Tecido biodegradável pode virar adubo para a horta… e menu gourmet!  

Tecido biodegradável pode virar adubo para a horta... e menu gourmet!  

A cada mil toneladas de tecidos e roupas jogadas no lixo todos os anos, cerca de 95% poderia ter sido reciclada. Infelizmente, não é isso que acontece. A indústria da moda é uma das mais poluentes do planeta. Na realidade, fica em segundo lugar, atrás apenas da petrolífera no quesito “insustentável”. Além de utilizar um volume assombroso de água e energia para a produção de novas peças, grandes marcas incentivam o consumo desenfreado dos consumidores. A mensagem é “comprar, comprar, comprar”.

Mas nem todas as marcas são assim. A sueca Houdini tem como missão ser a “loja mais verde do mundo”. Atualmente, 91% das roupas e acessórios que fabrica é feito com material reciclável, reciclado, renovável ou biodegradável.

Para provar que seus tecidos são realmente biodegradáveis, a Houdini resolveu fazer um experimento. Durante seis meses, peças feitas com lã natural e seda passaram por um processo de compostagem, juntamente com lixo orgânico. Ao se tornar adubo, este fertilizante natural foi jogado na terra e ajudou no cultivo de diversos legumes.

O tecido em processo de compostagem

Os alimentos, que tiveram como adubo as peças da marca sueca, serviram de base para o cardápio vegetariano de um chef premiado no país. Sebastian Thureson criou quatro pratos, entre eles, “caldo de cogumelos de lã de morino defumada com ovos” e “beterraba assada em sal com queijo de cabra sueco e black currant”.

Prato do menu gourmet: adubo feito com restos de tecido natural

Moda sustentável

Fundada em 1993, a Houdini é fabricante de roupas esportivas, principalmente para atividades ao ar livre, como montanhismo e ski. Ao desenvolver uma nova peça, funcionalidade e sustentabilidade sempre estão em primeiro lugar. “Nossa meta é ser 100% sustentável”, afirma Eva Karlsson, CEO da empresa. “A era dos tecidos não-sustentáveis precisa acabar”.

A experiência com o tecido biodegradável foi mais uma maneira da marca mostrar que já existem tecnologias “verdes” no mundo da moda. “Acho que ao divulgar soluções, no lugar de só falar dos problemas, as pessoas realmente escutam o que estamos dizendo”, diz Eva.

A confecção de um tecido 100% natural não foi fácil. Foram necessários quatro anos de pesquisa. “Queríamos uma fibra orgânica pura, que pudesse voltar para a natureza, sem químicos, que na verdade, nem deveriam fazer parte de nosso guarda-roupa”. Para conseguir desenvolver a lã com seda, os designers da Houdini estudaram a fundo a composição de fibras.

As peças são fabricadas com material reciclável, reciclado,
renovável ou biodegradável

Além do investimento no desenvolvimento de tecidos mais naturais, as lojas da Houdini são todas comprometidas com a sustentabilidade. No showroom na cidade de Gotemburgo, por exemplo, todos os resíduos da obra de reforma foram separados e reciclados, a iluminação é com lâmpadas LED, há um jardim vertical na fachada e um bicicletário para os clientes. Detalhe: no bicicletário, há ferramentas e calibrador para quem precisa dar uma arrumada na bike.

Além disso, a Houdini vende peças usadas da marca nas lojas próprias, aluga – sim, isso mesmo, aluga – casacos e outros acessórios e faz reparos de costura. A ideia é estimular ao máximo o consumo consciente!

Atualmente a marca sueca possui lojas e representantes nos principais países da Europa, Ásia e também, nos Estados Unidos. Os clientes são tão fiéis e ativistas de carteirinha, que são chamados de “houdinianos”. Quem não seria, certo, com uma loja bacana e consciente como esta?

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Fotos: divulgação Houdini

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.