Restaurar florestas e ecossistemas pode ser a solução natural para combater as mudanças climáticas

Restaurar florestas e ecossistemas pode ser a solução para combater as mudanças climáticas

“O mundo enfrenta duas crises existenciais, que progridem a uma velocidade terrível: os colapsos climático e o ecológico. Nenhum dos dois está sendo tratado com a urgência necessária para impedir que nossos sistemas de suporte à vida também sucumbam. Estamos escrevendo para defender uma abordagem vibrante, mas negligenciada, para evitar o caos climático, ao mesmo tempo que defendemos o mundo dos seres vivos: soluções naturais para o clima. Isso significa retirar dióxido de carbono do ar, protegendo e restaurando os ecossistemas”.

Esse é o primeiro parágrafo de uma carta assinada por algumas das mais importantes vozes da atualidade que lutam por ações imediatas para combater os efeitos do aquecimento global. Entre elas estão as escritoras Naomi Klein e Margaret Atwood, a jovem ativista sueca Greta Thunberg, os professores e cientistas Michael Mann e Simon Lewis, o músico Brian Eno, dentre outros.

O texto que foi publicado recentemente no jornal britânico The Guardian defende que “… ao restaurar e restabelecer florestas, mangues, restingas e outros ecossistemas essenciais, grandes quantidades de carbono podem ser removidas do ar e armazenadas. Ao mesmo tempo, a proteção e a restauração desses ecossistemas podem ajudar a minimizar a sexta grande extinção e aumentar a resiliência das populações locais contra o desastre climático. Defender o mundo vivo e defender o clima são, em muitos casos, o mesmo. Este potencial até agora tem sido largamente negligenciado”.

A sexta grande extinção a que os ativistas se referem é o momento que estamos vivendo, segundo muitos cientistas. Para eles, esta é uma nova onda de extinção em massa de espécies no planeta. “É um desastre em escala global provocado pelo homem”, alertou no ano passado o naturalista britânico, David Attenborough. “Nossa maior ameaça em milhares de anos: as mudanças climáticas. Se não agirmos, o colapso de nossa civilização e a extinção de grande parte do mundo natural despontam no horizonte.

Mais de 26 mil espécies de animais e plantas correm o risco de desaparecer. Sumir. Deixar de existir. Como se nunca tivessem estado na Terra.

Em um levantamento divulgado em julho de 2018, que noticiamos neste outro post, das 93.577 espécies registradas pela Lista Vermelha, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), 26.197 sofriam ameaça de serem extintas.

E não são apenas os grandes animais que estão em risco. Répteis, besouros e insetos nos quatro cantos do mundo podem sucumbir à caça, ao desmatamento, à perda de habitat e às mudanças climáticas, o que será um impacto brutal para o equilíbrio de biomas e da vida humana.

É por esta razão que esses 23 ativistas assinam a carta pública, clamando por medidas imediatas:

“Pedimos aos governos que apoiem soluções naturais para o clima com um programa urgente de pesquisa, financiamento e compromisso político. É essencial que trabalhem com a orientação e consentimento livre e prévio dos povos indígenas e das comunidades locais.

Esta abordagem não deve ser utilizada como substituta da descarbonização rápida e abrangente das economias industriais. Um programa comprometido e bem financiado para lidar com todas as causas do caos climático, incluindo soluções naturais para o clima, poderá nos ajudar a manter o aquecimento do planeta abaixo de 1,5ºC. Pedimos que ele seja implantado com a urgência que essas crises exigem”.

Foto: domínio público/pixabay

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.