Quando decidi conhecer as Escolas da Floresta

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Desde que comecei a pesquisar o assunto criança e natureza, uma das ações que mais me chamou a atenção foram as Forest Schools. Como eu, apaixonada por esse tema e educadora, nunca havia imaginado que esse tipo de iniciativa seria possível e tampouco que já acontecia em diferentes partes do mundo?

Explico. As Forest Schools ou escolas da floresta são instituições onde as atividades acontecem no meio da floresta. Não existe sala de aula, não existem paredes, espaços diversificados para leitura ou qualquer outra coisa parecida. Apenas as crianças e a floresta.

Há um bom tempo, acompanho muitas delas em redes sociais. E, durante esse tempo, muitas perguntas foram surgindo, o encanto foi tomando conta e a vontade de estar lá ficou muito grande.

De tanto ler, pesquisar e acompanhar o trabalho, decidi que precisava ver tudo isso de perto. Então, em meados de 2015, decidi que minhas férias de janeiro de 2016 seriam dedicadas a conhecer algumas destas iniciativas no Reino Unido.

O mês escolhido não foi ao acaso. É época de inverno rigoroso no Hemisfério Norte. Queria ver e viver a infância na floresta, no frio. Aqui, no Brasil, percebemos uma cultura resistente com o “lado de fora”, ainda mais quando o tempo está “frio”. Mas este será tema para um próximo post.

Entrei em contato com algumas escolas, afinal, não se tratava de uma simples visita. Quando visitamos uma dessas escolas é mais ou menos como receber uma visita em casa, sabe? Se necessário, a gente esconde a poeira sob o tapete e está tudo certo. Só que eu acredito que é brincando que a gente aprende as regras. E ficar olhando apenas, nos traz uma ideia próxima, mas não nos faz sentir na pele como realmente é. Eu queria trabalhar com cada escola por uma semana inteira. Queria sentir o espaço, as pessoas, as crianças.

E não foi tão difícil como imaginei. Logo recebi respostas positivas e uma lista de roupas que eu deveria levar para conseguir suportar o frio, a chuva e tudo que existe no mundo quando se está do lado de fora.

Foram duas semanas intensas, de muito trabalho, muita observação, muita disposição e muito encantamento. Conheci pessoas incríveis, educadores inspiradores e experimentei muitas horas de educação ao ar livre.

E aí, quando a gente volta de viagem, chega em casa, abre a mochila cheia de coisas boas. Sai roupa suja (muito suja), sai livro, sai marshmallow, sai stickman feito num encontro para compartilhar saberes, sai um diário lindo e organizado com 100 páginas escritas com muito brilho nos olhos e encanto no coração. Também não param de sair descobertas, histórias, experiências e vivências.

Não vou contar tudo aqui, neste post, porque, desta viagem de duas semanas, trouxe muitas histórias para contar para vocês! Mas já posso fazer um convite: se você, leitor, tiver alguma curiosidade específica a respeito do mundo nas Escolas da Floresta, deixe um comentário que responderei em algum próximo post.

Essa viagem mexeu comigo de um jeito que não tem mais volta. Aquela que eu era antes, não cabe mais aqui.
Fui com perguntas sobre as escolas da floresta. Voltei com respostas pra vida.

Foto: Ana Carol Thomé

33 comentários em “Quando decidi conhecer as Escolas da Floresta

  • 4 de fevereiro de 2016 em 12:20 PM
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    Nossa que viagem maravilhosa! ! também trabalho com crianças em hortas escolares e fiquei fascinada com o projeto!!! ! Parabéns pela escolha e fale mais sobre a viagem!!! Abcs

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    • 9 de fevereiro de 2016 em 6:50 PM
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      Oi Isabela!
      Fico feliz em compartilhar essa experiência com vocês.
      Abraços

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  • 4 de fevereiro de 2016 em 12:59 PM
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    Adorei seu texto, conte sim td que viu e viveu. Deve ter sido uma experiência bárbara.

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    • 9 de fevereiro de 2016 em 6:47 PM
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      Oi Daniella!
      Foi uma experiência incrível!
      Aguarde os próximos posts.
      Abraços

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  • 5 de fevereiro de 2016 em 12:35 PM
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    Olá Ana. Nós não nos conhecemos, mas partilhamos muito mais do que o nosso nome! Porque também eu sou professora e também ando viajando pelo mundo a conhecer escolas e iniciativas de educação diferentes do habitual. Em cada visita também fico uma semana, tentando dar tanto de mim como recebo dos que visito. E esse seu post inspirou-me. Gostaria de lhe perguntar se me poderia dar o contacto das escolas com quem falou, já que se mostraram tão abertas ao seu projeto. No meu tenho encontrado escolas muito abertas, mas outras também que se fecham a receber visitas quando achei que não o fariam, por isso aprendi que é mais fácil começar por caminhos que já foram desbravados por outros aventureiros como eu! Fico lhe muito grata pela inspiração, e pela ajuda. Boa sorte nos seus projetos :)

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    • 9 de fevereiro de 2016 em 7:13 PM
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      Oi Ana!
      Adorei receber seu comentário e acredito que temos muuuuito para conversar!
      abraços

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  • 5 de fevereiro de 2016 em 4:35 PM
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    Já estou super curiosa para os próximos posts!! Que demais!!

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    • 9 de fevereiro de 2016 em 6:45 PM
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      Oi Luciana!
      Estou feliz em compartilhar essa experiência com vocês!
      Abraços

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    • 9 de fevereiro de 2016 em 7:20 PM
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      Eba, Luciana! Em breve tem mais!
      Abraços

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  • 5 de fevereiro de 2016 em 7:55 PM
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    Oláá!
    Sou educadora física por formação, minha paixão sempre foi por natureza e por pessoas. Hoje, obviamente trabalho com esportes de aventura, travessias, expedições e canoagem. Também com recreação e monitoria. Mas cada vez mais quero fazer um trabalho significativo, pedagógico e educacional. Venho nos últimos anos estudando, me especializando bastante e trabalhando com educação ao ar livre, educação experiencial. Estou abrindo uma OSCIP que se chama “Além do Corpo”. Faço essa imersão na natureza através das expedições. Mas nunca tive nenhum contato com Forest Schools, não tenho ideia de como deve ser essa relação dia a dia, um ano inteiro por exemplos, esses meus trabalhos são muito pontuais.

    Adoraria bater um papo, fazer uma troca muito rica de experiência. Como viver uma experiência dessas também, etc..

    Aguardo contato. Parabéns por acreditar. Bons ventos!!!!

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    • 9 de fevereiro de 2016 em 6:43 PM
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      Olá Fernanda!
      Fico muito feliz quando recebo mensagens como a sua. Temos que estar cada vez mais do lado de fora!
      Aos poucos vou tentar contar como foi essa experiência e vamos conversando.
      um grande abraço!

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  • 6 de fevereiro de 2016 em 11:14 AM
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    Que bacana! Quero saber mais. Como são as práticas pedagógicas nesses espaços? O clima muito frio delimitar as ações? Como é a interação das crianças com esta época do ano?
    Abraço,

    Viviane Castro

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    • 9 de fevereiro de 2016 em 6:40 PM
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      Oi Viviane!
      Anotei suas perguntas aqui e tentarei respondê-las nos próximos posts. Só adianto uma coisa: ainda temos muito a aprender sobre o inverno!
      Um grande abraço!

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  • 12 de fevereiro de 2016 em 10:07 AM
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    Oi Ana, sou mãe de duas meninas de 06 e 04 anos e uma apaixonada pela natureza e pelo desenvolvimento humano, amo suas postagens e inspirada por elas, nessas férias levamos as meninas para conhecer nascentes de água perto da represa do Guarapiranga onde moramos, elas ficaram fascinadas de ver agua brotando do chão, isso sala de aula nenhuma pode ensinar, esse mundão lindo é a maior escola a céu aberto.

    Parabéns pelo maravilhoso post.

    Bjus

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    • 13 de fevereiro de 2016 em 2:41 PM
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      Oi Eliete!
      Obrigada pelo carinho sempre!
      Imagino o encanto das meninas neste cenário! Que experiência Incrível!
      Se estiver em São Paulo, dia 20/02 estarei em uma roda de conversa para falar sobre a experiência na floresta. Aqui tem mais informações.
      Abraços!

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  • 12 de fevereiro de 2016 em 4:19 PM
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    Olá Ana, parabéns pela empreitada. Gostaria de saber se essas escolas são públicas, se são gratuitas. E também que tipo de pedagogia eles usam. São escolas de formação ou uma escola que é frequentado em paralelo com a escola tradicional? (Enfim,quero saber se os alunos aprendem tudo lá, inclusive línguas, matemática, ou se é um aprendizado suplementar. Obrigada!

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    • 13 de fevereiro de 2016 em 2:39 PM
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      Oi Deborah!
      Anotei suas perguntas e responderei num próximo post.
      Se estiver em São Paulo e quiser saber mais, farei uma roda de conversa no próximo sábado. Aqui tem mais informações
      Abraços

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  • 15 de fevereiro de 2016 em 4:12 PM
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    Ana, além da floresta, dos educadores e das crianças, o que mais é necessário pra criar e manter uma forest school?

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    • 17 de fevereiro de 2016 em 1:24 PM
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      Oi Carolina!
      Um escola não é feita apenas de espaço e pessoas. Há muito mais aspectos envolvidos. Tem um texto que postei aqui no blog que conto um pouco sobre o que tem por trás da relação entre criança e natureza. Para LER clique AQUI.
      Se você for de São Paulo, convido você para estar na roda de conversa deste sábado. Mais informações AQUI.

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  • 16 de fevereiro de 2016 em 3:43 PM
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    Ana, cada pergunta nesse post soa como um grito: Anaaaaaa, ajude-nos a reinventar nossa interação com as crianças! Conte-nos sobre as brincadeiras, os brinquedos construídos, os percursos e processos! Queremos conhecer e viver coisas novas nas escolas e universidades! Contamos com você!

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    • 17 de fevereiro de 2016 em 1:15 PM
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      Kezia, muito obrigada pelo comentário!
      Precisamos e muito não só reinventar a interação com as crianças, mas também com o tempo e o espaço.
      Se você é de São Paulo, convido você para estar na roda de conversa onde contarei mais sobre o tema. Mais informações AQUI
      Abraços.

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  • 16 de fevereiro de 2016 em 4:22 PM
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    Qual a linha de pedagogia das escolas da floresta? As escolas são de educação formal ou atividades extras curriculares? Como ela se encaixa na educação, quais as idades que atende? Fiquei muito interessada, adoei seu trabalho e relato. Sou bióloga e acho a ecoalfabetização fundamental nos dias de hj!

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    • 17 de fevereiro de 2016 em 1:09 PM
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      Oi Paula!
      Muito obrigada pelo comentário!
      A principal característica das escolas da floresta é estar do lado de fora e todas são de educação formal. Claro que existem diferenças por conta do próprio sistema de educação de cada país.
      Falarei sobre isso mais pra frente.

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  • 3 de março de 2016 em 3:49 PM
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    Ana …amei seu post…estou no 5 semestre de pedagogia…nosso grupo está fazendo um trabalho referente a escola da floresta… Estamos curiosíssimas em querer conhecer mais e saber mais sobre sua experiência… Bjosss

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  • 4 de março de 2016 em 6:11 PM
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    Que lindo! Que delícia! Que vontade de fazer algo assim! Já tinha pensando em aproveitar uma viagem para fazer contatos para visita, mas não para experimentar por mais tempo! Obrigada por tudo que escreve

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  • 15 de março de 2017 em 2:12 PM
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    Olá Ana estou fazendo um trabalho acadêmico sobre a escola da floresta, não consegui localizar nenhuma escola aqui no Brasil com esta abordagem, sou aluno do 5º ano de Pedagogia. Adorei seu blog e tudo o que escreveu sobre sua viagem. Poderia me auxiliar nesta questão, depois da viagem conseguiu saber de alguma aqui no Brasil com esta metodologia obrigada.

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  • 13 de março de 2018 em 4:04 PM
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    Olá, Ana Carol! Que alegria poder entrar no seu mundo por essas palavras e experiências! Li mais a respeito do seu trabalho e me identifiquei bastante. Tenho 4 filhos lindos e minha relação com a Natureza e com o Brincar são muito fortes. Por uma certa época da minha vida quis reprimir isso por achar que eu estava infantilizando minha vida. Mas hoje eu aceito e recebo essa verdade com todo meu amor. Moro em uma casa com muita natureza em volta. Minhas crianças aproveitam muito esse contato, mas gostaria de fazer mais atividades com elas e com amigos e outras crianças tb. vc tem alguma dica?
    Mais uma vez obrigada por compartilhar seu mundo por aqui!
    Bjos
    Paula

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  • 10 de novembro de 2019 em 10:40 PM
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    Olá.tudo bem? Gostaria de saber mais informações sobre suas experiências..estou iniciando meus estudos nessa metodologia.

    Att
    Francine

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Ana Carol Thomé

É pedagoga, especialista em psicomotricidade e educação lúdica. Participa de diversas formações sobre primeira infância, brincar e arte para crianças e coordena o programa Ser Criança é Natural (que dá nome a este blog), do Instituto Romã, que incentiva o contato das crianças com a natureza. Organiza a ação Doe Sentimentos e acredita no poder da infância e que o mundo pode ser melhor.