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Uma vez sem rosto

uma vez sem rosto

Uma vez sem rosto, uma vez sem corpo. A nudez da intenção e da forma. Um sim e um não esvaziados. Sem fato.  Um ato de coragem colocar um nada na cara e sair por aí a reavaliar conceitos, construir histórias, arremedar um sem par de memórias. Deixar o novo marcar o vazio. Um novo que se repete. Um antigo que permanece… Há que se deixar mudar. Há que se buscar outra referência.

Há que reaprender. E há que não esquecer para justamente rever. Reacender outros focos. O que será de nós se não deixarmos nascerem outras ideias? Se não experimentarmos novos sabores, gestos e atitudes?

Horta encantada
Legumes, temperos
Cheiro de flor
Hoje é dia de festa no jardim!


Falo, sei lá, de novas formas de se alimentar, de novas atitudes com o meio ambiente. Essas coisas que não fazemos porque ficam embaladas no caixote da nossa preguiça. Não nos educamos e não educamos nossas crianças.

Por que a educação ambiental é tão precária nos currículos escolares? Está mais do que na hora de as diversas áreas do conhecimento se unirem num discurso ecológico que enxergue a profunda ligação entre a educação, saúde pública e problemas socioambientais.

menina moleque, sobe em árvore, livre para entender o mundo

Menina moleque,
Sobe em árvore,
Livre para entender o mundo.

Construir uma base mais sólida, sem tanto furo no futuro, tem que ser uma missão da sociedade. Um passo que se justifique. Uma trilha que dê em sustentabilidade, que nos enrede em justiça social. Que nos garanta árvores para subirmos.

Lagos para nos esbaldarmos.

 Fitas, cores, saias, leques
Tiaras e vestidinhos
Leves e soltas para espalhar pelo caminho.

A exposição Poema sem Rosto” é esse sem fim de possibilidades. A artista curitibana Ivana Lima explica essa vontade de se mostrar – e de nos mostrar – sem face.

“Talvez, ao olhar para essas gravuras sem rostos, sejamos remetidos à nossa própria infância, a algum episódio, momento ou mesmo sentimento que estava guardado no nosso baú de memórias. Mas, através dessas imagens despersonificadas, também proponho que possamos, além de enxergar a nós mesmos, descobrir uma infância sem identidade“, diz. “E, na falta dela, vivenciar um processo de ‘reumanização’ dessas crianças, dando-lhes, através da ausência de rosto, a possibilidade de ser mais do que apenas um número de identificação nas carteiras escolares.”

A vida é música,
Ritmo e poesia,
Amolece os dissabores
Do dia a dia.

Cada obra ganhou um pequeno texto poético da amiga Darya Goerisch.

A partir de fotos antigas suas e de amigos, Ivana pinta a falta que oferece a chance de novo preenchimento, outra fisionomia, outra expressão. O verdadeiro botox. O que nasce de dentro. Não mais a boca. Mas o que se fala. Não mais o olho, mas o que se enxerga. Novos cheiros e sons para afagar nariz e ouvidos. Feito criança que percebe pela primeira vez.

Mas, somos adultos e precisamos poder escolher o que nos molda. Temos que nos dar essa chance. Jogar fora o que faz mal para nós. Para o planeta. Um lixão de sentimento e dor resignificados. Enterrar, reciclar. Melhor do que sair por aí produzindo falsa alegria consumista que vai parar nos aterros entupidos e sem espaço. Tava até sem cara de dizer isso para vocês mais uma vez, mas agora foi…

Os pensamentos me projetam
para outra galáxia,
Outro planeta,
Para o outro lado da rua…

Exposição de gravuras digitais  “Poema sem Rosto” 
Data: até 26 de março de 2017
Horário: de terça a sexta-feira, das 9h às 18h e aos sábados e domingos, das 10 às 16h.
Local: Museu Alfredo Andersen
Endereço: Rua Mateus Leme, 336 – São Francisco / Curitiba-PR
Informações: (41) 3222-8262 / 3323-5148
Entrada gratuita

Imagens: divulgação da artista 

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