Parque Aquático Móvel: guerrilha urbana pela proteção das nascentes em São Paulo


São tantas as performances e ações que a iniciativa Secura Humana já realizou na capital paulista, que o melhor pra entender a dimensão do que eles fazem é navegar pelo seu site e curtir cada uma – estão todas registradas em vídeo – no seu tempo e na ordem que lhe convier.

Eu me deliciei assistindo a várias delas, mas o que me levou à dupla – Flavio Barollo e Wellington Tibério – foi sua última mobilização no bairro da Pompeia, pela ampliação da Praça da Nascente (foto acima), super divulgada por amigos no Facebook.

A mobiização aconteceu em 2 de dezembro, na Avenida Pompeia, próximo da Travessa João Matias com Rua Estevão Barbosa, onde está o terreno comprado pela Construtora Exto, que nega a existência de uma nascente ali.

Essa turma animada provou que a nascente existe ao se esbaldar – no meio da avenida e entre os carros – com a água retirada dela e esguichada à vontade com uma mangueira. A água – praticamente limpa – ainda encheu duas piscinas infláveis. Assista ao vídeo:

Se você é paulistano ou vive na cidade de São Paulo, mas perdeu esse encontro insólito e muito divertido, não precisa lamentar. Ele vai ter continuidade no próximo dia 16, no mesmo bairro – Vila Anglo Brasileira -, desta vez no encontro da Travessa Roque Adóglio com Rua Miranda de Azevedo, das 11h às 16h.

Mas se você não está em São Paulo, curtiu a iniciativa e se identificou com as questões levantadas por Flavio e Wellington e pelos cidadãos que abraçam essa causa, pode se inspirar e fazer algo parecido em seu bairro. Nada como se manifestar para começar a ver algo mudar à volta.

O (tão desejado) Parque Augusta, por exemplo, está lá numa esquina da famosa Rua Augusta, no centro da cidade, intocado, aguardando definição da Justiça. Por que? Porque as pessoas protestaram – em muitas ações – contra o processo de construção de torres comerciais nesse terreno, que abriga rica biodiversidade, espécies de árvores centenárias e fauna exuberante.

Lá o Secura Humana também fez performance “em defesa das águas que escorrem pelas guias da Rua Augusta, provenientes do lençóis freáticos, que os condomínios dispensam nas sarjetas da rua”, como mostra o vídeo abaixo. A ação aconteceu em agosto deste ano.

Fabio, Wellington e muita gente que é contra a construção de torres gigantes e um shopping no terreno ao lado do Teatro Oficina, e quer um parque ali – o Parque Bixiga -, também se encontraram para protestar com alegria, num dia lindo de sol. A iniciativa, chamada de Parque Orgástico com Gozo Aquático, aconteceu em 26 de novembro e também revelou a riqueza das águas da região:

Claro que não é possível impedir o crescimento das cidades, mas é preciso repensar a maneira de fazê-lo e colocar um paradeiro na sanha imobiliária que quer derrubar tudo que é original e natural e construir torres artificiais, que alterarão para sempre a paisagem urbana, já tão castigada. Só mesmo os cidadãos, que vivem a e na cidade, é que podem fazer isso.

Foto: Divulgação 

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.