As imagens são impressionantes. No lugar da água cristalina do Mar do Caribe, o que vê são tapetes imensos marrons de sargaço, uma alga marrom flutuante, que viaja com correntes marinhas e, que quando chega à areia sem vida, libera um mau cheiro terrível.
O problema acontece desde o começo do ano, mas nos últimas meses, só fez piorar. Em julho, o governo de Barbados declarou “a catástrofe” como uma emergência nacional. O sargaço também já chegou à Riviera Maya e a Cancún, no México, e às praias de Porto Rico, Guadalupe, Antígua e Bonaire. Chegou até ao sul da Flórida. Alguns resorts caribenhos foram obrigados a ficar fechados porque era simplesmente impossível nadar no mar.
Esta não é a primeira vez que o fenômeno acontece no Caribe. Em 2011, algo similar ocorreu, quando o sargaço tomou conta das praias locais. Na época, foi considerado algo “sem precedentes”. Animais, como tartarugas marinhas, ficaram presos nas algas e morreram. Banhistas não conseguiam caminhar na areia, tal o cheiro insuportável que exalavam.
Normalmente – antes de 2011 – existia o Mar de Sargasso, em oceano aberto, na região do Atlântico Norte, que ficava preso entre correntes marinhas, e servia de ponto de desova para enguias.
Depois do evento de sete anos atrás, eles começaram a se tornar mais frequentes e cientistas passaram a monitorar o movimento das algas usando satélites e descobriram que havia manchas de sargaço ao longo da costa mais distante do Brasil até a África. Os pesquisadores tentaram então detectar a trajetória das plantas marinhas até estes lugares e foi revelado que elas não tiveram origem nas águas do Atlântico Norte.
“Em todo lugar o sargaço está florescendo e crescendo”, afirma o biólogo marinho James Franks, da Universidade de Southern Mississippi, nos Estados Unidos.
Os cientistas já estão chamando o episódio deste ano de “a mãe de todas as invasões de sargaço”, dado a dimensão do mar de algas que atinge as ilhas caribenhas.
Entretanto, o que está provocando a proliferação ainda é um mistério. Os cientistas analisam a possibilidade de que o sargaço caribenho é uma espécie diferente daquela encontrada no Atlântico Norte.
Entre as hipóteses levantadas para o aparecimento cada vez mais regular da alga estão o aumento da temperatura dos oceanos causado pelo aquecimento global e a maior presença de nutrientes na água do mar graças à atividade humana, provocando um desequilíbrio ambiental.
*Com informações e ilustração da revista Science
Foto: Mark Yokoyama/Creative Commons/Flickr