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Rede ‘Origens Brasil’, apoiada pelo Fundo Amazônia, ganha prêmio da ONU por trabalho inovador que alia comunidades e a floresta em pé

Ela tem apenas três anos e reúne mais de 1.500 produtores, entre eles, indígenas de 34 diferentes etnias, 40 organizações locais e comunidades e 14 empresas, comercializa mais de 40 diferentes produtos e ingredientes e atua em 36 áreas protegidas. E, assim, trabalhando em rede, a Origens do Brasil, promove a economia de baixo carbono, que mantém as florestas em pé e valoriza as comunidades tradicionais.

Esses números já revelam a dimensão do impacto desta rede de articulação tão inovadora, criada pelo Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) e pelo ISA (Instituto Socioambiental), em 2016, com o intuito de mudar a forma convencional de se fazer negócios com produtos da sociobiodiversidade, estimulando a ética e a transparência. As parcerias com grandes empresas como Wickbold, Mercur, Pão de Açúcar e Lush também se constituem como grandes contribuições para criar relações comerciais diferenciadas com os povos da floresta, valorizando os povos tradicionais, sua cultura e seus territórios. Tudo isso em rede e apoiado por ferramentas como tecnologia e comunicação.

Por tudo isso, a Origens do Brasil foi escolhida entre as iniciativas mundiais que se inscreveram no Prêmio Internacional de Inovação para a Alimentação e Agricultura Sustentáveis, promovido pela FAO, órgão da ONU para Agricultura e Alimentação e financiado pelo Governo Federal da Suíça, que reconhece iniciativas inovadoras pelo mundo que contribuem para “a transformação dos sistemas alimentares, a redução da fome e a segurança alimentar da agricultura familiar“.

A rede ficou entre as finalistas e, ontem, durante a 41a. Conferência da organização, em Roma, na Itália, foi agraciada como co-vencedora do Prêmio de Digitalização e Inovação para Sistemas de Alimentos Sustentáveis, juntamente com a Practical Action Bangladesh, na Categoria A, que “reconhece inovações que impactam mais de um nível da cadeia de fornecimento e fortalecem o vínculo entre agricultores e consumidores”.

Para a FAO, a inovação é uma ferramenta imprescindível para um mundo livre de fome e de desnutrição. Nesse cenário, a agricultura e a alimentação contribuem para a redução da pobreza, com base nos três pilares do desenvolvimento sustentável: econômico, social e ambiental. Trata-se de um conceito diretamente relacionado à tecnologia e também a processos nos quais as instituições promovem produtos, processos ou formas de organização que aumentam a eficiência, a competitividade e a resiliência.

Na cerimônia, a Origens Brasil foi representada por Patrícia Cota Gomes, coordenadora da iniciativa administrada pelo Imaflora, e também pelo indígena Kayapó Bepnhoti Atydjare, coordenador da Associação Floresta Protegida (representa 31 povos da etnia Kayapó), que, na foto de destaque deste post, aparecem ao lado de José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO e Adriano Jerozolimski, também da organização.

“Esse prêmio concedido pela FAO tem um significado muito especial e é um reconhecimento importantíssimo para os povos da floresta e para a valorização da economia de baixo carbono, principalmente considerando o momento atual que o Brasil está passando, de fortes ameaças às políticas socioambientais já conquistadas”, declarou Patrícia.

Na ocasião, ela lembrou de uma questão muito importante, que envolve o futuro do projeto: o Fundo Amazônia, que tem apoiado inúmeras iniciativas que conciliam produção e preservação. A Origens Brasil é 100% financiada pelo Fundo Amazônia. Organizações comunitárias que integram esta rede também foram premiadas pela ONU: a , como a Associação Indígena Khisêtje, do Parque Indígena do Xingu, com o óleo de pequi e a Associação Terra Indígena do Xingu (Atix) com a produção de mel.

A questão é que o Fundo Amazônia está ameaçado pela gestão de Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente. Ricardo Salles revelou que tinha intenções de usar o dinheiro desse fundo – doado pela Noruega e pela Alemanha – para pagar indenizações por desapropriações de terras. Mas, claro que os dois países não aceitaram a proposta e o destino do fundo tornou-se incerto.

“A continuidade do Fundo Amazônia, que contribui com recursos que viabilizam ações para a manutenção da floresta em pé e a valorização das populações tradicionais e dos povos indígenas, é essencial para fazer emergir e escalonar inovações como esta, que sejam capazes de contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) e reconhecer o importante papel desses povos como guardiões históricos destas florestas, patrimônio de toda a humanidade”,  finalizou Patrícia.

Pois é, mas, hoje, 28/6, era a data-limite para que fossem recriados os conselhos extintos com o decreto de Bolsonaro em abril. E o Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA) não foi recriado, como informou o Observatório do Clima, em seu perfil no Instagram. Isso significa que o governo extinguiu o principal mecanismo para financiar conservação de florestas tropicais do mundo. Agora, o que vai ser dos projetos que dependem integralmente desse dinheiro é possível prever, mas antes de nos tornarmos descrentes e preocupados, celebremos a Origens Brasil e seu prêmio. É um baita reconhecimento para uma iniciativa incrível! A prova de que é possível explorar as riquezas naturais sem impacto negativo para as pessoas e nem para a natureza.

Fontes: Imaflora, Floresta Protegida

Foto: Giuseppe Carotenuto/FAO

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Aparecida Vicentin
Aparecida Vicentin
4 anos atrás

Pois é nosso presidente necessita de mentores da natureza neste governo que propõem o entendimento.

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