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Presidente do Chile cancela conferência climática da ONU, que seria realizada em dezembro, em Santiago

Diante do cenário intenso e violento que tem caracterizado as relações entre o governo e o povo chilenos, principalmente nas ruas, esta decisão já era esperada. O anúncio de que o Chile não sediará a COP25 – 25a. Conferência sobre Mudanças Climáticas das Organizações das Nações Unidas, foi feito hoje, pela manhã, por Sebastian Piñera. O presidente também cancelou o encontro dos países para Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), marcado para para novembro.

“Sentimos e lamentamos profundamente os problemas e inconvenientes que essa decisão vai significar, tanto para a Apec quanto para a COP”, disse.

Sim, os transtornos são muitos porque o pronunciamento foi feito há pouco mais de um mês da data da conferência – 2 e 13 de dezembro. -, o que certamente inviabilizará sua realização. Mas, primeiro, queremos nos solidarizar com povo chileno neste momento tão delicado de sua história e desejar que consigam resolver as questões que mais afligem a sociedade e eleger um novo governo, em breve.

Em comunicado à imprensa, Patricia Espinosa, Secretária Executiva de Mudanças Climáticas da ONU, declarou que está “explorando opções de sedes alternativas” para a conferência, mas essa missão é quase impossível, como destacou Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, ao site O Eco.

“É muito difícil realizar a conferência em outro lugar com um mês de antecedência. Você leva, pelo menos, um ano para prepará-la. E não é apenas com logística. Tem também a preparação da agenda, do papel do país na condução do processo… Isso não acontece em um mês”. Ele acredita que o mais provável será o adiamento da COP25 para o primeiro semestre de 2020, lembrando que “isso não pode ser desculpa para atrasos na ação climática”.

Sim, ele tem toda razão: não pode! Afinal, os compromissos de cada país signatário do Acordo de Paris não depende dos eventos realizados pela ONU.

Mas, ao mesmo tempo em que torcemos para que a ONU encontre um caminho para a próxima conferência e para que os países procurem ser cada vez mais ambiciosos em seus compromissos, levando em conta as orientações da Ciência (como nos lembra Greta Thunberg), nos solidarizamos com o povo chileno em sua luta por direitos e por um futuro melhor.

Como bem lembrou o OC, em seu site, “a Convenção do Clima das Nações Unidas (UNFCCC) existe para proteger direitos sociais difusos, para garantir a todas as pessoas um futuro mais digno e próspero e para assegurar que as populações mais pobres e vulneráveis do planeta não sejam deixadas para trás. É também a luta por direitos e por um futuro melhor que tem levado os chilenos às ruas nas últimas semanas.

O cenário é complexo, sabemos. Negacionistas do clima – e terraplanistas, ave! – avançam em seus movimentos. O governo Bolsonaro é um de seus representantes tanto que, logo que foi eleito, em novembro, o presidente cancelou a realização da COP25 no Brasil. Sim, esta é a segunda vez que a COP25 sofre um revés. Ele não quis receber a conferência porque não acredita em mudanças climáticas, assim como seus filhinhos e o chanceler Ernesto Araujo, que tem proferido sandices a respeito do tema (leia alguns links indicados no final deste post).

Nações mantêm seus planos de exploração e desenvolvimento, como se não houvesse amanhã. Pouco se avança nas conversas sobre clima, que revelam falta de compromisso, principalmente dos países desenvolvidos.

Este ano, o Dia de Sobrecarga da Terra – aquele em que a humanidade esgota os recursos do planeta para o ano – acontece cada vez mais cedo. Quando lançamos o Conexão Planeta, em 2015, ele se iniciou em 13 de agosto. Este ano, foi em 29 de julho, ou seja, precisaríamos ter 1,75 planetas Terra para continuarmos com a mesma pegada até o final do ano.

Tantos excessos – o desmatamento aviltante, os incêndios florestais provocados por pessoas inescrupulosas, a perda de biodiversidade e o aumento das emissões – têm nos levado, cada vez mais, a catástrofes e eventos climáticos extremos.

Por outro lado, Greta Thunberg é resultado de toda inação em prol do clima e da falta de visão de governantes, cidadãos e empresas. A cúpula climática, realizada em Nova York, em agosto, destacou o protagonismo dos jovens e de movimentos como os dos povos tradicionais.

Dizem que é na adversidade que muitas coisas boas e inesperadas acontecem. Lembrando do alerta de Carlos Ritl, do OC, quem sabe tantas dificuldades e, agora, a impossibilidade de reunir os países-membro da ONU para mais um conversê pelo clima nos torne mais ativos e criativos contra as mudanças climáticas.

Greta Thunberg certamente vai nos fazer esse convite.

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