Velho Chico, o Rio

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Aproveitando a dramaturgia televisiva – me refiro à novela “Velho Chico” exibida pela TV Globo às XXXX -, venho falar de um lugar que clama por atenção. Ou melhor, clamava, pois seu futuro agora é incerto e obscuro. O Rio São Francisco.

Há alguns anos, publiquei um livro retratando um pouco sobre este rio fantástico e misericordioso. Foi  uma compilação de imagens produzidas ao longo de mais de duas décadas. Em verdade, minha relação com o rio remonta dos meus tempos idos de mochileiro.

Em 1989, subi o rio “caronando” num barco que transportava minério em toda sua extensão navegável. Naquela época, meu fascínio por aqueles cenários sertanejos sobrepôs qualquer insight sobre o temor que rondava os ares do rio. Soube depois que este barco já não navegava, por conta de um grave assoreamento.

Após uma década percorri o rio, da nascente à foz, e já como fotógrafo profissional documentei os paraísos e tristezas que rondam o mundo do Chico ao longo de três meses de viagem. Às voltas com o Programa de Revitalização do Rio, voltei a serviço do Ministério do Meio Ambiente e refiz o mesmo trajeto. Algumas centenas de imagens a mais, novos gritos silenciosos do rio, suas margens, seus moradores humanos e faunísticos. Mas também encontrei o prazer da cultura sertaneja, a e a coragem de encarar um ambiente árduo e quente.

Com um enorme trabalho pela frente – compilar uma centena de fotos que pudesse representar o fantástico universo deste que é certamente um dos mais importantes rios brasileiros -, enveredei pela escrita, juntando informações atuais e históricas, e traços dos diversos diários de bordo que escrevi nas viagens de outrora.

Reza a lenda que um missionário, há muitos e muitos anos atrás, ao chegar no Vale do rio profetizou: “Que sermão imenso é por si mesmo toda esta terra!”. Sem negar abrigo nem descanso a todos que dele se fizeram necessitados, mesmo com todas as agruras vividas desde os tempos imemoriais, assim é, e continuará a ser, o Rio São Francisco. Velho Chico, para os íntimos.

Agora, as informações técnicas da foto que ilustra este post:
– Câmera F3, mecânica
– Lente 50mm, 1.4
– Filme Kodak P&B TriX 400

Um comentário em “Velho Chico, o Rio

  • 17 de outubro de 2016 em 8:11 PM
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    Os muitos movimentos da arte e uma imagem fala mais que mil palavras. A arte da fotografia é uma das belas homenagens que se faz usando a tela onde o pintor coloca no papel os personagens que vão sendo criados através da imaginação. Todos os movimentos da arte faz parte da memoria afetiva de uma geração. Nos anos 80 os portões do Palácio das Artes em BH foram abertos e ele fez um belo espetáculo para seu publico e as marcas do tempo mexe com as emoções. Nos laços sagrados do matrimonio o noivo recebe do pai as mãos da noiva amada e os portões da poesia foram abertos, para que certos poetas pudessem deixar um rastro de luz, amor e paz por onde passaram. Uma estrela guia vai sempre guiar e as luzes do palco vão sempre brilhar para quem faz dos palcos da vida um altar e ensina a todos a arte de amar. As canções do poeta falava da emoção de unir corações em nobres ideais de amor e paz. Ilustres poetas passaram pelo grande Teatro Francisco Nunes e pelo Palácio das Artes e quão sublime é prestar homenagens a estes notáveis poetas que transbordaram os nossos corações de amor, poesia e luz .

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Adriano Gambarini

Geólogo formado pela USP e especializado em Espeleologia, é fotógrafo e escritor desde 1992 e um dos mais ativos profissionais na documentação de projetos conservacionistas e etnográficos da atualidade. Autor de 13 livros fotográficos, dois de poesia e centenas de reportagens publicadas em revistas nacionais e estrangeiras. Ministra palestras e encontros sobre fotografia, conservação e filosofia de viagem.