Presença de baleias cachalotes no Ártico aumenta temor de cientistas sobre aquecimento dos oceanos


Presença de baleia cachalote no Ártico aumenta temor de cientistas sobre aquecimento dos oceanos

Ela é impressionante. A baleia cachalote (Physeter macrocephalus) é o maior mamífero com dentes do planeta. O macho pode alcançar até 20 metros de comprimento e pesar 45 toneladas. Entre suas principais características está a enorme cabeça, que representa até 35% de seu corpo. O cérebro da cachalote é o maior em tamanho de um ser vivo.

Mas ela não deveria ser avistada no Ártico. E foi isto o que aconteceu, como revela o vídeo abaixo, gravado por Brandon Laforest, biólogo marinho do WWF-Canadá, que estava próximo a Pond Inlet, Nunavut. Duas cachalotes nadavam tranquilamente nas águas geladas da região ártica.

Esta já é a segunda vez que baleias dessa espécie são observadas no Ártico. O grande problema é que elas nunca viveram nesse ecossistema. Sua fisiologia não foi feita para o frio da região. Outras muitas espécies têm ali seu habitat, como belugas, por exemplo. Mas não as cachalotes.

Seu corpo não tem força para quebrar o gelo nos meses de inverno. Além disso, ela tem um óleo natural em volta dele que, quando está muito frio, acaba endurecendo, se transformando em uma cera.

Mas por que então as cachalotes têm se aventurado na região ártica? Cientistas acreditam que porque as águas estão cada vez mais quentes, um dos efeitos das mudanças climáticas.

O que os cientistas temem é que, ao explorar águas agora mais quentes, as cachalotes acabem não tendo tempo de rumar sul antes da chegada do inverno, e possam ficar presas no gelo ártico.

Gigantes dos mares ameaçados

Não bastasse o aquecimento global que está impactando no comportamento até dos grandes seres dos oceanos, eles ainda enfrentam a ameaça do lixo plástico.

Em abril deste ano, mostramos aqui, neste outro post, que uma baleia cachalote foi encontrada morta na Espanha com 29 kg de plástico no estômago. Biólogos acreditam que o animal não conseguiu expelir os resíduos, que bloquearam o sistema digestivo, causando então uma infecção fatal.

Um estudo publicado na revista Trends in Ecology and Evolution  avaliou o impacto da poluição provocada pelo descarte de plástico nos oceanos nos grandes animais marinhos. De acordo com o artigo, espécies que se alimentam através do sistema de filtragem, como tubarões-baleia e algumas arraias, estão sendo expostas a substâncias tóxicas ao engolirem micropartículas plásticas.

Animais aquáticos como estes possuem a capacidade de retirar o alimento da água, por isso, são considerados filtradores. O que tem acontecido é que, juntamente com suas presas naturais – crustáceos, krills, plânctons e outros peixes pequenos – eles têm ingerido o plástico.

São minúsculos pedaços do material, muitas vezes esferas menores do que a ponta de um alfinete, praticamente invisíveis a olho nu, com menos de 5mm.

Os pesquisadores alertam que a ingestão de plástico – não somente pedaços grandes, mas também nanopartículas – pode comprometer a absorção de nutrientes destes animais e provocar sérios danos ao sistema digestivo.

Entre 1970 e 2012, houve uma redução de 50% das espécies marinhas que habitam os oceanos do planeta.

*Com informações do jornal The Guardian

 

Foto: Gregory “Slobirdr” Smith/Creative Commons/Flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.