Tudo pela Amazônia

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Hoje, escrevo não para divulgar mais um crowdfunding que você poderia apoiar, mas para contar uma história muito inspiradora que depende de financiamento coletivo para ter continuidade e que merece atenção.

É a história da jornalista Karina Miotto que, neste momento, estuda no Schumacher College (em Totnes, no Reino Unido) para se capacitar e dar continuidade – com mais excelência – ao lindo projeto que criou para tentar salvar a Amazônia. Isso mesmo! Salvar a Amazônia. Explico.

Karina nasceu em São Paulo, mas tem o coração, os pés, a cabeça e seu propósito de vida naquela floresta. Desde que a conheci – foi em 2010, em um curso sobre biodiversidade promovido pelo Planeta Sustentável, da Editora Abril; eu dirigia o site deste projeto  –, ouço essa moça de estatura pequena, olhos grandes, cabelo rebelde e sorriso largo falar da imensidão e da importância da floresta mais querida (e maltratada) do mundo. Confesso (viu, Ka?) que, em alguns momentos, cheguei a achar exagerado tanto amor por um pedaço de Brasil, mas compreendi que, na vida da Karina, tudo só pode ser intenso assim. E capitulei.

Então, estou aqui para contar que ela está estudando no Schumacher College – a convite de um de seus fundadores, Satish Kumar, e aconselhada pelo líder espiritual, Prem Baba – para se aperfeiçoar e prosseguir com seu projeto Reconexão Amazônia , com o qual dissemina informação sobre a região e também leva qualquer habitante da Terra para conhecer e “mergulhar” na atmosfera mágica daquele lugar.  Afinal, a gente só protege o que conhece, não é? E sua ideia é levar cada vez mais gente para conhecer e se apaixonar – ah, sim, é impossível voltar de lá sem cair de amor por aquela região – pela Amazônia.

Mas não é só isso: como ótima jornalista que é, quer espalhar tudo que sabe – e ainda descobrirá – por meio de um blog, que deve lançar em breve, e também de uma série bem humorada de vídeos chamada Perigos na Selva – Porque a Gente Merece Saber a Verdade e lançada em 18/9 em parceria com o Estúdio Zip. Karina explica: “Esta é uma iniciativa minha e da Patrícia Tebet, com inspiração inicial de Fernanda Cortez, para que as pessoas parem de acreditar em bobagens sobre a floresta amazônica”.

Voltemos, então, ao crowdfunding: na verdade, ele não é de hoje. Foi criado pela Karina em agosto deste ano, no site Indiegogo. Só que ela conseguiu arrecadar apenas parte do montante de que precisava – dá pra imaginar o quanto é caro estudar no Schumacher e se manter lá, mesmo com bolsa de estudos? E esta semana, não resisti ao relato emocionado que ela escreveu em sua página no Facebook para contar que criou um novo financiamento, na mesma plataforma: Parte 2 – Supporting Amazon forest through Karina –, do contrário, será impossível dar continuidade aos estudos.

“Juro que não queria ter que começar um crowdfunding de novo para poder pagar meus estudos por aqui, mas por incrível que pareça, toda minha grana + bolsa da escola + primeiro crowdfunding + depósitos de anjos na minha conta ainda não foram suficientes pra pagar a bolada de 22,521 pounds”, desabafou. “Desta vez, não vou ficar soltando mil mensagens, não posso fazer isso. Ou eu estudo pra honrar todo dinheiro e esforço depositados em mim e por mim até esse momento, ou foco no crowdfunding – sem falar que, em breve, vou lançar um blog que tô adiando desde que essa história toda do mestrado começou, mas o blog também me pede pra nascer. Faz parte da missão de reconectar, não posso mais adiar o lançamento”.

Sei que muita gente tem lançado mão do financiamento coletivo para fazer seus projetos, o que vulgarizou a prática. Daí vem parte do insucesso da campanha da Karina, acredito. Afinal, ela conhece tanta gente!!! Contou com a colaboração de amigos, professores do próprio Schumacher e ativistas para divulgar sua ação, mas certamente pode contar com a força de muito mais pessoas pelo mundo.

E, antes que alguém pense que ela deveria pedir empréstimo no banco pra resolver isso mais fácil, já reproduzo o que ela disse no Facebook em resposta a essa proposta: “Nem pensar! Sabe porque? Primeiro e mais importante: tem muita gente com condições financeiras de me apoiar, em todo o mundo. Não há falta de dinheiro, muito pelo contrário. Então, prefiro botar fé na abundância. Entendo que nem todos podem; eu mesma tenho pedido esta contribuição porque não tenho mais de onde tirar. Mas é importante dizer: falo isso consciente do meu ato de abundância e fé ao desapegar da poupança por algo maior. Porque é algo maior. É para além de mim mais esse salto que estou dando. Segundo ponto: eu jamais pagaria juros a bancos. Por razões óbvias, eles não merecem e eu não mereço carregar o peso de uma dívida maior do que o que eu de fato preciso. Ao sair daqui, minha energia precisa ir pra outro lugar”.

É por tudo isso que estou aqui contando sua história. Então, mesmo que você tenha ojeriza a crowdfunding ou não possa (nem queira) colaborar com dinheiro, espalhe a ideia da Karina! A Amazônia precisa de todos nós e ela é uma das ativistas mais competentes e preparadas para lutar por sua proteção.

O retrato que ilustra este post foi usado por ela no Facebook quando divulgou o novo pedido de financiamento coletivo. O incluí aqui porque passa a alegria, a beleza e a luz que a acompanham, sempre. Mas, também, porque no dia de sua publicação na rede social, ela estava um pouquinho sem ânimo com a possibilidade de ter que abandonar seus estudos e disse ter escolhido a imagem para levantar o astral: “Essa foto é de quando andei de voadeira na Amazônia pela primeira vez, em 2006, pra dar uma animada. Vai Karina!!”. Vamos com ela?

Para finalizar este texto, selecionei alguns vídeos que ilustram melhor a jornada da jornalista mais apaixonada pela Amazônia que eu conheço e explicam porque vale se engajar em sua causa. Por último, vídeo do Schumacher College para quem ainda não conhece seu trabalho.

Campanha de crowndfunding:

Em entrevista à Karina, Prem Baba falou da importância da reconexão com a Amazônia (com legendas em português):

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.