Os indígenas Kaiapó e seus cantos maravilhosos

Kaiapó é uma denominação Tupi que significa “aquele que se assemelha ao macaco”. Essa auto denominação é de origem Mebengokre, que quer dizer “o homem verdadeiro”. Mas, independente de qualquer denominação ou estudo antropológico, o que quero dizer mesmo é que os Kaiapó são pessoas maravilhosas e sorridentes.

Em 2016, voltei á aldeia Mojkarako, no Xingu, pra participar de importante reunião com grandes caciques vindos de vários lugares, várias etnias. E quando os Mebengokre se reúnem, pode estar certo de que logo vai ter cantoria, dança e brincadeira no pátio da aldeia.

Os cantos parecem vir de um mundo mágico.

A vocalização dos homens é gutural, mas eles podem mudar a entonação, criando sons que nunca imaginei ouvir, antes. Mas são as mulheres que fazem o grande espetáculo vocal na aldeia. Não existe nada parecido com seu jeito de cantar no mundo da música.]

Então, hoje quero dar um viva aos Kaiapó e seus cantos maravilhosos!

Não tenho gravações Para o a destaque deste post, escolhi uma foto que fiz da índia Kaiapó Tuíre (e não Tuíra, como é chamada geralmente). Aos 19 anos, foi ela quem passou o terçado (facão) no rosto de José Antônio Muniz Lopes, da Eletronorte, em protesto contra a construção da hidrelétrica de Kararaô (veja a foto histórica no final da reportagem Favela Amazônia).

Isso aconteceu em 1989 e a noticia correu o mundo por conta da fotografia histórica que registrou a cena. Kararaô significa grito de guerra e, depois desse episódio, foi logo trocado.

Em minha última viagem à aldeia Moikarako, na Terra Indígena Mebengokré, em 2016, tive o imenso prazer de conhecer Tuíre e conversar sobre muitos assuntos, alegremente, além de ver que essa mulher guerreira continua sua luta. Ela me convidou para conhecer sua casa. Devo ir lá em 2018. Ah…. antes que me esqueça, a usina Kararaô chama-se Belo Monte.

Abaixo, mais algumas imagens que revelam a riqueza estética da indumentária, dos adereços e das pinturas dos Kaiapó. Mães levam seus filhos – mesmo muito pequenos – para os encontros musicais das mulheres. Em preto e branco – mais dramático -, mulheres e homens dançam ao som dos cantos mágicos dessa etnia.

Não tenho gravações originais dos cantos Kaiapó, mas selecionei um vídeo do grupo Mawaka – formado só por mulheres -, que interpreta uma bela canção dessa etnia.

Edição: Mônica Nunes


5 comentários em “Os indígenas Kaiapó e seus cantos maravilhosos

  • 15 de julho de 2017 em 10:51 AM
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    ah q pena, pensei q seguindo o link teria música

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    • 17 de julho de 2017 em 10:54 PM
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      Ola Siusi!
      Já havíamos incluído vídeo do grupo Mawaca com cantos dos kaiapó para os leitores conhecerem. Tente novamente. Vc vai adorar ouvir.

      Obrigada por seu interesse.
      Abs

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  • 18 de julho de 2017 em 9:14 AM
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    O que esta música está dizendo? Alguém sabe me dizer?

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  • 5 de novembro de 2020 em 4:16 PM
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    Muito legal legal o texto queria poder começar de perto os Kayapó

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  • 21 de abril de 2023 em 9:55 PM
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    saudações – está passada a hora de ser revista a confecção de cocares como ainda hoje – não lhes ocorre montar uma cooperativa para a produção de penas de papelão reciclado, fibra de vidro, PVC, PVA? – pois em 2023 depenar as araras que se tornam impedidas de retornar aos ninhos, onde os filhotes morrerão secos ou no bico do gavião e as próprias araras peladas não têm como se suprir de alimento, perambulando peladas pelas aldeias e até assustando os cães domésticos, ao calor do Sol ou sob as chuvas às noites – não fica distante as araras serem classificadas como espécie em extinção e colocarem os papagaios na fila – questões culturais têm prazo de validade pela dinâmica do modo de vida – a tecnologia não pede licença para se impor ou para ser imposta e chega arrastando quem se lhes opõe – a causa indígena é importantíssima, sempre foi descuidada, então a importância e a visibilidade devem vir em trilhos justos, corretos, responsáveis – tentei participar

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Renato Soares

Fotógrafo e documentarista especializado no registro de povos indígenas, bem como da arte, cultura e biodiversidade do país. Mineiro, desde 1986 realiza viagens para retratar formas de expressão cultural dos grupos étnicos brasileiros. Colaborador do blog Por Trás das Câmeras, Renato descreve o que chama de "Diário de Campo". É autor ainda do blog Ameríndios do Brasil, mesmo nome do seu projeto de fotografia com os índios