Quanto custa para ser feliz?

Quanto custa para ser feliz?

Dinheiro não compra felicidade. Há quem concorde e aqueles que discordem do ditado popular. Mas seria possível calcular o quanto de dinheiro seria necessário para garantir a felicidade de uma pessoa?

Com esta pergunta em mente, pesquisadores dos departamentos de psicologia das universidades americanas de Purdue e Virginia, decidiram estudar mais a fundo a relação entre dinheiro e felicidade.

Em artigo divulgado esta semana pela publicação Nature Human Behaviour, os psicólogos revelam uma descoberta surpreendente: o valor que se dá para a felicidade varia enormemente nos quatro cantos do planeta.

Ao utilizar dados do Gallup World Poll, instituto internacional de pesquisa, com opiniões de 1,7 milhão de pessoa, entrevistadas em 164 países, os autores do estudo conseguiram chegar em números que representariam o “valor” de uma renda anual satisfatória para ser feliz: entre 196 e 246 mil reais*, algo em torno de 18 mil reais por mês.

O valor é absurdo quando paramos para pensar na realidade brasileira, país em que o salário mínimo atual é de 954 reais, ou seja, para quem ganha isso, a renda anual chega a 11 mil e 500 reais: bem menos dos 18 mil citados acima.

Mas o que realmente chama a atenção no estudo é como este ideal de remuneração, supostamente necessário para garantir a “felicidade”, é diferente em cada região.

Os entrevistados da Austrália, por exemplo, são os que jogam o “valor da felicidade” mais para cima, seguidos pelos americanos e europeus do lado oeste do continente (França, Itália, Alemanha, Áustria, Dinamarca, Espanha, entre outros).

Já os participantes do levantamento no lado leste da Europa (Polônia, Romênia, Rússia, República Tcheca) afirmaram que necessitariam de aproximadamente 147 mil reais por ano para serem felizes.

E adivinhem!… Os latino-americanos são os que dizem precisar de menos dinheiro para estarem de bem com a vida. Acreditam que com “apenas” 114 mil reais, ou 9,5 mil reais mensais, é possível viver e encontrar a felicidade.

“Altos salários vêm acompanhados, em geral, de muitas demandas (tempo, volume de trabalho, responsabilidades…) que podem limitar as oportunidade de se ter experiências positivas, como por exemplo, atividades de lazer”, explicou Andrew Jebb, um dos autores do estudo, em entrevista ao site Science Alert.

“Existe um debate, já há algum tempo, que salários muito altos reduzem o que chamamos de bem-estar subjetivo”, complementa.

O bem-estar subjetivo é uma métrica usada na psicologia para avaliar a qualidade de vida dos indivíduos.

E qual é a conclusão? Talvez aquela que está logo acima, no começo do texto: dinheiro, definitivamente, não compra felicidade. Principalmente, se você for latino!

Mas é preciso reconhecer que, para ter uma vida digna, segura e mais feliz, com certeza o brasileiro precisa de um salário mínimo mais alto e governantes mais focados em garantir o bem-estar de todos os cidadãos.

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Foto:  Autumn Goodman on Unsplash

2 comentários em “Quanto custa para ser feliz?

  • 16 de fevereiro de 2018 em 5:01 PM
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    Artigo simplesmente perfeito! Também acredito que o dinheiro não pode comprar a felicidade, pois ela vem de dentro de cada pessoa, independente de ter um salário de dez a dezoito mil…mas, se tratando do Brasil a população teria uma vida muito mais digna se o salário fosse justo.

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  • 23 de abril de 2018 em 10:23 AM
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    Não custa nada se a felicidade já fizer parte de você, como sua pele, unha ou cabelo. Por isso você não pode encontrá-la nem perdê-la, porque ELA JÁ É VOCÊ que, mesmo atravessando tsunamis e pesadelos, chorando até, será incapaz de ser infeliz, porque reconhecendo lições no sofrimento e na dor que iluminam sua felicidade inexpugnável e indestrutível inerente à sua persona, seu próprio espírito. Felicidade não são momentos felizes, felicidade é SEMPRE, se você entender que ela é feita de lições difíceis às vezes, de dor e luto até, mas imprescindíveis para quem deseja ser sábio um dia.

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.