Na Flórida, 633 mergulhadores se unem para tirar lixo do mar e quebram recorde mundial

A convite da loja de equipamentos de mergulho Dixie Drivers e da organização Deerfield Beach Women’s Club, em junho deste ano, 633 mergulhadores de várias partes do mundoEstados Unidos, América do Sul (incluindo Brasil) e Europa – limparam as águas ao redor do Pier de Pesca Internacional de Deerfield Beach, um ponto popular de pesca no sul da Flórida, Estados Unidos. Foram às profundezas e de lá tiraram cerca de 1,5 tonelada de detritos, entre eles, muito plástico – claro! -, pedaços de metal (escadas e barras de barco), anzóis e linhas de pesca.

Acompanhada por um juiz do Guiness World Records, a ação bateu o recorde mundial de limpeza subaquática porque reuniu mais gente do que o mutirão realizado na costa do Egito (Mar Vermelho), em 2015, que engajou 614 pessoas sob a liderança de Ahmed Gabr, ex-mergulhador do exército egípcio. Vale ressaltar que, enquanto a coleta submarina no Egito levou 24 horas para ser concluída, os mergulhadores da Flórida levaram apenas duas horas. No final deste post, assista ao vídeo que revela alguns momentos desse encontro.

Os mergulhadores foram contados por Michael Empric, juiz do Guiness, que fez questão de enfatizar que, por mais surpreendente que seja reunir tantos amantes dos oceanos num mesmo movimento e entrar para o livro dos recordes, a verdadeira recompensa foi o que resultou desse encontro: um ambiente mais limpo e seguro para os moradores da região e para toda a vida marinha. Ele disse ao jornal Sun Sentinel: “Não importa o que aconteça hoje com o Guinness World Records. O que realmente importa é que todos estão empenhados limpando o mar e tentando melhorar a vida na comunidade”.

No mesmo dia, o grupo de conservação dos oceanos Project AWARE, que ajudou a organizar a iniciativa, estimou que foram coletados cerca de 1.452 quilos de lixo (quase 1,5 tonelada): plásticos variados, vidro, pesos de chumbo, pedaços de madeira, roupas velhas, anzóis e outros pedaços de metal e linhas de pesca (entre elas, uma espantosa linha de pesca de 219 milhas de comprimento – cerca de 352 quilômetros!!! – removida das estacas do píer).

Triste constatação: essa ação é realizada há 15 anos no local. Este ano havia mais mergulhadores engajados, mas mais lixo também! Ou seja, os frequentadores – principalmente os que adoram pescar no píer – continuam repetindo o péssimo hábito de descartar o que não serve mais no mar, desconsiderando aqui as peças que nele podem ser perdidas durante travessias de barco.

Os detritos estão sendo devidamente descartados e reaproveitados pelos moradores e cooperativas de reciclagem de Deerfield Beach. Mas espero que tanto estes como os turistas que por ali circulam entendam que, mais importante do que recolher tanto lixo do mar, é não descarta-lo. Quinze anos repetindo a mesma ação é sinal de que pouco se aprendeu a respeito do assunto e que é preciso melhorar muito.

Mais plásticos do que peixes

Creio que bastaria lembrar da Great Pacific Garbage Patch (Grande Ilha de Lixo do Pacífico, em tradução livre) todos os dias, para que tivéssemos vergonha e parássemos de sujar o planeta com tantos detritos. Ali, no Oceano Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia, está a maior concentração de lixo plástico no mar, estimada em cerca de 1,4 milhão km2. A foto acima ilustra uma pequena parte dessa tragédia ambiental.

Mas sabemos que os resíduos estão tanto nas áreas costeiras, como nas profundezas, e que viajam pelo mundo. Em março deste ano, publicamos uma noticia sobre uma descoberta terrível feita por cientistas: os seres que vivem em alguns dos abismos mais profundos da Terra tem plástico em seus organismos.

De acordo com dados da ONU, a cada ano são despejados cerca de 8 milhões de toneladas de lixo plástico nos oceanos. Se esse ritmo continuar, até 2050 haverá mais plástico nos oceanos do que peixes.

Inacreditável que, mesmo com tanta informação disseminada e conhecimento, o ser humano ainda faz dos mares um grande depósito dos resíduos que produz. Temos que continuar incansáveis nessa empreitada.

Agora, assista ao vídeo que revela alguns momentos da maior limpeza subaquática do mundo, em Deerfield Beach, na Flórida:

Fotos: Dixie Drivers (mergulhadores) / Ray Boland, NOAA/Creative Commons

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.