Papa Francisco conclama empresas petrolíferas a investir em energia limpa

Papa Francisco conclama empresas petrolíferas a investir em energia limpa

Em encontro inédito esta semana, na Academia de Ciências do Vaticano, com diretores de companhias do setor energético, sobretudo, petróleo e gás natural, o Papa Francisco afirmou que, apesar de milhões de pessoas no mundo ainda não terem acesso à eletricidade, é preciso desenvolver meios para utilizar os recursos naturais sem criar desequilíbrios ambientais e a deterioração e poluição do planeta, prejudiciais à família humana.

“A qualidade do ar, o nível do mar, as reservas adequadas de água doce, o controle climático e o equilíbrio de delicados ecossistemas – tudo vem sendo afetado pela maneira como os seres humanos satisfazem sua “sede” de energia”, lamentou.

Ainda segundo o Chefe da Igreja Católica, é um erro acreditarmos que a energia e outros recursos naturais são infinitos ou podem se renovar rapidamente e que, os impactos negativos dessa exploração podem ser revertidos.

Francisco citou a encíclica sobre o Meio Ambiente – Laudato Si –, publicada em 2015, em que ele denunciou, de forma veemente, a exploração dos pobres e o desperdício dos recursos naturais. Nela o pontífice cita também a importância da transição energética para fontes renováveis, mais limpas e eficientes, com o objetivo de evitar mudanças climáticas desastrosas que poderiam comprometer o bem-estar e o futuro desta e das próximas gerações.

“Este é um desafio de proporções épicas. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade imensa de encorajar esforços para assegurar maior acesso à energia por parte dos países menos desenvolvidos, especialmente em áreas periféricas, bem como para diversificar as fontes de energia e promover o desenvolvimento sustentável de formas renováveis de energia”.

O papa ressaltou ainda que o desafio é interconectado. Para eliminar a fome e a pobreza, como prevêem os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, é necessário fornecer eletricidade para mais de 1 bilhão de pessoas que ainda vivem no escuro. Todavia, esta energia têm que ser limpa, ao reduzir sistematicamente a dependência global aos combustíveis fósseis. “Nosso desejo de garantir energia para todos não deve provocar uma  espiral de extremos climáticos, como o aumento catastrófico das temperaturas globais e dos níveis de pobreza”, alertou.

O Sumo Pontífice lembrou ainda aos presentes no encontro sobre o Acordo de Paris, assinado em dezembro de 2015, por 196 nações, que se comprometiam a limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2oC. Dois anos e meio depois, a emissão de dióxido de carbono (CO2) e a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera continuam altas.

“E mesmo assim, a busca contínua por novas reservas de combustível fóssil avança, enquanto o Acordo de Paris claramente reforça a importância de mantê-las no subsolo. É por isso que precisamos conversar juntos – indústria, investidores, pesquisadores e consumidores – sobre a transição e a busca de alternativas. A civilização requer energia, mas o uso dela não deve destruir a civilização!”.

Francisco é um dos papas que mais tem lutado pela abertura e modernização da Igreja Católica. Ativista engajado, em seus discursos, frequentemente fala sobre a conservação e a proteção do planeta e sobre a luta contra as mudanças climáticas.

*Com informações da assessoria de imprensa do Vaticano 

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Foto: reprodução Facebook Vatican News

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.