A mineradora Hydro Alunorte, que tem como acionista majoritário e controlador o governo da Noruega, foi multada ontem (28/02) pelo Ibama em R$20 milhões – R$ 10 milhões por “realizar atividade potencialmente poluidora sem licença válida da autoridade ambiental competente e R$ 10 milhões por operar tubulação de drenagem clandestina”, que serviu para escoar resíduos tóxicos para áreas próximas da refinaria, entre elas, zonas de mangue e matas.
O vazamento da Hydro Alunorte foi alertado por moradores do município de Barcarena, a 100 km de Belém, no sábado (17/02). Eles ficaram alarmados com a cor do rio Murucupi e o aumento súbido do volume do mesmo, mesmo apesar da chuva torrencial na região. Esta época é conhecida como o inverno amazônico e está sujeita à muita precipitação.
Acionado pelo Ministério Público do Estado do Pará e Ministério Público Federal para fazer inspeções no local, o Instituto Evandro Chagas (IEC) constatou que houve vazamento das barragens de rejeitos de bauxita (matéria-prima para a fabricação do alumínio) e que a água estava contaminada com chumbo, sódio, nitrato e alumínio.
Logo após o acidente, a refinaria norueguesa negou qualquer culpa. Todavia, com o laudo do IEC precisou vir à público e, em comunicado para a imprensa, disse que “acabava de tomar conhecimento sobre o laudo e iria analisar o material para se pronunciar sobre o assunto”.
Dias mais tarde, a Embaixada da Noruega no Brasil divulgou outra nota afirmando que “Investigações para determinar as origens do vazamento estão em andamento. Antes de chegar a conclusões e definir quaisquer intervenções, é preciso determinar a sequência de eventos ocorridos após as fortes chuvas da semana passada”.
O Tribunal de Justiça do Pará também proibiu o funcionamento de uma das bacias da mineradora e determinou a redução em 50% da produção da empresa. Além disso, estipulou multa de R$ 1 milhão por dia, caso a Hydro Alunorte desrespeite a decisão.
“A conduta da empresa demonstra total desrespeito com a população de Barcarena e gera contaminação às pessoas e riscos a curto, médio e longo prazo à saúde”, afirmou o desembargador Iran Ferreira Sampaio, em sua decisão oficial.
Vale lembrar, que em 2009, a Hydro Alunorte já havia sido multada por crime ambiental pelo Ibama. Na época, a empresa foi responsabilizada pelo vazamento de resíduos industriais em córregos de Barcarena, quando peixes morreram e moradores que vivem às margens do rio ficaram sem água potável.
Segundo denúncias do Ministério Público Federal do Pará, a empresa até hoje não pagou as multas estipuladas pelo Ibama em R$ 17 milhões, referentes ao transbordamento de 2009.
A pergunta que todos fazem é “como esta mineradora ainda está operando no Brasil?”
*Com informações do portal G1 e da Folha de São Paulo
Leia também:
Mineração não é um mal necessário
Desastre de Mariana pode ter afetado animais marinhos raros
Rio de Lama: documentário em realidade virtual retrata Mariana e seus sobreviventes
Dois anos depois, minério da Samarco ainda contamina água do Espírito Santo, Bahia e Rio de Janeiro
Foto: divulgação Ibama