Paranaense é primeira brasileira a competir nos Jogos Paralímpicos de Inverno

Paranaense é primeira brasileira a competir nos Jogos Paralímpicos de Inverno

O sorriso largo não esconde toda a emoção e a felicidade de estar em PyeongChang. “Para mim é uma realização imensa poder participar da minha primeira Paralimpíada de Inverno”, contou Aline Rocha, em entrevista exclusiva ao Conexão Planeta, direto da Coreia do Sul.

A jovem, de 27 anos, é a primeira brasileira a disputar os Jogos Paralímpicos de Inverno. Ela faz parte da equipe de apenas três atletas: André Cintra, no snowboard cross e Aline e Christian Ribera, tentando uma medalha esqui cross-country.

Nascida no interior do Paraná, na cidade de Pinhão, quando tinha 15 anos, Aline sofreu um acidente de carro. Como consequência, teve uma lesão medular e a perda dos movimentos das pernas. Quatro anos depois, descobriu que o esporte poderia ajudar em sua readaptação. Começou a treinar atletismo em um clube de Joaçaba, em Santa Catarina, onde morava na época.

Foi lá que conheceu e se apaixonou por Fernando Orso, seu marido e técnico. Ele foi seu grande incentivador a participar de corridas em cadeira de rodas.

Toda a felicidade da primeira brasileira nos Jogos Paralímpicos de Inverno

Aline já teve participações em Jogos Paralímpicos de Verão. No Rio 2016, disputou no atletismo os 1.500m, os 5.000m e a maratona na classe T54 (para cadeirantes).

Mas chegar em PyeongChang foi um feito e tanto. O método de treinamento precisou ser revisto. A atleta usa um sit-ski, esqui adaptado para pessoas com deficiências nos membros inferiores.

“Meu maior desafio foi me adaptar a uma nova modalidade. Estou treinando há pouco mais de um ano e nesse pouco tempo, consegui atingir o índice para estar aqui”, revela. “E principalmente, por vir de um país que tem pouca tradição de neve”.

A vaga da paratleta brasileira foi garantida em dezembro do ano passado, na etapa canadense da Copa do Mundo de esqui cross-country, após completar duas provas (sprint e 5km) abaixo do índice exigido.

“Pela minha experiência, acho muito mais difícil fazer 12km na neve do que uma maratona na cadeira de rodas. A neve exige e muda muito de um lugar para o outro”, afirma.

Aline competirá em três provas de esqui cross-country

Para ela, este Dia Internacional da Mulher tem um significado diferente. “Por eu estar aqui hoje, significa que consegui os meus direitos não só como mulher, mas também como atleta e paratleta”, diz. “As mulheres evoluíram muito e estão mostrando sua força. Nossa participação está aumentando e acredito que irá crescer ainda mais. Elas vão se motivar a seguir seus sonhos e ingressar no esporte”.

A cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno 2018 será realizada na sexta-feira, 9 de março. Aline disputará três provas: 12km (10/3), sprint (13/3) e 5km (17/3). Participam da competição mais de 650 atletas de 46 países. No total, serão disputadas medalhas em 80 eventos.

Aline defende uma maior divulgação dos esportes adaptados para que mais brasileiros possam descobrir a oportunidade de praticar e competir. “Eles precisam saber que o esporte existe. Há alguns anos, eu não sabia da existência da modalidade de esqui para pessoas com deficiência. A mídia precisa divulgar para que as pessoas saibam que podem fazer alguma coisa e ter uma chance diferente de se reabilitar”.

A equipe brasileira dos Jogos Paralímpicos de Inverno de PyeongChang


Fotos: divulgação Comitê Paralímpico Brasileiro

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.