Plasticídio: escultura em Londres alerta sobre poluição dos oceanos

À primeira vista, a nova obra do artista britânico Jason deCaires Taylor parece mais reproduzir a cena de uma família feliz na beira da praia. Pai, mãe e filhos estão sentados na areia. Todavia, chegando mais perto, nota-se que as aves marinhas estão quase mortas, vomitando plástico.

Comissionada pelo Greenpeace do Reino Unido, a escultura Plasticide – um jogo de palavras em inglês, que junta plástico com homicídio: Plasticídio -, foi colocada em frente ao National Theatre de Londres. A ideia é chamar a atenção dos turistas e moradores da cidade, além de empresas e governos, sobre uma realidade assustadora: o despejo em escala industrial de lixo plástico nos oceanos.

Estima-se que 8 milhões de toneladas de plástico são jogadas na água do mar por ano. Especialistas afirmam que 5,2 trilhões de fragmentos deste material sintético estão boiando ou depositados no fundo dos oceanos.

Jason deCaires Taylor é um artista ativista. Sua especialidade são esculturas de pessoas em tamanho real, que retratam sempre problemas sociais e ambientais da atualidade. Já divulgamos aqui, no Conexão Planeta, diversas de suas instalações, entre elas, o primeiro museu submarino da Europa, que tem como tema central a crise dos refugiados (leia mais neste outro post).

Plasticídio quer mostrar o que pode vir a ser o futuro da humanidade, um futuro que parece, a cada dia, estar mais próximo. Cientistas alertam que, em 2050, pode haver mais plástico do que peixes nos oceanos.

“Queremos fazer um alerta sobre a quantidade absurda de poluição plástica que é jogada em nossos oceanos. Plasticídio reflete a realidade de que o plástico descartável não desaparece apenas quando terminamos com ele, mas muitas vezes acaba no mar, onde causa danos incalculáveis à vida marinha”, diz Louise Edge, do Greenpeace.

O plástico utilizado na escultura de Londres foi retirado do mar da Lanzarote, na costa da Espanha,
onde Jason Taylor trabalha

 Ao ser jogado no oceano, o plástico é “quebrado” em minúsculas partículas. Com o passar do tempo, estes microrresíduos são encobertos por bactérias e algas, e assim, confundidos por alimentos pelos peixes.

“Estudos revelam que 90% das aves marinhas têm plástico no estômago. A cena retratada na escultura poderia parecer surreal há 50 anos, mas agora é uma triste realidade. A produção de plástico é feita na terra e é aqui que nós precisamos ver medidas serem tomadas para reduzir o despejo deste lixo em nossos oceanos”, afirma Edge.

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Fotos: divulgação Greenpeace UK

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.