Número de onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu aumenta 70% em apenas seis anos

número de onças-pintadas cresce no Parque do Iguaçu

Esta é para começar bem a semana. O bem sucedido trabalho de conservação realizado pelo Projeto Carnívoros do Iguaçu mostrou resultados incríveis: o número de onças-pintadas cresceu 70%, entre 2010 e 2016, no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, local onde está localizada a maior e mais meridional população da espécie no Brasil.

Ameaçada de extinção, a onça-pintada (Panthera onca) é o terceiro maior felino do mundo e o maior do continente americano. Seu peso pode variar entre 56 e 92 kg, mas algumas passam dos 100 kg.

No oeste do Paraná, o desaparecimento da espécie se intensificou a partir de 1950, quando extensas áreas de florestas foram derrubadas para dar espaço à expansão da agricultura. Com um habitat cada vez menor, as onças-pintadas se refugiaram no Parque do Iguaçu e os territórios adjacentes na Argentina e Paraguai.

Todavia, na década de 90, estudos do biólogo Peter Crawshaw Jr. apontaram o declínio da população do animal nesta região. Iniciou-se então o Projeto Carnívoros do Iguaçu. Durante quase uma década, o pesquisador e sua equipe monitoraram algumas espécies de carnívoros da Mata Atlântica, como a onça-pintada e a jaguatirica.

Usando rádios-transmissores, Crawshaw Jr. calculou, em 1995, uma densidade de 3,6 onças-pintadas/100 km, estimando uma população mínima de 68 onças para todo o Parque Nacional do Iguaçu, uma estatística alarmante! As pesquisas do biólogo revelaram ainda a morte de dez animais, assassinados por caçadores e produtores da região, em um período de três anos.

Com o número deles diminuindo cada vez mais, em 2009, o Carnívoros do Iguaçu foi retomado, ganhando o apoio do Centro Nacional de Conservação e Mamíferos Carnívoros (Cenap), em parceria inédita entre instituições públicas e privadas, que possuem concessão para exploração turística do parque. Em 2010, um acordo de cooperação internacional com a Argentina também reforçou a iniciativa.

Algumas das ações feitas pelo projeto de conservação foram a elaboração de uma estimativa populacional das onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu; monitoramento dos hábitos e deslocamento dos animais; identificação das ameaças diretas e indiretas sobre a espécie e suas presas naturais e avaliação dos impactos das onças sobre a criação de animais domésticos e outros conflitos com as comunidades da região.

Como a onça-pintada é um animal do chamado “topo da cadeia alimentar”, as condições de sua população (crescimento ou declínio) são um termômetro para medir o equilíbrio ambiental.

Por ano, cerca de 1,6 milhão de pessoas visitam o Parque Nacional do Iguaçu, que tem como principal atração, as Cataratas do Iguaçu. Com uma administração focada na sustentabilidade, conseguiu-se – mesmo com o aumento de turistas – diminuir os impactos na vida selvagem.

Curiosidades da onça-pintada

Diferentemente da maioria dos felinos, a onça-pintada não mia. Assim como o tigre, leão e leopardo, ela emite roncos muitos fortes, chamados de esturros.

Outra curiosidade sobre a Panthera onca é em relação às suas manchas. Cada animal tem uma padrão de manchas único, ou seja, nunca haverá duas onças-pintadas iguais. É como se as manchas fossem impressões digitais. Por estão razão, elas são utilizadas para a identificação dos felinos.

Durante trabalho de captura para observação e estudo da onça-pintada, pesquisadores costumam fotografar a pelagem do animal na lateral e também na cabeça, assim é possível diferenciá-lo junto a outros felinos da mesma espécie.

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Foto: Bart van Drop/Creative Commons/Flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.