maior e mais intacta representação de seu ecossistema.

Tigre de bengala, uma das espécies ameaçadas 

Para chegar aos resultados apresentados, foram levadas em conta duas variáveis: temperatura e precipitação (chuvas), até o final do século. Estes dados foram então divididos em três períodos de 30 anos e assim, obteve-se o que será provavelmente o comportamento e a adaptação de animais e plantas às mudanças do clima.

“Os dados do estudo são alarmantes e as consequências estão cada vez mais próximas. Para garantir a sobrevivência das espécies, é fundamental diminuirmos as emissões globais, com mais ambição nas metas do Acordo de Paris, reduzirmos a pressão sobre as florestas, aumentarmos as áreas de proteção ambiental e de conectividade entre elas. Sem isso, a biodiversidade está em risco e a nossa qualidade de vida também”, destaca Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil.

Leia também:
300 espécies de primatas estão à beira da extinção
Humanidade destruiu 10% das áreas selvagens do planeta nos últimos 25 anos
Extinção ameaça maior primata do mundo
Fotógrafos internacionais se reúnem nas redes sociais em alerta sobre a extinção em massa dos animais

Fotos: divulgação WWF/Brendan Stirton (abertura) e Richard Barret (tigre de bengala) 

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.