Quase 4 milhões das crianças brasileiras vivem em favelas

Quase 4 milhões das crianças brasileiras vivem em favelas

Anualmente a Fundação Abrinq lança um estudo que faz um retrato da infância e da adolescência no Brasil. Assim como em 2017, a edição deste ano revela uma situação triste e desoladora sobre a condição em que vivem milhões de jovens brasileiros.

O relatório aponta que quase 4 milhões de menores (até 17 anos) moram em favelas e 40,2% das crianças, entre 0 e 14 anos, ou seja, 17,3 milhões, ainda enfrentam situação de pobreza. O número é o mesmo observado no ano passado, ou seja, não houve melhora nenhuma na renda econômica dessas famílias. Todavia, se observado no gráfico abaixo, há uma melhora nas últimas décadas.

É nas regiões Nordeste e Norte do país que a condição de vida é pior. Lá, famílias tentam sobreviver com uma renda domiciliar mensal (por pessoa) igual ou inferior a meio salário mínimo. Estima-se que 5,8 milhões de crianças e jovens vivam no que é chamado de “extrema pobreza” – renda per capita inferior a ¼ de salário mínimo.

Para chegar a estes números, os pesquisadores analisaram 20 indicadores sociais relacionados à infância, entre eles, mortalidade, nutrição, gravidez na adolescência, cobertura de creche, escolaridade, trabalho infantil, saneamento básico, acesso a equipamentos de cultura e lazer, violência, entre outros.

Seguem abaixo outros números alarmantes destacados pelo estudo da Fundação Abrinq:

  • 17,5% das adolescentes já são mães;
  • 1/3 dos bebês não tiveram pré-natal adequado;
  • 2,5 milhões de crianças trabalham;
  • 12,5% têm altura baixa para a idade;
  • 15% dos alunos abandonaram o Ensino Médio;
  • 20% das vítimas de homicídios tinham até 19 anos

Este último dado chama a atenção porque os números de mortes por homicídio em jovens nesta faixa etária vem crescendo consideralmente desde a década de 90, conforme se percebe no gráfico abaixo. E é sobretudo, entre as populações negras e indígenas que estes indíces mais subiram.

Atualmente a população entre de 0 a 19 anos já representa 33% do total de habitantes do Brasil, de acordo com dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Por isso é tão importante que políticas públicas sejam implementadas para mudar este cenário. Sabe-se que a pobreza e a falta de oportunidade acabam gerando um círculo vicioso, do qual dificilmente a criança ou o adolescente pobres conseguem escapar, vendo suas vidas condenadas ao mesmo padrão econômico do que o de seus pais, ressalta o estudo.

No portal Observatório da Criança e do Adolescente é possível encontrar outros indicadores, com mais informações e detalhes, apresentados por estados e municípios, podendo ser feita comparação entre eles.

Criada em 1990, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente é uma organização sem fins lucrativos que tem como missão promover a defesa dos direitos e o exercício da cidadania de crianças e adolescentes.

Foto: Marco Gomes/Creative Commons/Flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.