Natural e sustentável: sabonete esfoliante feito com borra de café

Para quem adora um café fresquinho, preparado na maneira tradicional, no coador, sempre sobra no final do processo a borra, o resto dos grãos moídos. Algumas pessoas a usam no jardim, porque além de ser um ótimo fertilizante para a terra, pois torna o solo mais fértil, rico em nutrientes, também afasta pragas e atrai minhocas.

Mas em restaurantes, padarias e cafeterias, que ainda produzem café da maneira artesanal, a borra acaba sendo jogada no lixo. Para evitar este desperdício e aproveitar todos os benefícios deste grão tão brasileiro, uma empresa de Curitiba – a Café do Moço -, em parceria com a marca de cosméticos L’odorat Saboaria e Cosmética Artesanal, de Santa Catarina, desenvolveu um sabonete esfoliante feito com estes resíduos naturais.

Na composição do sabonete não há nenhum ingrediente de origem animal. Além disso, ele é biodegradável, ou seja, não agride o meio ambiente. Segundo os fabricantes, outro ponto importante é que, devido ao processo artesanal de produção, o sabonete preserva um item essencial para a hidratação da pele: a glicerina, que na indústria, é substituída por similares químicos.

Fim ao desperdício: borra de café vira esfoliante no sabonete

Solução sustentável 

A utilização da borra de café como esfoliante natural é uma ótima solução para evitar o uso de micropartículas plásticas, comumente utilizadas pelas empresas de cosméticos para a fabricação de produtos para esfoliação da pele.

Os minúsculos pedaços de plástico, esferas menores do que a ponta de um alfinete, praticamente invisíveis a olho nu, se tornaram um imenso problema ambiental. Adicionadas a cosméticos, como sabonetes, cremes, pastas de dente e esmaltes (neste caso para dar o efeito de purpurina), as partículas são feitas principalmente de polietileno (PE), mas também de polipropileno (PP), polietileno tereftalato (PET), polimetilmetacrilato (PMMA) e nylon.

Não biodegradáveis, estas micropartículas passam pelo ralo e vão parar direto no sistema de esgoto e mais adiante, no mar, aumentando ainda mais as imensas ilhas de lixo que se acumulam nos oceanos do planeta. Pior que isso, é que estes resíduos são ingeridos por animais marinhos, que os confundem com alimentos.

Menor que a cabeça de um alfinete, a microesfera de plástico vai direto do ralo para as águas dos oceanos

Em janeiro de 2016, como mostramos aqui, neste outro post, os Estados Unidos proibiram o uso de micropartículas em cosméticos.

No Brasil, algumas marcas já se posicionaram sobre o problema. Em 2014, a Natura afirmou que substituiria as miniesferas plásticas de seus produtos por ingredientes naturais, como partículas de arroz e bambu até o ano passado. Há três anos, pressionado por uma petição da organização Avaaz, o Grupo Boticário anunciou que estava realizando pesquisas para parar de usar polietileno.

Agora, pelo menos no Barista Coffee Bar, da Café do Moço, na capital paranaense, o que antes era jogado fora, tem novo destino. Ideia simples, que pode ser usada como exemplo em todo o Brasil.

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Fotos: divulgação Café do Moço e  MPCA Photos/creative commons/flickr 

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.