O domingo em que 95% da energia da Alemanha veio de fontes renováveis

domingo em berlim quando a energia do país foi gerada por fontes limpas

Não é só no campo de futebol que os alemães fazem bonito. Na área de energias renováveis eles também estão dando um show de bola. O domingo, 8/5, foi um dia histórico para o país. Exatamente às 11 horas da manhã, 95% da demanda de eletricidade dos 80 milhões de habitantes da Alemanha foi suprida por fontes limpas de energia. O tempo deu um empurrãozinho neste feito: foi um domingo lindo de sol e o vento era constante.

Pouco antes do meio dia, o consumo de eletricidade no país era de 57,8 gigawatts. Deste total, 45% foi gerado através de energia solar, 36% por turbinas eólicas, 8,9% por biomassa e 4,8% por usinas hidrelétricas.

A cada ano, o país tem alcançado um novo recorde histórico. Em 2015, em julho – verão europeu – a Alemanha conseguiu atingir sua demanda energética utilizando 78% de fontes renováveis. No ano anterior, em maio de 2014, a porcentagem tinha sido de 74%.

Por isso mesmo, 95% é um número a ser comemorado. Todavia, ele reflete apenas um momento de um dia específico, que em geral, tem sido nos meses mais quentes do Hemisfério Norte : verão e primavera. O grande desafio agora é como será possível estocar a energia renovável para que ela possa ser utilizada nos meses mais frios, quando fica mais complicado produzí-la, principalmente a solar.

Atualmente a maioria das usinas solares alemãs está localizada no sul do país, região mais quente, enquanto que as turbinas eólicas se concentram ao norte.

Existe um grande plano nacional em andamento na Alemanha chamado Energiewende (transição energética, em português). Estabelecido em 2011, ele prevê que a emissão de gases de efeito estufa seja reduzida entre 80% e 95% nos próximos anos, as usinas nucleares sejam fechadas até 2022 e que, até 2050, 60% da energia produzida no país seja renovável.

Apesar de ambicioso, o plano Energiewende tem se mostrado viável. Em dez anos, as fontes renováveis aumentaram sua participação na matriz energética de 6% para 25%. Pesquisa realizada entre os alemães mostrou que 92% deles apoiam a iniciativa do governo.

Apesar do investimento ser alto – algo em torno de 200 bilhões de euros -, o setor de energia limpa já gerou 370 mil novos postos de trabalho nos últimos anos.

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Fotos: divulgação Visit Berlin/Creative Commons/Flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.