#ToyLikeMe: por um Natal mais inclusivo para 150 milhões de crianças

campanha de Natal #ToyLikeMe pede a inclusão das crianças com deficiência
Elas são como qualquer outra criança. Gostam de brincar, correr, esperam ansiosamente pela noite de Natal. Mas às vezes, têm uma pequena diferença, justamente aquilo que as faz tão especial aos olhos de quem as ama e tanto as admira: são as crianças portadoras de algum tipo de deficiência.

No mundo todo, estima-se que sejam 150 milhões. Meninos e meninas cegos, surdos, cadeirantes, com alguma má formação congênita ou então, que sofreram algum acidente ainda durante a infância.

Apesar de serem tantos e tão especiais, estas crianças não estão representadas nos produtos fabricados pela indústria de brinquedos. Quantas vezes você já viu uma boneca numa cadeira de rodas? Um super-herói de muleta? Um boneco com um aparelho de audição? Ou uma Barbie com síndrome de Down?

Ao não fazerem parte do universo dos brinquedos infantis, estas crianças – da vida real – enfrentam ainda maior dificuldade para se sentirem incluídas na sociedade: nas escolas, nas ruas, no bairro, no condomínio onde moram. Nas brincadeiras com os amigos.

Elas acabam sendo invisíveis para a comunidade e certamente o são para as empresas de brinquedos. Para mudar esta situação, foi lançada a campanha #ToyLikeMe (Brinquedo Como Eu, em tradução livre), que pede às empresas fabricantes de brinquedos que enxerguem as 150 milhões de crianças com deficiência ao redor do mundo.

Uma das primeiras ações da #ToyLikeMe é um movimento para fazer com que a gigante dinamarquesa Lego, dona dos mais famosos bloquinhos de montar do planeta, crie personagens com deficiência.

Em artigo publicado no The Guardian, Rebecca Atkinson, jornalista britânica e confundadora da iniciativa, diz que apesar da Lego ser a maior fabricante mundial de brinquedos, com vendas anuais de 2,8 bilhões de euros, a marca simplesmente ignora os milhões de meninas e meninos portadores de deficiência.

Rebecca cita um experimento realizado nos Estados Unidos nas décadas de 30 e 40. Bonecos com a cor de pele branca e negra eram mostrados para crianças de diferentes raças. Os resultados foram chocantes. As bonecas brancas eram tidas como “boazinhas e mais bonitas” e as negras como “feias e más”. Esta era a percepção dos menores. “Para crianças com deficiências, seria importantíssimo para sua autoestima se verem refletidas numa marca como a Lego. Significaria que a empresa as apoia, acredita nelas e elas fazem parte do negócio”, escreveu a jornalista no texto do The Guardian. “Já para as crianças sem deficiência, ver uma marca como a Lego celebrar a diversidade humana, ajudaria a criar uma atitutde mais positiva quando elas encontrassem alguém diferente na vida real. É uma situação em que os dois lados ganham – somente a Lego não parece ver isto”.

Para pressionar a marca nesta questão, a #ToyLikeMe criou uma campanha no site Change.org para conseguir assinaturas para que a Lego mude sua posição e produza personagens com deficiência. Você também pode entrar diretamente na página da empresa e votar no projeto que mostra um Papai Noel e uma fada madrinha em cadeira de rodas.

Em maio deste ano, a #ToyLikeMe conquistou sua grande vitória quando a marca britânica Makies, que faz bonecas customizadas e impressas em 3D, lançou a primeira linha com personagens com deficiências: uma delas usava bengala, outra um aparelho de audição e a terceira tinha uma mancha no rosto, similar a quem tem vitiligo (veja a imagem mais abaixo).

Vamos lá, Lego! Mostre ao mundo que você se preocupa com a inclusão e deixe mais alegre o Natal de 150 milhões de crianças! Participe você também deste movimento. Espalhe a hashtag #ToyLikeMe nas suas redes sociais.

bonecas Makies na campanha de Natal da #ToyLikeMe


Fotos: divulgação #ToyLikeMe

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.