Quanto estão na faixa dos 25 anos, as mulheres brasileiras ganham, em média, 10% menos do que os homens. Dez anos depois, ao completarem 35 anos, esta diferença aumenta ainda mais e chega aos 20%. E quando comemoram seus 40 anos, o salário deles é 22% do que o delas. A disparidade só será reduzida na faixa dos 50 anos, quando cairá para 18%.
Os dados fazem parte de um estudo inédito conduzido pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Um dos pontos que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi constatar que, além da idade, o nível de escolaridade também conta contra a mulher. Quanto mais educadas elas são, maiores são as diferenças salariais com eles.
A pesquisa revela, por exemplo, que mulheres na faixa dos 40 anos, sem diploma de ensino médio, ganham cerca de 28% menos que seus colegas com o mesmo nível educacional. Mas quando ambos têm nível universitário, o salário deles chega a ser 47,4% mais alto.
É simplesmente inacreditável que mesmo investindo em mais estudo e profissionalização, trabalhadoras brasileiras continuem tendo salários menores. Parece que o que deveria ser um diferencial acaba se tornando uma desvantagem no currículo delas.
Um dos motivos tido como possível explicação para esta discrepância de remuneração no mercado trabalho pode ser porque entre os 20 e 40 anos a mulher está em sua idade fértil e isso faz com que muitas empresas – lamentavelmente – invistam menos em suas colaboradoras do sexo feminino, ao acreditar que a maternidade poderá ter alguma influência negativa na sua produtividade.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016, divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traz ainda mais números para evidenciar a desigualdade de gêneros no país.
O levantamento revela que, apesar das mulheres representarem mais da metade da população em idade de trabalhar, os homens preencheram 57,5% dos postos de trabalho.
Além disso, de forma mais ampla do que o estudo da FGV, a pesquisa do IBGE calcula que, no ano passado, as mulheres receberam, em média, R$ 1.836, o equivalente a 22,9% menos do que os homens (R$ 2.380).
Na região Sudeste é onde a diferença entre os salários ‘deles’ e ‘delas’ fica mais gritante: mulheres ganharam 28,3% menos do que os homens.
Até quando?!
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Foto: domínio público/pixabay