Negras Potências: projetos em crowdfunding podem receber financiamento dobrado contra desigualdade social

O site de crowdfunding Benfeitoria, o Baobá – Fundo para Equidade Racial e o Movimento Coletivo (plataforma de investimento social da Coca-Cola Brasil), se uniram para impulsionar projetos de empoderamento liderados por mulheres negras para combater a desigualdade social.

É fato que os impactos das diferenças econômicas e sociais são muito mais profundos quando reúnem gênero e raça, neste caso, dois segmentos bastante vulneráveis da sociedade. O estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em 2017, dá bem a medida dessa vulnerabilidade.

“Quando fazemos um edital que tem como objetivo trabalhar essas potências, também acionamos um alerta para empresas, organizações e fundações de que é necessário perceber que há uma desigualdade avassaladora com relação às mulheres negras na sociedade e que é fundamental destinar ações objetivas para trazer equilíbrio a este quadro”, disse a diretora-executiva do Baobá, Selma Reis, em seu site.

Assim, em fevereiro, o Benfeitoria, o Baobá e o Movimento Coletivo lançaram o edital Negras Potências para a inscrição de projetos que promovem ações para reduzir a violência contra a mulher negra e ampliar seus direitos, além de formas mais justas de viver, de acordo com três categorias: Empoderamento Econômico; Vida Livre de Violência e Educação, Cultura e Difusão de Informação.

Visando a continuidade e o impacto dos projetos, muito além do prazo definido pelo edital, eles deveriam atender a alguns critérios imprescindíveis, como a facilidade para atuar em ambientes online, a capacidade de participar de um financiamento coletivo e a influência de suas redes (parceiros, militantes).

Em junho, foram divulgados os 16 projetos vencedores, que ganharam página exclusiva do Negras Potências no site do Benfeitoria, que seguem as regras do sistema crowdfunding sobre a forma de recebimento do dinheiro: há projetos flexíveis (recebem o valor arrecadado, seja ele qual for) e outros que apostam no Tudo ou Nada (ou seja, se não alcançam a meta, não recebem nada). Com um detalhe: ainda usufruem de um sistema de captação diferenciado, o matchfunding: com ele, as doações feitas a cada projeto são duplicadas graças a um fundo de R$ 500 mil oferecido pelo Movimento Coletivo.

Todos os projetos são interessantes, mas alguns estão no final do tempo de financiamento, como o do espetáculo de circo, Flores Fortes, que tem só mais cinco dias para captar mais de 50% da meta. Os demais, oscilam entre 14 e 45 dias.

Todos são lindos, mas eu adorei as missões de três deles, em especial: o Investiga Menina! (28 dias), que quer incentivar meninas negras a seguirem carreira de cientista inspiradas por pesquisadoras negras renomadas, a Casa das Pretas (23 dias), que promove ações para o desenvolvimento intelectual e cultural de jovens negras, a Afreektech, Mulheres Negras no Centro (29 dias) que visa democratizar o ensino de tecnologia para empreendedoras, jovens e meninas, e Doula a Quem Quiser (24 dias), pelo parto digno.

Vai lá no site pra ver com qual deles você mais se identifica e apoie.

Foto: Divulgação

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.