Este pedaço do paraíso é, na real, o lugar mais arriscado do mundo

Vanuatu - Este pedaço do paraíso é, na real, o lugar mais arriscado do mundo

O paradisíaco Vanuatu, um arquipélago melanésio de 12 mil quilômetros quadrados com praias de areia branca e mar azul-turquesa, acaba de ser eleito o lugar mais arriscado do mundo para viver – pelo quarto ano consecutivo. A indicação foi da organização alemã Aliança para o Desenvolvimento e da Universidade das Nações Unidas, que publicou nesta semana o Relatório Mundial de Risco 2015. Mas a cortesia é da mudança climática.

Vanuatu ficou na primeira posição entre os países mais expostos e mais vulneráveis a desastres naturais no Índice Mundial de Risco, divulgado desde 2011. Dos dez primeiros colocados, três são nações insulares do Pacífico (além de Vanuatu, Tonga e Ilhas Salomão). O índice mede a exposição dos países a eventos extremos como inundações, terremotos, secas, tempestades e aumento do nível do mar, por um lado, e a capacidade de resposta e adaptação de cada um, do outro.

A combinação entre alta vulnerabilidade natural e pobreza faz com que, em Vanuatu e em outros países em desenvolvimento, eventos climáticos extremos se transformem em desastres naturais. Também estão na lista, entre as dez primeiras posições, as Filipinas, Bangladesh, a Costa Rica, Timor Leste e a Guatemala.

O único país desenvolvido na lista dos 20 com maior risco de desastres é o Japão (17a posição). O país tem alto grau de exposição a desastres geológicos como terremotos, mas baixíssima vulnerabilidade e muita capacidade de resposta – como se viu em 2011, quando o país foi vitimado pelo pior terremoto da história e se reconstruiu em pouco tempo.

No caso das nações insulares do Pacífico, a mudança climática é o principal fator adicional de exposição. Esses países ficam próximos do nível do mar, e a elevação dos oceanos por conta do aumento das temperaturas – que derrete geleiras e faz o próprio oceano se expandir – aumenta a frequência de inundações fortes, principalmente durante ressacas. Foi o que aconteceu em 2015, quando Vanuatu, Tuvalu e outros países-ilhas foram atingidos pelo ciclone Pam, uma tempestade de categoria 5 que matou pelo menos 15 pessoas e deixou US$ 360 milhões em prejuízos.

O Brasil foi um dos países que melhoraram no índice entre 2014 e 2015. O país subiu cinco posições no indicador de vulnerabilidade, graças à melhora na capacidade de adaptação – que o relatório atribui a um aumento nos gastos com saúde e uma redução na taxa de analfabetismo. O país passou de “vulnerabilidade média” para “vulnerabilidade baixa”.

Texto publicado originalmente no site do Observatório do Clima.

Foto: Phillip Capper/Creative Commons

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Observatório do Clima

Fundado em 2002, o OC é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com mais de 70 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil