Novo filme da série Star Wars coloca em risco santuário de aves ameaçadas

Post 13 - Blog Avoando (autor: Sandro Von Matter)
Como a grande maioria dos apaixonados por filmes sobre o espaço, sempre fui um grande fã da épica série Star Wars (Guerra nas Estrelas, no Brasil) e, claro, não perderia por nada nesta galáxia o novo filme da franquia que estreou nos cinemas de todo país, em dezembro de 2015.

Após meses de espera, assisti O Despertar da Força (The Force Awakens, título original em inglês), sétimo filme da série e o primeiro produzido após a venda da Lucas Film por George Lucas para a Walt Disney Pictures.

Vibrei a cada segundo, embora algumas passagens tenham irritado profundamente meu lado cientista que, quase sempre, insiste em questionar tudo, como por exemplo: como o Chewbacca, mesmo envelhecendo a uma velocidade infinitivamente menor que um ser humano, não ganhou sequer um cabelo branco após décadas que transformaram o capitão Han Solo (novamente vivido por Harrison Ford) em um ancião? Ou, então, como o robô BB-8, um dos principais personagens do filme (na foto acima), construído sobre uma base esférica, é capaz de se locomover com precisão sobre areia fofa?

Mas apesar disso e da morte de um dos meus personagens preferidos, tudo ia muito bem até o momento final, o ápice do filme, quando Luke Skywalker surge em uma ilha paradisíaca.

Você pode estar se perguntando se eu deixei de ser um cientista especializado em aves, responsável por projetos como a Hora do Sabiá e obras como o livro Ornitologia e Conservação, para ser crítico de cinema. Mas na verdade, foi exatamente nesta última cena que meus ouvidos e olhos ou – quem sabe – um sexto sentido, me deixaram com a nítida impressão de ter detectado ao fundo o som de um Papagaio-do-mar (Fratercula arctica) e de ter visto indivíduos de Gaivota-tridáctila (Rissa tridactyla). Imediatamente, me perguntei:  “Como assim?”.

O Papagaio-do-mar, como você pode conferir no vídeo abaixo, é uma bela e simpática ave marinha que está ameaçada de extinção e é considerada vulnerável, enquanto que as populações de Gaivota-tridáctila estão em declínio, ambas as aves estão atualmente na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).

Como todas espécies ameaçadas listadas pela IUCN, seus habitats são protegidos por lei e esforços específicos para estudo e conservação destas espécies são implementados por pesquisadores e instituições. Bem, mesmo que você não seja um especialista provavelmente pode imaginar que conservação de espécies ameaçadas não combina com a logística necessária para superproduções de Hollywood.

Então, estaria a Disney – atual detentora dos direitos da saga Star Wars – realizando filmagens em uma área de ocorrência de espécies ameaçadas? Se sim, seria um desastre para uma empresa que tem, com  público alvo, as crianças.

Após alguns contatos com pesquisadores no exterior, confirmei minhas suspeitas iniciais de que aquele local seria uma área de reprodução de aves marinhas ameaçadas. Para meu total espanto, parte das filmagens foram rodadas em uma ilha que abriga espécies de aves como o Painho-de-cauda-quadrada (Hydrobates pelagicus), a Gaivota-tridáctila (Rissa tridactyla), a Pardela-sombria (Puffinus puffinus) e, também, o mais que ameaçado Papagaio-do-mar (Fratercula arctica).

A ilha, em questão, que aparece na última cena do filme, é Skellig Michael (na foto abaixo), localizada a 13 km da costa da Irlanda, local que, além de área para reprodução de aves marinhas ameaçadas, abriga as ruínas de um mosteiro construído há mais de 1400 anos e é reconhecido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação) como Patrimônio Mundial.

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Ainda assim, surpreendentemente, a Ministra Heather Humphreys, responsável pela autorização de atividades em áreas de preservação da Irlanda, concedeu, sem qualquer estudo prévio, autorização a uma equipe de filmagem com nada menos que 180 pessoas, acompanhadas de toneladas de equipamentos, que permaneceram na ilha por duas semanas.

Qual seria o impacto causado por um time de quase 200 pessoas em uma ilha rochosa, considerada santuário da vida selvagem, com uma área de somente 2 km² e que, segundo o último censo de aves marinhas é área de reprodução de mais de 10 mil casais de aves, das quais muitas estão ameaçadas de extinção. E quais podem ser as consequências dessa movimentação toda para as populações de espécies do local?

Para responder a esta pergunta, procurei a opinião de quem, mais do que ninguém, entende do assunto. Conversei com o pesquisador, especialista em conservação de aves marinhas, Dr. Stephen Newton, que estuda as aves desta mesma ilha há mais de uma década.

Segundo o Dr. Newton, “as dimensões dos impactos causados pela filmagem nesta que é uma das áreas de reprodução de aves marinhas mais importantes da Europa, são imprevisíveis, especialmente pelo fato de que as ilhas Skelling Michael e Little Skellig são classificadas como (IBAS) Áreas Importantes para Preservação de Aves, designação internacional dada apenas a territórios reconhecidos como habitats globalmente importantes para a conservação de aves”.

O especialista afirmou que, mesmo que todas as precauções para evitar impactos ambientais fossem adotadas, o que não aconteceu, existia ainda o risco de introdução acidental de espécies exóticas invasoras, que poderiam destruir o ecossistema das ilhas, como o Rato (Rattus norvegicus) e o Vison-Americano (Neovison vison), durante o transporte do material para a filmagem, risco que não foi sequer levado em consideração pelos estúdios Disney.

Conversei também com Eric Dempsey, um dos maiores ambientalistas da Irlanda, especialista em aves, fotógrafo da vida selvagem e, autor de diversos livros como o aclamado Don’t Die In Autumn (Não Morra no Outono, em português). Dempsey afirmou estar profundamente decepcionado com o governo por ter autorizado a locação de Skellig Michael, mesmo estando ciente dos impactos que seriam gerados, em sua opinião as autoridades irlandesas demonstraram total desprezo pelo patrimônio ambiental.

“A ilha, é um dos locais mais preciosos da Irlanda e, graças ao consentimento do governo, foi depredada pelo uso de helicópteros, equipamentos pesados, cabos e pisoteamento de centenas de pessoas durante as filmagens que, em parte, foram equivocadamente realizadas durante a época de reprodução das aves, momento em que milhares de aves marinhas constroem seus ninhos nos penhascos, no solo, ao redor e dentro das ruínas históricas”, afirmou Eric Dempsey.

Ainda segundo Dempsey e inúmeros outros conservacionistas do país, já em setembro de 2014, quando a equipe do filme visitou a ilha pela primeira vez, o Serviço de Áreas Protegidas da Irlanda registrou incidentes como o que matou dezenas de filhotes de Gaivota-tridáctila (Rissa tridactyla) que foram derrubados de seus ninhos pelo vento provocado pelas hélices dos helicópteros e acabaram no mar.

Por estes motivos, toda a comunidade de ambientalistas da Irlanda, como também inúmeros pesquisadores e o próprio Dr. Newton, se posicionaram, contra a realização do filme na ilha e, lutaram para impedir as filmagens recebendo o apoio de personalidades e jornalistas. A polêmica foi tamanha que, o assunto foi noticiado por inúmeros veículos de mídia da Irlanda.

Entrei em contato, por e-mail, com Jeffrey Jacob Abrams, escritor, diretor e produtor de cinema e televisão dos Estados Unidos que dirigiu O Despertar da Força. Queria conhecer sua posição a respeito dos possíveis impactos que a realização do filme neste santuário poderiam ter causado às populações de aves da região. Mas, embora tenha obtido confirmação de leitura, até o momento ele não se pronunciou.

É imprescindível enfatizar, que atividades, obras e empreendimentos que possam causar qualquer tipo de interferência no meio ambiente devem ser alvo de um meticuloso processo de análise de impacto ambiental, viabilidade de execução e monitoramento conduzido por especialistas. É inaceitável que atividades desse tipo sejam aprovadas sem que os instrumentos legais, que visam a conservação ambiental, sejam devidamente adotados.

Será impossível prever e quantificar os danos, a longo prazo, causados às populações de aves ameaçadas da ilha em questão. Interferências humanas em ecossistemas tão frágeis quanto, pequenas ilhas, já levaram à perda de espécies únicas e insubstituíveis para sempre.

No caso do novo filme da série Star Wars, não foi um Jedi mas, sim, os estúdios Disney, produtores e diretores que passaram para o lado sombrio da força e, lamentavelmente, ignoraram por completo os sábios conselhos que um dia o mestre Yoda compartilhou com Luke Skywalker, no filme o Império Contra-Ataca (cena abaixo): “… Se somente uma vez optarmos pelo lado sombrio da força, para sempre ele dominará o nosso destino”.

yoda

Imagens: Reprodução

30 comentários em “Novo filme da série Star Wars coloca em risco santuário de aves ameaçadas

  • 26 de dezembro de 2015 em 10:59 AM
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    Uma pena receber uma noticia dessas sobre um filme do qual gosto tanto :(. Sobre o Chewbacca.. Wookies vivem bem mais que humanos. O próprio chewie já tem mais de 200, se não me engano.. Então faz algum sentido que ele tenha envelhecido pouco ou quase nada. Abraços!

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    • 27 de dezembro de 2015 em 2:38 PM
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      Não percebesse que o autor do “artigo” está apenas dizendo que seria inaceitável se… e não diz nada de ruim que a produção está fazendo?

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    • 28 de dezembro de 2015 em 3:24 PM
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      Olá Davi,

      Ótimo comentário, Obrigado pela visita em meu blog.
      Realmente … mas veja…

      Attichitcuk, pai de Chewbacca passou de castanho para grisalho seguindo o processo de envelhecimento normal. Segundo Andy Mangels — autor do livro ‘Star Wars: Guia Essencial para os Personagens’, Attichitcuk foi introduzido na série em 1978 e, na época, tinha nada menos que 350 anos de idade. Chewbacca fez sua primeira aparição no filme ‘Uma Nova Esperança’, na época ele teria 200 anos. Segundo esta lógica, se Chewbacca envelhecer como o pai ele poderia tornar-se grisalho nos próximos 150 anos.

      Como a linha do tempo na série de filmes Star Wars é estabelecida em tempo real e, como o filme ‘Uma Nova Esperança’ foi lançado há 38 anos, Chewbacca teria atualmente apenas 240 anos e, uma vez que Wookies podem viver centenas de anos Chewbacca ainda seria jovem.

      O problema maior para mim é que, o envelhecimento é um processo contínuo e, independente do tempo de vida de cada espécie, algumas pequenas alterações deveriam ser notadas, assim como é possível observar no caso do envelhecimento de Yoda que viveu até os 900 anos. Já para Chewbacca, não existe nenhuma alteração na aparência do personagem, na verdade ele aparenta até mais jovem quando comparadas as fotos do dois filmes.

      Ou pior ainda, Chewbacca (e não Han Solo) morre no livro Vector Prime publicado por Salvatore em 1999. Chewbacca morre exatamente para salvar Solo que escapa da morte ao lado de Anakin Skywalker (que se tornaria Darth Vader no futuro). Como é possível que ele surja jovem e saudável?

      A parte das discussões em torno do misterioso processo de envelhecimento dos Wookies, lembrando que todo o Universo Star Wars é fictício, seria interessante que Chewbacca de alguma forma aparentasse algum sinal de envelhecimento ou, ao menos, algum amadurecimento de sua personalidade assim como ocorreu com o próprio Yoda.

      Mas assim como outas, essa é uma daquelas discussões sem fim.
      Por que afinal é baseada na vida de personagens de filmes de ficção que muitas vezes são até ressuscitados.

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  • 27 de dezembro de 2015 em 2:37 PM
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    Sério, cara, que tás achando, porque seria inaceitável, coisa e tal? Ou seja, não tás dizendo nada com nada!

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    • 28 de dezembro de 2015 em 6:54 PM
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      Olá Jacknpoe, Bom dia,

      A primeira vista, o impacto causado em um área por uma equipe de filmagem pode não parecer algo tão relevante.
      Mas na visão de cientistas que atuam na área de conservação de espécies, as consequências de qualquer impacto são imprevisíveis.

      Vou explicar um pouco melhor, imagine um jogo de gravetos, daqueles que você derruba um monte de gravetos em uma mesa e tenta retirar um deles sem mover os demais. Se você puxar um deles será quase impossível não movimentar os outros, certo?

      O mesmo acontece em um ecossistema, centenas de espécies e variáveis ambientais interagem entre si e, mesmo pequenas alterações no ambiente podem afetar o ecossistema como um todo uma vez que, muitas espécies estão conectadas.

      Agora imagine uma área tão pequena quanto uma ilha de 21.9 ha (54 acres), onde diversas espécies ameaçadas constroem seus ninhos no chão e, criam seus filhotes até que estejam aptos a voar grandes distâncias mar adentro. Agora pense em uma equipe de cerca de 200 pessoas andando pelo local acompanhadas de toneladas de equipamento, realizando inclusive filmagens aéreas com helicópteros.

      Toda esta movimentação gera um impacto no ambiente, impacto que pode afetar a vida das espécies que ocorrem neste ecossistema, esta é a questão levantada por autoridades ambientais Irlandesas, por este motivo foi utilizado o termo ‘inaceitável’.

      Seria imprescindível um estudo prévio do impacto que seria causado na ilha e um acompanhamento rigoroso para, ao menos, minimizar este impacto. Especialmente por estas ilhas serem um local utilizado para reprodução de espécies ameaçadas de extinção.

      Obrigado pelo seu comentário.

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  • 27 de dezembro de 2015 em 3:25 PM
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    mano não é que eles passaram pro lado sombrio da força ‘=’ e sim que eles não tem noção alguma do que fizeram, foi descuido da parte deles? SIM, um grande descuido mas não é como se eles tivessem falado “hahaha foda-se as aves”.

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    • 28 de dezembro de 2015 em 6:19 PM
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      Olá Vini,

      Obrigado pelo seu gentil comentário.

      Claro que ninguém, ainda mais um grande estúdio, afetaria uma área de preservação propositalmente. Entretanto, algumas áreas e espécies são extremamente frágeis, tão frágeis que pequenos impactos podem levar à um desequilíbrio ambiental imprevisível.

      Este foi o argumento utilizado pelas autoridades ambientais na Irlanda, segundos pesquisados e algumas instituições para acessar a ilha seria importante que estudos prévios detalhados tivessem sido realizados para minimizar possíveis impactos o que, não ocorreu.

      Abraços e continue acompanhando meus textos e deixando a sua opinião.

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  • 27 de dezembro de 2015 em 3:27 PM
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    Chewbacca não envelheceu pq wookies vivem ate uns 400 anos e ele tem em torno de 200

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    • 28 de dezembro de 2015 em 6:02 PM
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      Olá Miguel,

      Exatamente por este motivo, minha afirmação foi um desabafo do meu lado de cientista, que se esquece por um segundo do óbvio, estamos falando de um filme e, claro não necessariamente tudo que aparece em um filme de ficção precisa respeitar lei científicas.

      Mas você esta certo, teoricamente seguindo informações do Universo Star Wars, Chewbacca ainda seria jovem para apresentar mudanças drásticas relacionadas ao envelhecimento que afetem sua aparência mas, seguindo as mesmas informações Chewbacca estaria morto desde de 1999 então, por que não alterar um pouco a sua aparência demonstrando que mesmo envelhecendo a uma velocidade infinitivamente menor que os humanos ele também envelheceu?

      Comparando os filmes de 1977 e o de 2015, teríamos a impressão que Chewbacca na verdade rejuvenesceu alguns anos. Quando mesmo os dróides que são “imortais” apresentam sinais de envelhecimento no Episódio VII.

      Acredito que teremos novidades para o próximo filme, pois este foi um assunto que repercutiu internacionalmente nas últimas semanas.

      Grande Abraço e continue deixando seus comentários por aqui, obrigado.

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  • 27 de dezembro de 2015 em 4:11 PM
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    “(…) embora algumas passagens tenham irritado profundamente meu lado cientista que (…)”

    Só lembrando. Star Wars é uma obra de fantasia. Não é sequer ficção científica.

    Se você gostou de Senhor dos Anéis e não achou estranho que um hobbit possa ficar invisível assim que coloca um anel mágico do Mal no dedo, certamente não vai se incomodar com os pelos do Chewbacca. Certo?

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    • 28 de dezembro de 2015 em 5:38 PM
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      Olá Márcio, Bom dia,
      Obrigado pelos seus comentários.

      Você está certíssimo.

      Obras de fantasias não estão sujeitas a contestações científicas afinal, como você bem citou não passam de fantasia certo?
      Minha afirmação no texto, foi apenas para compartilhar com o leitor uma opinião pessoal. Como citei em resposta a outro leitor, a questão não foi apenas a cor dos pelos do Chewbacca, mas a ausência de qualquer sinal de alteração do personagem em contraste com o personagem de Han Solo.

      Independente da cor, ou do processo de envelhecimento, o personagem aparenta muito muito mais jovem. Seus pelos (risos) estão absurdamente mais macios e lisos do que em 1977 o que para mim simplesmente não faz sentido algum.

      Em tempo, embora Star Wars seja considerada por alguns como Fantasia ou Space Opera, possui muitos elementos de ficção científica. Vou citar dois exemplos aqui, os sabres de luz que foram inventados por uma equipe de pesquisadores liderada pelo professor Kishan Dholakia and Dr Frank Gunn-Moore of the University of St Andrews in Scotland. E a ideia de que a Força controlada pelos Jedis é possível graças aos Midi-chlorians, que são bactérias reais Midichloria mitochondrii, que vivem dentro das mitocôndrias. Estas bactérias foram identificadas pelo Dr. Nate Lo e possuem enorme similariedade com os organismos descritos na série.

      Sou um grande fã da série, e Chewbacca é de um longe um dos meus personagens prediletos.

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  • 3 de janeiro de 2016 em 4:55 PM
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    Ótima reflexão. Não sei se estou certa no que vou dizer, mas pra mim isso é reflexo do “circo”. Parece que independente do país e das políticas que o regem, o circo sobrepõe outras questões, nesse caso a ambiental. Longe de mim soar como uma pessoa desfavorável a qualquer manifestação artística e cultural como a produção de filmes, mas o zelo pelos elos frágeis das diversas formas de vida do nosso planeta não deveriam ser ignoradas NUNCA. Parabéns pelo texto.

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    • 5 de janeiro de 2016 em 8:45 PM
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      Olá Priscila, Obrigado pelo comentário,

      A questão não é abdicar de empreendimentos, sejam quais forem, mais realizá-los seguindo procedimentos científicos mínimos e sob supervisão de autoridades capacitadas. O que ocorre, no Brasil e em outros país é que, parara facilitar processos em favorecimento de grandes corporações, procedimentos que existem para proteger o patrimônio ambiental são deixados de lado e ações como as filmagens do filme são realizadas sem o devido acompanhamento e, sem respeitar a conservação da biodiversidade.

      Isso é inaceitável, colocar em risco espécies já ameaçadas de extinção é algo que não pode e não deve ser banalizado.

      Abraços e bem vinda ao portal.

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  • 4 de janeiro de 2016 em 2:57 AM
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    Adorei o texto! Parabéns. Gostaria de saber se não há uma base de monitoramento na ilha e se não existem ali diariamente turistas, pescadores e afins, que também possam causar impacto. Não que eu discorde da sua opinião, mas se existe sim, uma atividade corriqueira na ilha, para a Ministra a autorização da filmagem pode não ter sido nada fora do cotidiano (pressupondo que ela não seja bióloga). E sobre o Chewie, se eles colocassem até um menino pra fazer (bem estilo Benjamin Button), a galera ainda ia chapar, o filme foi 10! A minha crítica é só das palhaçadas e personalizações dos Stormtroopers, o que não teve muita repercussão mas me incomodou profundamente. Espero ler textos tão influentes e de tão boa qualidade no futuro, continuarei acompanhando o blog. Obrigado! ;)

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    • 6 de janeiro de 2016 em 6:26 PM
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      Olá João, Obrigado pela visita,

      O filme é bom sim, em especial por que os roteiristas se basearam muito no legado construído pelo George Lucas e pelo Ralph McQuarrie, dê uma olhada nas ilustrações originais, o Episódio VII foi inspirado no melhores momentos dos filmes criados por Lucas, ele pessoalmente afirmou em entrevista que não gostou por que não houveram novos elementos apenas o uso dos elementos que ele já havia criado.

      Sobre os impactos na área, esta já é uma outra história, como expliquei em resposta aqui para a leitora Andrea, a visitação turística na Ilha é realizada sob rigorosa fiscalização, apenas através de barcos, durante o dia, em áreas exclusivas e sinalizadas e, principalmente fora da época de reprodução das espécies de aves ameaçadas. Conversei com vários especialistas da Irlanda e o que ocorreu durante as filmagens foi completamente diferente.

      A Ilha é absurdamente pequena, apenas 2 km², basicamente é um rochedo ingrime incrustado no mar, onde as aves ameaçadas fazem seus ninhos nos paredões rochosos, no chão, nos muros das ruínas, ou seja, por toda parte e são milhares de aves de diversas espécies. Durante uma das visitas para filmagem, os helicópteros acabaram derrubando dezenas de filhotes e, não foram respeitadas as normas normalmente adotadas para turistas.

      Muitos dos cuidados que deveriam ter sido tomados foram ignorados, para não dizer atropelados, uma pena que um filme tão esperado tenha marcado a história da saga por desrespeitar espécies ameaçadas.

      Grande Abraço,

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  • 4 de janeiro de 2016 em 9:30 AM
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    Oii Sandro, concordo com tudo, mas tenho uma observação: pelo que eu sei, em Skellig Michael é permitido a entrada de 180 turistas por dia.. acho que só esse fato já é preocupante pela introdução de ratos, duvido que todos se preocupam em olhar a bagagem (alguns fotógrafos carregam muita coisa) antes de entrar no barco! Então, acho que isso não vale só pro filme!!

    E sobre o uso de helicóptero, tem algum site em inglês com essas informações? to pesquisando e não consigo achar informação sobre o helicóptero ter derrubado os bebes na água e estou precisando pra mostrar pra algumas pessoas! Onde vc fez essa pesquisa? entrou em contato com o serviço de áreas protegidas?

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    • 5 de janeiro de 2016 em 8:39 PM
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      Oi Andrea, Tudo bom?

      Obrigado pela sua visita e pelo comentário, as regras para visitação turística na Ilha são extremamente rigorosas, uma situação extremamente diferente do que ocorreu durante a filmagens. Apenas 13 barcos visitam a pequena ilha rochosa de 2 km², turistas são acompanhados de perto por guias oficiais e, o acesso é restrito a áreas previamente demarcadas e cercadas. Além disso, não são 180 pessoas em um único grupo, este é o número máximo de pessoas por dia, mas as visitas ocorrem ao poucos ao longo do dia.

      Lembrando todo o acesso de turistas é realizado FORA dos meses que abrangem o período reprodutivo das aves.

      Poucos sites no mundo relataram o ocorrido, no Brasil eu fui o único a abordar o assunto, apenas alguns veículos de mídia Irlandeses que apoiam os pesquisadores e ambientalistas daquele país publicaram notícias sobre o tema. Minha fontes de informação são alguns dos mais renomados pesquisadores da Irlanda na área de conservação de aves, como atuo na área há quase 20 anos frequentando dezenas de encontros internacionais de cientistas que estudam aves tenho contato direto com pesquisadores do mundo inteiro.

      Mas posso entrar em contato contigo via email e, lhe passar todas as informações relacionadas aos bastidores da matéria.
      Será um prazer, Grande Abraço

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    • 22 de janeiro de 2016 em 7:39 PM
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      Olá Andrea,
      Já entrei em contato contigo via email, mas vou compartilhar aqui a minha resposta,
      Atuo há décadas como pesquisador na área ambiental e após tantos anos acúmulo contatos de colegas do mundo inteiro. Todas as informações que citadas no texto foram compartilhadas comigo diretamente por pesquisadores que atuam na região, mas como a polêmica na Irlanda, em torno das filmagens, foi enorme, não é difícil encontrar matérias com inúmeras informações sobre o que ocorreu publicadas em jornais irlandeses.
      Sobre a visitação de turistas na Ilha, ela ocorre em condições completamente diferentes aquelas quando as filmagens foram realizadas, o controle e a fiscalização são extremamente severos pela área ter sido decretada Patrimônio Mundial e diversas medidas visando a conservação das aves são rigorosamente respeitadas.
      Grande abraço

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  • 7 de janeiro de 2016 em 2:05 AM
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    “Ou pior ainda, Chewbacca (e não Han Solo) morre no livro Vector Prime publicado por Salvatore em 1999. Chewbacca morre exatamente para salvar Solo que escapa da morte ao lado de Anakin Skywalker (que se tornaria Darth Vader no futuro). Como é possível que ele surja jovem e saudável?”

    Vale lembrar que a Disney desconsiderou todo o material “Legend” como não canônico, ou seja, nas inumeras partes de comentários que tu reforça a morte do Chewbacca, foram desconsideradas, já que depois que a LucasFilm foi comprada pela Disney, apenas os 6 filmes + Clone Wars + Rebels + livros saindo a partir de 2015 oficias canônicos, podem ser levados em consideração.

    E quanto ao seu ouvido apurado em ouvir o pássaro, lembre-se que todo o áudio tratado é colocado em pós produção, caso contrario seria possível escutar o forte vento da região e tudo o mais.

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    • 22 de janeiro de 2016 em 7:28 PM
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      Olá Eduardo,
      Exatamente… todo o audio e também o vídeo são tratados, mas é possível para um especialista perceber a diferença. Vou citar dois exemplos, nas cenas finais do filme assim que Rey desembarca na Ilha, pode-se ouvir um grito semelhante ao da águia-americana (Haliaeetus leucocephalus), esse som na verdade foi inserido digitalmente no filme e não é sequer o canto de uma águia mas sim o de um Búteo-de-cauda-vermelha. Pouco depois é possível ver a silhueta de algumas aves negras/marrons voando ao redor da ilha, todas com a mesma forma e o mesmo movimento, estas imagens também foram inseridas posteriormente no filme. Muito diferente são os casos das aves que citei, cujos “rastros” foram capturados pela filmagem e que definitivamente ocorrem no local segundo as autoridades ambientais da Irlanda que realizam um censo periódico das espécie presentes.

      Já sobre a opção da Disney de ignorar todo o material Legend, eu pessoalmente não gostei, mas é apenas opinião pessoal, que vai variar muito de um fã para outro, assim como as discussões sobre o mundo dos quadrinhos.

      Grande abraço e continue visitando meus textos, é sempre muito bom conversar a respeito.

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  • 7 de janeiro de 2016 em 4:16 AM
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    Boa colocação! Se puder continuar a escrever a continuação desta história (se J. J. Abrams respondeu, se a Disney se pronunciou, etc), seria bem interessante.
    Só um adendo, eu acho que é possível o BB8 andar tranquilo na areia, acredito que eles realmente tenham usado o robô de verdade para filmar, e não CG. :)

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    • 22 de janeiro de 2016 em 7:10 PM
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      Olá Érika,
      Todas as novidades a respeito deste texto serão compartilhadas aqui no Blog, continue nos acompanhando.
      Sobre o BB8, a Disney afirmou em diversas entrevistas que utilizaria um robô real no filme, porém nas cenas em que ele se desloca na areia fofa eu compartilho da opinião do renomado apresentador da série Cosmos, Neil deGrasse Tyson, seria fisicamente impossível para um robô que se movimenta sobre uma base esférica se deslocar com precisão na areia, possivelmente a equipe de filmagem utilizou de algum artificio para gravar estas cenas.
      Grande Abraço

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  • 8 de janeiro de 2016 em 9:47 AM
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    nossa q triste….e acabei d ler uma matéria dizendo q a ilha estará aberta p visitas…lamentável

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    • 22 de janeiro de 2016 em 7:04 PM
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      Olá Priscila,
      As visitas que ocorrem na ilha acontecem fora do período de reprodução e fora do horário de atividade das aves ameaçadas e obedecem normas extremamente rígidas, muito diferente do que ocorre durante as filmagens.
      Abraços e obrigado pelo seu interesse no texto.

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  • 12 de janeiro de 2016 em 7:31 PM
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    Como cientista acredito que você saiba que uma situação dessas é responsabilidade do governo irlandês. A produção do filme, e a própria Disney, não leva consultores ambientais aos sets de filmagem para o caso de uma possível especie ameaçada ter aquele local como habitat, cabe aos órgãos competentes o monitoramento, enviar e-mail a Disney ou ao diretor do filme é algo completamente descabido, o governo Irlandês deve ser pressionado por respostas e ações, a produção do filme simplesmente pediu a autorização para uma locação de interesse e filmaram, repito, eles não tem obrigação alguma de saber quais espécies se reproduzem na ilha, o governo tem!

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    • 22 de janeiro de 2016 em 7:02 PM
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      Olá Neviton,
      Respeito o seu ponto de vista, mas gostaria de compartilhar com você que a equipe de filmagem assim como os produtores do filme, foram contatados por inúmeros ambientalistas e cientistas, dentre eles os citados no texto. Toda equipe da Disney foi devidamente alertada e tinha plena consciência dos problemas e dos impacto que poderiam ser gerados.
      Abraços e obrigado por compartilhar sua opinião.

      Resposta

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Sandro Von Matter

Pesquisador em ecologia e conservação, se dedica a investigar questões sobre o topo das florestas tropicais e as fascinantes interações entre animais e plantas. Hoje, à frente do Instituto Passarinhar, é um dos pioneiros em ciência cidadã no Brasil, e desenvolve projetos em conservação da biodiversidade e restauração ecológica, criando soluções para tornar os centros urbanos mais verdes.