Partido trabalhista norueguês impede que país perfure poço bilionário de petróleo no arquipélago paradisíaco de Lofoten
Revelando a crescente oposição ã exploração de combustível fóssil – que fez da Noruega um dos países mais ricos do mundo -, o partido trabalhista de oposição, o maior do parlamento, retirou seu apoio à perfuração exploratória no arquipélago de Lofoten.
Só pra ilustrar, essas ilhas estão localizadas nas turbulentas águas do Mar da Noruega, acima do Círculo Ártico, e formam um paraíso natural com montanhas majestosas, fiordes profundos, colônias de pássaros e longas praias, onde se pode apreciar auroras boreais e o sol da meia noite.
Essa região paradisíaca permaneceu blindada à exploração durante anos pelo governo de coalizão da Noruega, a partir de vários acordos políticos. Mas voltou a ser explorada. Interesses econômicos acima de tudo.
Acredita-se que, abaixo do fundo desse mar, exista petróleo suficiente para encher de 1 a 3 bilhões de barris, por isso a decisão deixou toda a indústria decepcionada. Atualmente, são bombeados mais de 1,6 milhão de barris de petróleo por dia em operações para o exterior. Dá pra imaginar este volume? Mesmo assim, o país está (apenas) entre os 20 maiores produtores do mundo.
A estatal Equinor ASA, a maior produtora de petróleo da Noruega, se pronunciou rapidamente dizendo que a exploração de petróleo nessa região é essencial para o país manter seus níveis de produção. Por outro lado,
Este é realmente um importante movimento contra a exploração petrolífera, anunciado pelo líder do partido trabalhista, Jonas Gahr Store, mas que expõe interesses conflitantes. Ao mesmo tempo em que procura refletir sobre as preocupações da população a respeito dos impactos ao meio ambiente, o partido também precisa atender os sindicatos de trabalhadores dessa indústria, que sempre foram seus apoiadores. Como resolver? Store contou, ao jornal Independent, que continuará a apoiar as empresas do setor, mas desde que elas se comprometam a investir para tornar suas operações livres de emissões de gases de efeito estufa.
Importante frisar que a medida tomada pelo partido acontece depois que, na semana passada (12/4), o governo norueguês anunciou o montante de um fundo petrolífero de US$ 1 trilhão – o maior fundo soberano do mundo – para investimentos em projetos de energia renovável, principalmente de energia eólica e solar.
Este fundo exclui empresas que possuem pelo menos 30% do seu faturamento ou atividades em térmicas a carvão. Em março, avisou que não iria mais investir em 134 companhias que exploram petróleo e gás, mas que reteria participações em grandes companhias petrolíferas como a BP e a Shell, que possuem divisões de energia renovável.
E, assim, a riqueza acumulada com a exploração de combustíveis fósseis está sendo redirecionada para a energia renovável. Não há futuro na poluição. São inúmeras as indústrias pelo mundo que já aderiram a este movimento de desinvestimento de combustíveis fósseis, para evitar riscos futuros para seus negócios. A Irlanda foi o primeiro país a criar uma Lei de Desinvestimento, como noticiamos no ano passado. Leia mais sobre o tema no site Clima Info.
O líder Jonas Store ressaltou que o partido não deixará de apoiar a indústria petrolífera, mas desde que as empresas do segmento se comprometam a tornar todas suas operações livres de emissões de gases de efeito estufa, determinando um prazo para tanto. Justo.
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Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.