Panda gigante (ainda) em risco

Panda gigante (ainda) em risco

Apesar de grandes esforços de proteção e bons resultados obtidos nas últimas décadas por ambientalistas e pelo governo da China, o primeiro e mais famoso símbolo da luta pela preservação de espécies animais continua ameaçado. De acordo com um novo estudo publicado na revisa Nature, o panda gigante perdeu uma significativa área de seu habitat, que se encontra cada vez mais fragmentado e isolado.

Em setembro do ano passado, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), mudou o status do panda gigante (Ailuropoda melanoleuca) na lista vermelha dos animais sob risco de extinção de “ameaçado” para “vulnerável”, como mostramos aqui neste outro post.

A boa notícia significava que, segundo a entidade, a situação ainda exigia atenção, mas o número de indivíduos da da espécie já apresentava um aumento expressivo. De acordo com a IUCN, o último levantamento revelou que existiam 1.864 pandas gigantes adultos e algo em torno de 2.000 filhotes.

Mas o que o novo estudo conduzido por pesquisadores chineses revela é que, em 2013, a área de habitat dos pandas gigantes era menor do que em 1988, quando eles foram declarados oficialmente ameaçados de extinção. Os cientistas alertam ainda, que houve discrepância entre os quatro censos realizados para estimar a população de pandas gigantes.

Usando tecnologia geoespacial – imagens de satélite, combinadas com dados remotos – para comparar a cobertura das florestas de bambu onde vivem estes animais, a pesquisa aponta quedas importantes de habitat. Entre 1976 e 2001, eles perderam 4,9% de seu território, apesar de terem ganho 0,4% entre 2001 e 2013, mesmo enfrentando o terremoto devastador de Wenchuan em 2008. As florestas que os pandas gigantes habitam estão localizadas numa das regiões mais impactadas por terremotos da China. Foram três nos últimos 37 anos, com magnitudes entre 7 e 8 na escala Richter.

A fragmentação do habitat dos pandas chineses têm sido provocada, sobretudo, pela construção de estradas. Em 2013 havia três vezes mais delas do que em 1976. Entre 1950 e 1985, nada menos que 27 madeireiras se instalaram na região.

Mapa mostra o aumento de estradas na região onde os pandas gigantes vivem

Por outro lado, em 2013, foram criadas 67 novas reservas de proteção ambiental, acrescentadas às primeiras estabelecidas na década de 60. Com isso, houve um crescimento da população de pandas gigantes nestes áreas de preservação de 33%.

O estudo divulgado na Nature indica que hoje a população do Ailuropoda melanoleuca está dividida em 30 grupos isolados, com 18 destes possuindo apenas dez indivíduos.

Os responsáveis pelo artigo destacam que a pressão sobre o panda gigante deve aumentar ainda mais nos próximos anos, já que há previsão de construção de mais estradas e estações de usinas hidrelétricas. Os pesquisadores criticam ainda a possível exploração turística em áreas de preservação da espécie, como no Parque Nacional do Panda Gigante, a ser criado nas províncias de Sichuan, Shaanxi e Gansu.

Entre as sugestões dos cientitas para proteger a espécie estão o aumento da extensão das reservas e o estabelecimento de novos corredores entre as áreas de preservação, tentando diminuir assim a fragmentação de habitats e reconectando populações isoladas.

Afinal, o que será do mundo se não tivermos o mais querido e fofo dos ursos? Inimaginável!

Foto: domínio público/pixabay 

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.