Quem acompanha meus posts, aqui, no Conexão Planeta, já percebeu que negócios de impacto, ou negócios sociais, estão entre os últimos assuntos abordados.
Esse é um campo relativamente novo no Brasil, mas que vem se desenvolvendo, assim como em diversas outras partes do mundo, a partir do princípio de que é possível solucionar problemas sociais e/ou ambientais, remunerar adequadamente a cadeia produtiva e ainda ter retorno financeiro.
A equação é complexa e envolve uma pluralidade de atores, como governos, empresas, terceiro setor, investidores, aceleradoras, incubadoras etc. Mas tem se estruturado no país de modo bastante promissor.
Pois, hoje, o meu convite é conhecer um pouco mais sobre esse ecossistema. E a dica pra isso é uma só: leia!
Aproveitando o início do ano, fiz uma curadoria de conteúdo pra quem quer entender um pouco mais sobre como esse campo vem se estruturando no país.
No Brasil, a Aliança pelo Impacto – que trata de investimentos e negócios de impacto -, tem avançado no sentido de estruturar e conformar esse ecossistema. Esse é um bom ponto de partida para entender melhor o assunto e a atuação dos diversos atores. O site traz diversas publicações e lá é possível entender, de maneira direta, como se estruturam esses negócios e quem são os atores envolvidos no campo de atuação.
Na área pública, o guia Gestores municipais compram soluções de negócios de impacto busca responder por que os gestores municipais devem prestar atenção aos negócios de impacto. A publicação tem o objetivo de mobilizar gestores públicos municipais a assumirem seu papel de compradores de produtos e serviços de negócios de impacto.
A lógica é razoavelmente a mesma de políticas públicas e legislações que vêm incentivando a priorização de compras da agricultura familiar para a merenda em escolas, ou mesmo de produtos e serviços fornecidos por empreendimentos de economia solidária.
O impacto socioambiental de compras como essas pelo governo é grande. E é um desafio transpor a lei de licitações padrão, que estabelece como critério para compras públicas o menor preço e ponto. Qualificar esse ‘menor preço’ a partir do impacto que se pode causar é o caminho.
Ainda na área de gestão pública, o Brasil, de modo inovador, possui uma Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (ENIMPACTO), que é uma articulação de órgãos e entidades da administração pública federal, do setor privado e da sociedade civil com objetivo de promover ambiente favorável ao desenvolvimento de investimentos e negócios de impacto. O país é pioneiro no desenvolvimento de legislação sobre o tema.
A relação entre organizações da sociedade civil e negócios de impacto tem também sido tema de bastante debate, em especial sobre modos de assegurar a sustentabilidade financeira a partir da criação de produtos e serviços voltados para o mercado. A publicação Lições da Prática – Reflexões sobre os elos entre o terceiro setor e o campo de negócios de impacto é uma boa iniciação sobre esse tema.
Para um olhar sobre os negócios de impacto hoje em atuação no pais, recomendo a leitura da publicação Retrato dos pequenos negócios inclusivos e de Impacto no Brasil, elaborada pelo Sebrae, que detalha mais de 800 casos de empreendedores de negócios inclusivos e de impacto social.
O mapa de negócios comunitários sustentáveis elaborado pela ConexSus aponta localização e informações sobre quem são e o que produzem. Veja também o mapa de negócios de impacto social + ambiental, realizado pela Pipe Social.
Estas são minhas indicações para o começo dessa conversa.
Negócios de impacto estão ao lado de outras iniciativas – como as de capital filantrópico (doações a organizações da sociedade civil) e a economia solidária – como modos menos predatórios, mais inclusivos e justos de girar a economia. Não são excludentes, mas complementares.
Neste blog, continuarei contando histórias e divulgando informações que mostram que, cada vez mais, inovação e parcerias, muitas vezes inusitadas, têm proporcionado avanços importantes na conformação dessa nova economia.
Foto: Slava Bowman/Unsplash