Um é invasor, outro é nativo. Adivinha quem está ganhando a batalha?

Um é invasor, outro é nativo. Adivinha quem está ganhando a batalha?

Eles são pequenos, rápidos e adoráveis. Ainda mais para quem vive em países onde esquilos não são nativos, encontrar um (ou vários) é sempre uma experiência inesquecível. Comuns no Hemisfério Norte, eles são divididos em diferentes espécies, como outros animais.

No Reino Unido, o nativo é o esquilo vermelho (Sciurus vulgaris), o do lado esquerdo na foto acima. E o cinza (Sciurus carolinensis), na direita, é o invasor. Acredita-se que tenha sido levado para a esta região ainda na era vitoriana, em meados do século XIX, originários provavelmente dos Estados Unidos ou Canadá.

Atualmente são mais de 3,5 milhões de esquilos cinzas espalhados ao norte do Reino Unido, entre áreas da Inglaterra e Escócia. Já dos vermelhos nativos sobram apenas 140 mil.

Assim como outras histórias de espécies invasoras que provocam o desaparecimento dos similares nativos, o Sciurus carolinensis é maior, se reproduz mais jovem e rapidamente e acaba comendo todo o alimento do Sciurus carolinensis – consegue também armazer gordura por mais tempo. Para piorar a situação, o esquilo cinza é portador de um tipo de varíola, à qual ele é imune, mas infelizmente, o vermelho não é. O vírus já matou milhares de animais.

Com pouquíssimos indivíduos ainda sobrevivendo livres na natureza, mas em áreas isoladas, o esquilo vermelho, tão querido pelos ingleses, é considerado em risco de extinção.

Para garantir que a espécie nativa não desapareça, são realizadas diversas campanhas, que estimulam, inclusive, a morte dos invasores, já considerados “uma infestação”. No começo deste ano, uma delas, promovida pelo Wildlife Trust, órgão responsável pela proteção da vida selvagem no Reino Unido, fez um censo dos esquilos vermelhos e ensinou a população a como matar os invasores.

Apesar de cruel, biólogos afirmam ser esta a melhor solução. Testes comprovaram que áreas onde os cinzas dominavam antes, foram repovoadas pelos vermelhos, depois que os primeiros foram retirados.

Esquilos cinzas se alastraram de tal maneira no Reino Unido
que já são considerados uma “praga”

Algumas entidades protetoras de animais criticam a medida, mas especialistas afirmam que infelizmente, esta é a melhor solução, já que os esquilos invasores foram introduzidos no Reino Unido pelo ser humano.

Além de ser um concorrente voraz contra a espécie nativa, o esquilo cinza é prejudicial à biodiversidade britânica. Ele retira a casca de árvores nativas como carvalhos e castanheiras, podendo matá-las, dependendo da extensão do machucado no tronco.

Outra medida analisada pelo Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Agricultura do Reino Unido, no início de 2017, foi o uso de anticoncepcionais. O curioso, entretanto, foi a maneira escolhida para atrair os pequenos animais a ingerir o medicamento: colocá-los dentro de nutella. Isso mesmo, nutella, já que eles são loucos por avelã.

Os invasores de Fernando de Noronha

No Brasil, também há uma história similar à britânica. Para tentar controlar a população numerosa de ratos e camundogos na ilha de Fernando de Noronha, “importados” ali provavelmente pelos navios colonizadores, na década de 60, decidiu-se introduzir no local um tipo de lagarto: o teju, que seria um predador para os roedores.

Acontece que as duas espécies têm hábitos diferentes. Os ratos são animais noturnos e os lagartos, diurnos. Como nunca se encontravam, Fernando de Noronha passou a ter dois invasores para combater.

O teju começou a se alimentar de ovos de aves e até, de tartarugas, provocando um grave desequilíbrio ambiental na ilha.

Nos últimos anos, entretanto, é realizado um sério trabalho para tentar controlar o réptil e assim, diminuir o número de indivíduos no local.

Fotos: domínio público/pixabay (abertura) e wikimedia (teju)

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.