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Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia tiveram aumento em focos de incêndio em 2019, aponta Inpe

Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia tiveram aumento em focos de incêndio em 2019, aponta Inpe

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou esta semana relatório que compara o número dos focos de incêndio em todos os biomas brasileiros no ano passado em relação a 2018. Os dados revelam aumento em todos eles em 2019: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Neste último, o crescimento foi alarmante. Chegou a 493%.

Segundo o Programa Queimadas do Inpe, o total de focos de incêndios no Pantanal foi de 10.025 em 2019 – seis vezes maior do que no período anterior. A média anual para a região é de 5.980.

Já na região Amazônica, o satélite Acqua detectou 89.178 de queimadas no ano passado, alta de 30% na comparação com os 68.345 registrados na floresta em 2018. Vale ressaltar, entretanto, que em 2010 a alta foi muito pior: os focos chegaram a passar dos 134 mil. E em 2015 e 2017, a média foi de 105 mil.

Ainda de acordo com o levantamento do instituto, os demais biomas do Brasil também apresentaram índices de queimadas mais altos no ano passado em comparação a 2018.

Confira os números abaixo:

  • Na Caatinga, os focos de incêndios subiram 32%, totalizando 14.960;-
  • No Cerrado, a alta foi de 62%, com 63.874 queimadas;
  • Na Mata Atlântica, o aumento chegou a 61%, com 18.177 focos;
  • No Pampa, houve crescimento de 91%, com 1.420 focos.

Ataques ao Inpe e a Galvão: tudo para esconder o desmatamento

Não dá pra deixar de lembrar que, em 2019, o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, foi exonerado do cargo após ataques sistemáticos do presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Historicamente, o governo federal sempre levou em conta os índices de demastamento da Amazônia publicados pelo Inpe. Eles eram considerados os ‘oficiais’. Nunca antes foram contestados.

Todavia, desde que Bolsonaro assumiu a presidência, o governo tem se mostrado desconfortável com as taxas de desmatamento (em franco crescimento) apontadas pelo instituto. Salles chegou a mencionar que estaria pensando em contratar empresas privadas para realizar o monitoramento da Amazônia. E não foi só ele. Diversos outros integrantes do governo tentaram, de qualquer forma, desqualificar o trabalho do órgão.

A situação chegou a um nível tão constrangedor, que em julho do ano passado, cientistas refutaram as declarações do governo contra o Inpe, em nota à sociedade e carta a Bolsonaro. No documento, mais de 50 integrantes da Coalizão Ciência e Sociedade defenderam o instituto, que é estratégico não só para o controle do desmatamento e a regulação das mudanças climáticas, mas também para a preservação da biodiversidade e a sustentabilidade da economia, incluindo o agronegócio.

Não bastasse tentar colocar em dúvida o sério trabalho realizado pelos cientistas do Inpe, a credibilidade de Ricardo Galvão, diretor do instituto, também foi posta em dúvida.

De maneira vil e baixa, Bolsonaro agrediu o profissional. “Se for somado o desmatamento que falam dos últimos 10 anos, a Amazônia já acabou. Eu entendo a necessidade de preservar, mas a psicose ambiental deixou de existir comigo”, disse o presidente. E ele foi além. “A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos, e nós vamos chamar aqui o presidente do Inpe para conversar sobre isso, e ponto final nessa questão… Mandei ver quem está à frente do Inpe. Até parece que está a serviço de alguma ONG, o que é muito comum”.

Insultado com as afirmações, Galvão se defendeu e afirmou que não deixaria o cargo. “Tenho 71 anos, 48 anos de serviço público e ainda em ativa, não pedi minha aposentadoria. Nunca tive nenhum relacionamento com nenhuma ONG, nunca fui pago por fora, nunca recebi nada mais do que além do meu salário com o servidor público”.

O diretor falou ainda sobre o trabalho do instituto, muito respeitado não só no Brasil, como no exterior também. “Esses dados sobre desmatamento da Amazônia, feitos pelo Inpe, começaram já em meados da década de 70 e a partir de 1988 nós temos a maior série histórica de dados de desmatamento de florestas tropicais respeitada mundialmente”.

Pois em dezembro, a revista britânica Nature, uma – se não – a mais respeitada e citada publicação científica do mundo inclui Ricardo Galvão na “Nature’s 10”, uma lista com os “10 Cientistas do Ano” – pessoas que realmente fizeram a diferença para a ciência nos últimos doze meses.

Chamado de Defensor da Ciência, o texto afirma que o físico se tornou um herói nacional ao enfrentar o governo brasileiro (leia mais aqui).

Leia também:
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Presidente do Ibama libera desmatamento em área de Mata Atlântica, contrariando parecer técnico, para beneficiar hidrelétrica
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Foto: Agência Pará/Fotos Públicas

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