Seres de seis dos abismos mais profundos dos oceanos têm plásticos em seus organismos

Seres de seis dos abismos mais profundos dos oceanos têm plásticos em seus estômagos

Os abismos dos oceanos são lugares inóspitos. No fundo do mar, numa escuridão eterna, vivem criaturas das mais diferentes formas e hábitos. Muitas delas ainda desconhecidas pela Ciência, mas pelo o que os cientistas acabam de descobrir, elas já sofrem o impacto da presença do homem na Terra.

Pesquisadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, enviaram pequenos veículos subaquáticos para coletar animais nas profundezas das Fossas Marianas, no Oceano Pacífico, e em cinco outros abismos, localizados a mais de 6 mil metros de profundidade.

Dos 90 animais analisados, 72% deles tinham plástico em seus organismos. O achado mais impressionante foi o das criaturas retiradas de Challenger, a mais de 10 mil metros. Todas elas, ou seja, 100%, tinham ingerido micropartículas plásticas.

O resultado da pesquisa foi divulgado na publicação Royal Society Open Science Journal. “As águas mais profundas do mundo tornaram-se a ‘melhor pia’ para os resíduos plásticos”, lamenta Alan Jamieson, um dos autores do artigo.

Uma vez que o lixo plástico chega a essas áreas – geralmente mais abaixo da superfície do que o Monte Everest está acima dela – ele não tem mais para onde ir.

“Se você contaminar um rio, ele pode ser limpo. Se você contaminar um litoral, ele pode ser diluído pelas marés. Mas, no ponto mais profundo dos oceanos, o plástico simplesmente fica lá”, explica Jamieson.

Esta não é a primeira vez que cientistas encontram resíduos plásticos nas profundezas dos oceanos. Em abril do ano passado, mostramos também como uma sacola plástica foi achada nas mesmas Fossas Marianas, mencionadas acima. Elas ficam localizadas entre placas tectônicas e têm uma profundidade de mais de 11 mil metros.

Estima-se que haja 300 milhões de toneladas de plástico nos oceanos. São aproximadamente 5 trilhões de pequenas partículas plásticas boiando pela água. Apesar de muitas poderem ser vistas na superfície, após a lenta degradação e fragmentação destes resíduos, elas vão parar no fundo do mar, o que torna ainda mais difícil sua dispersão.

Foto: Wikimedia commons

Um comentário em “Seres de seis dos abismos mais profundos dos oceanos têm plásticos em seus organismos

  • 6 de março de 2019 em 7:59 PM
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    Importantíssimo a pesquisa dos cientistas divulgando o que a plebe imagina mas não tem meios de comprovar. Elogiável a constatação dos estudiosos do crime ambiental cometido pela civilização e pelo progresso, que não abrirão mão da civilidade e da evolução mesmo pagando o preço caro do auto extermínio, irreversível e consumado porque humanos civilizados não necessariamente são responsáveis e conscientes de seus deveres e obrigações, pois se o fossem, o quadro ambiental seria totalmente outro. No entanto, precisamos de soluções, não de mais problemas. Carecemos de corrigendas, se necessário, de sacrifícios e de esclarecimentos sobre nossa conduta equivocada e criminosa diante da Vida do Planeta, isto é, a nossa. Especialistas investigaram e nortearam as metástases, perfeito; urge detê-las ou morreremos todos, segurando nas mãos os mapas da desgraça e os pontos críticos da devastação, sem a receita do remédio capaz de tentar, pelo menos, eliminar-lhes as causas, já que os efeitos, impossível revertê-los. Precisamos das respostas dos mestres, não que apenas apontem nossos erros, nos mostrem onde destruímos e onde incendiamos. Queremos consertar e arrumar toda a bagunça para aprender novas lições de viver e respirar sem precisar matar nem sufocar ninguém, porque precisamos acreditar que não somos tão maus assim.

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.