Se você assistiu ao documentário Marcha dos Pinguins, de 2015, tem uma leve noção de quão difícil é a vida dos pinguins na Antártica. Pais e mães enfrentam as situações climáticas mais adversas para poderem se reproduzir e cuidar da família. Bem, uma nova descoberta traz ainda mais luz sobre o sacrifício que essas aves fazem para procriarem.
Pesquisadores que estudavam os pinguins-de-barbicha (Pygoscelis antarcticus) na Ilha do Rei George descobriram que eles não têm um período de sono profundo, mas brevíssimas sonecas ao longo do dia – mais especificamente, cerca de 10 mil delas, que duram poucos segundos.
O objetivo dessas curtíssimas sonecas é manter a atenção nos ninhos, nos ovos e nos filhotes recém-nascidos. Ao somar todos esses curtos fechar de olhos, os cientistas acreditam que o pinguim-de-barbicha consiga “dormir” algo em torno de 11 horas diárias.
“Seu sucesso reprodutivo sugere que essa estratégia lhes permite ter o sono que precisam”, dizem os pesquisadores em artigo publicado na revista Science.
Foi durante uma expedição à Antártica em 2014 que Won Young Lee, ecólogo comportamental do Korea Polar Research Institute, percebeu pela primeira vez esse abrir e fechar dos olhos dos pinguins-de-barbicha.
Em cativeiro biólogos já tinham notado que outras espécies de pinguins apresentavam um sono curto e interrompido, mas não se sabia como era o comportamento na vida selvagem.
Colônias de pinguins são locais extremamente barulhentos e caóticos, com milhares desses animais juntos, e alertas para a ação de predadores.
Os pesquisadores envolvidos na análise na Ilha do Rei George monitoraram 14 indivíduos, nos quais foram acoplados temporariamente pequenos aparelhos, e à distância examinaram suas ondas cerebrais. O mais surpreendente é que mesmo durante essas sonecas que duravam aproximadamente 4 segundos, eles conseguiam chegar ao sono de ondas lentas, o terceiro estágio antes do sono profundo, e importante para a restauração física.
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Foto de abertura: US National Oceanic and Atmospheric Administration/wikimedia commons