Rola um (bug)burguer?

Rola um (bug)burguer?

Enquanto cerca de dois bilhões de asiáticos comem insetos há séculos, todos os dias, os ocidentais fazem cara de nojo quando pensam em usar os pequenos animais como ingrediente para a culinária. Todavia, já existe um número crescente de especialistas e cozinheiros deste lado do mundo que defende que insetos são excelentes fontes de proteínas, além de saudáveis e … deliciosos!

Apostando nisso, a startup alemã BugFoundation decidiu criar um hamburguer feito com larvas de insetos. A ideia surgiu em 2010, quando os amigos Baris Özel e Max Krämer fizeram uma viagem de um ano por diversos países e provaram a iguaria asiática. Quatro anos depois, ainda com a memória do sabor e aroma dos insetos fritos, os jovens empreendedores começaram a fazer pesquisas sobre o valor nutricional dos animais e os primeiros testes para produzir carne feita com eles.

Foram dois anos de muitos experimentos até que a dupla conseguisse a receita perfeita: 43% de buffalo worms (alphitobius diaperinus) – uma larva de besouro comestível e já bastante comercializada –, proteína de ervilha e de leite, cebola, arroz, queijo parmesão e outros temperos secretos.

Na direita, a buffalo worm, larva utilizada na receita

Segundo os criadores do Bux Burguer, nome dado ao sanduíche, insetos são excelentes fontes de ferro, zinco, minerais e vitamina A. Além disso, comparados à carne tradicional, eles fornecem mais gorduras boas (mono e poliinsaturadas).

Para convencer ainda mais seus fregueses, os empreendedores alemães mostram a diferença entre a produção da carne de gado e a feita com insetos. Como já é de conhecimento generalizado, a pecuária precisa de imensas áreas de terra. Fora o solo, consome enormes quantidades de água e energia. Bem, insetos precisam de um espaço mínimo para crescerem, pouquíssimo alimento para crescerem e praticamente nada de água.

Outra vantagem? Diferentemente do que é feito com o gado em fazendas, na criação de insetos não é utilizado nem hormônios nem antibióticos para estimular o crescimento dos animais (leia mais sobre o assunto aqui).

Outro problema da pecuária apontado pelos cientistas é que bois e vacas emitem metano, um dos gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global. Apesar disso ser um fenômeno natural, com o tamanho do rebanho mundial para atender a demanda do consumo global, o metano liberado pelos animais é descomunal.

Por tanto, vamos de hamburguer de insetos?

Fonte de proteínas, minerais, zinco e gorduras boas:
vai encarar?

Na Europa, são poucos os países que permitem a comercialização de alimentos feitos com este tipo de “ingrediente”. Na Alemanha, por exemplo, a venda será liberada a partir de 2018. Mas enquanto isso, o Bux Burguer já faz parte do cardápio de restaurantes da Bélgica e da Holanda.

Quem já comeu garante que o hamburguer é crocante, com um leve sabor de nozes. E aí, você experimentaria?

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Fotos: divulgação BugFoundation

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.