Mulheres da economia solidária celebram a primavera em encontro sem agrotóxicos, nem machismo

No próximo sábado, 14 de setembro, mulheres da economia solidária, embaladas pelas 100 mil margaridas que marcharam em Brasília, celebram a primavera com comida sem veneno e agroecologia. Uma primavera livre de agrotóxicos e de machismo é o que elas trazem na Feira de Economia Feminista e Solidária, que acontece no Ponto de Economia Solidária e Cultural do Butantã.

O evento, organizado pela Associação de Mulheres da Economia Solidária e Feminista (Amesol), já é parte do calendário do Ponto Butantã. Além de artesanato, acessórios, bolsas, roupas e brinquedos, o público encontra café, bolos, biscoitos e alimentos orgânicos, rodas de conversa sobre agroecologia e feminismo e muito mais.

Esses dias ouvi a expressão ‘tempos brutos’, usada para definir esse momento que vivemos, com retrocessos e ataques aos direitos fundamentais e à diversidade, à participação da sociedade civil em conselhos e em instâncias importantes para o exercício do controle social, conquistas da sociedade civil que achávamos que já estavam asseguradas.

Eventos como essa feira, e o próprio local onde ela acontece, o Ponto Butantã, são espaços de acolhimento da diversidade que funcionam como uma recarga de energia para a resistência a tudo isso. O contato com as artesãs, com as agricultoras, as rodas de conversa, onde é possível fazer o bom debate e ouvir histórias generosamente compartilhadas por essas mulheres da economia solidária, tudo isso é um presente do hoje.

Esse presente pode começar com um café pela manhã, para conhecer os produtos e as histórias, avançar com a participação na roda de conversa às 11h e uma esticada pelos outros espaços do Ponto, que inclusive abre, no dia anterior à feira, a belíssima exposição Sertões: Poeiras da Caatinga, que traz bordados do grupo Teia de Aranha inspirados na obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, e que esteve presente na FLIP este ano.

O grupo aproximou bordadeiras, Os Sertões e o autor por meio da interação com estudiosos da obra e da questão política retratada e do contato com trabalhos em outras linguagens artísticas como teatro, fotografia e pintura, recursos usados para estimular a criação. Dessa interação surgiram painéis temáticos: a terra, o homem, a luta e um mapa da região.  As bordadeiras estarão presentes na abertura, no dia 13/09, para uma roda de conversa a partir das 20h.

Na primavera, essas mulheres resgatam o cuidar da terra, o bordar a história e a memória, o alimentar, o tecer, o fazer e o acolher da economia solidária. E firmam os pés nesse solo do feminino, na resistência do ser mulher. O florescer da primavera. Um respiro nesses tempos brutos que vivemos.

Foto: Ponto Butantã

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Mônica Ribeiro

Jornalista e mestre em Antropologia. Atua nas áreas de meio ambiente, investimento social privado, governos locais, políticas públicas, economia solidária e negócios de impacto, linkando projetos e pessoas na comunicação para potencializar modos mais sustentáveis e diversos de estar no mundo.