O salto da baleia jubarte

salto de uma baleia jubarte


Alguns animais são emblemáticos por serem muito pequenos, raros, grandes, fortes, ou ainda, com comportamentos tidos como curiosos para nós, humanos. Daqueles que tive oportunidade de fotografar, as baleias exerceram um fascínio especial sobre mim.

Estar próximo de um animal com mais de 30 toneladas e 15 metros de comprimento, vê-lo passar por baixo do barco, ver sua cauda e sentir o “spray” de sua respiração já é uma grande emoção, porém, presenciar um salto desta gigante é uma emoção indescritível!!

Há alguns anos, fui ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos fotografar as baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae). Lá elas têm o comportamento de ficar com as caudas para fora da água por um longo período. Migram para as regiões mais quentes durante o inverno antártico para ter seus filhos e durante meses, não se alimentam!

Saltos são raros e duram segundos. Cheguei a ver um, porém foi inesperado, muito longe e eu não estava preparado!

Fotografias de saltos de jubartes, tendo como pano de fundo montanhas, são ainda mais raras e imprevisíveis.

Em fevereiro de 2017, junto com o meu amigo André Dib, coordenei uma Vivência Fotográfica na região do Estreito de Magalhães, próximo à Terra do Fogo e o Cabo Horn. Um local com rara beleza, onde estávamos em um navio especialmente preparado para conduzir pequenos grupo de fotógrafos.

Passamos o dia anterior fotografando as baleias se alimentando. Devido à influência das águas do Oceano Atlântico e Pacifico, o local tem uma fauna marinha muito rica. As águas são profundas, com rochas escavadas pelas geleiras da última glaciação. Mesmo próximo à margem, a profundidade pode chegar à dezenas de metros.

Nesta região, as baleias se alimentam fazendo uma sequência de ir e vir em canais repletos de comida para elas. Eram várias baleias que nadavam juntas, num movimento que seguíamos, mas no final o que víamos era seu dorso e as caudas, antes delas mergulharem para mais uma passagem.

Certa manhã, entretanto, as baleias não foram avistadas e o capitão do navio resolveu mudar de local. Subiu a âncora e quando estávamos em movimento, vi algo inesperado. Um salto bem atrás do navio, porém longe. Corri para avisar o capitão. Neste ínterim, ela saltou uma vez, mais outra, mais outra… No total, foram quatro saltos seguidos!!! E eu com a câmera na mão falando com o capitão!

O navio deu meia volta e chegamos mais próximos ao local dos saltos. Eu estava feliz por ter visto os saltos, mas ao mesmo tempo, frustrado por não ter podido fotografar.

As baleias começaram a bater na água suas enormes nadadeiras dorsais. Uma, duas, quatro, seis nadadeiras!! Eram várias baleias que pareciam estar brincando. Ficavam de barriga para cima, girando e batendo as nadadeiras. Uma cena linda de se ver.

O tempo na Patagônia muda rapidamente e naquele momento havia sol. Fiz uma bela sequência de fotos das nadadeiras com as rochas e montanhas ao fundo. Mas a sensação de ter perdido o salto continuava a me incomodar.

De repente, uma jubarte pula. A luz estava perfeita, as montanhas ao fundo, tudo regulado na câmera!! No total, foram 2 segundos de ação para uma viagem de uma semana.

Esta sequência para mim é como uma premiação, um grande presente.

*Nikon D800, Lente 200-500mm F5.6 em 280mm – ISO 500 – Velocidade 1/1600

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Zig Koch

Fotógrafo profissional com ênfase em imagens de natureza, turismo e viagens. Autor de 14 livros e 25 exposições individuais, sendo quatro internacionais. Percorreu todos os biomas brasileiros, viajou para vários países de outros continentes, fotografando para revistas, ONGs e empresas.