“Navegar” pelo perfil do fotógrafo Rafael Mesquita, no Instagram, traz uma paz e uma vontade enorme de passar um tempo velejando no mar. Quando passo por sua página, me perco, mesmo em vídeos que já assisti. E um deles não me sai da cabeça, por isso o resgato agora, depois de duas semanas de sua publicação. Embalada por uma deliciosa música oriental, muito bem escolhida, uma água-viva gigante e rara parece dançar, acompanhada de minúsculos peixes, que nela se abrigam, certamente para se protegerem de predadores e se alimentarem.
O encontro se deu nas águas da Ilha do Montão de Trigo, no limite entre as cidades de São Sebastião e Bertioga, no litoral norte de São Paulo. Rafael tinha acabado de chegar à ilha, e se preparava para ancorar o barco quando “vi algo se mexendo, a pouco mais de um metro de profundidade, e achei que fosse uma tartaruga, mas ela não nadava, então resolvi ver”, contou ao G1. “Mergulhei com a maior água-viva que já vi!”, exclamou na rede.
Segundo ele, uma corrente marítima muito fria – “de 15,5⁰C na superfície!” – e uma água bem turva encostou na ilha e, certamente foi o motivo que trouxe diversos indivíduos da espécie àquele local, para sua sorte.
E, apesar do perigo, o fotógrafo se aproximou dela para saber mais. Seu diâmetro era de aproximadamente 60 cm e seus tentáculos, muito finos e compridos, passavam dos 10 metros de comprimento.
De acordo com Alberto Lindner, professor do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o indivíduo encontrado por Rafael é de uma espécie muito rara batizada de Drymonema Gorgo em alusão às górgonas da mitologia grega.
“É uma espécie que tem pouquíssimos registros, apesar de ela ser considerada a maior água-viva encontrada no Brasil”, explicou o cientista ao G1. Desde 1857 – quando a espécie foi avistada pela primeira vez – até hoje, há somente 63 registros do animal.
Lindner explicou que, em geral, a maior parte dos registros dessa água-viva se concentram na região de Cabo Frio e de Arraial do Cabo, no litoral sul do Rio de Janeiro, região onde ocorre um fenômeno conhecido como ressurgência, que é o afloramento de águas profundas, geladas e ricas em nutrientes para as camadas superficiais do oceano. Provavelmente, foram elas que trouxeram esse ser maravilhoso à superfície.
A Drymonema Gorgo integra a lista de águas-vivas que “se envolvem” em acidentes com humanos, no entanto, são muito raros como ela.
A seguir, assista ao vídeo produzido por Rafael Mesquita e publicado no Instagram:
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Foto (destaque): reprodução do vídeo de Rafael Mesquita, no Instagram
Com informações de Rafael Mesquita e G1