Depois de todo transtorno provocado pela nevasca que atingiu diversos países da Europa na semana passada, imagens divulgadas nas redes sociais revelam outras vítimas da onda de frio polar: milhões de estrelas-do-mar, moluscos, caranguejos e até, peixes.
As fotografias impressionantes mostram milhares e milhares de criaturas marinhas sem vida na areia, na costa da Inglaterra, mais especificamente em Kent e East Yorshire, justamente áreas bastante afetadas pela neve.
Acredita-se que os animais não resistiram à temperatura fora do normal para a região. A onda de frio chamada de “Besta do Leste” foi provocada por temperaturas entre 20ºC e 30ºC acima da média no Ártico. Na Sibéria, os termômetros marcaram 35oC além da média para o mês de fevereiro.
Segundos os meteorologistas, o calor atípico no Ártico já foi registrado antes, em 2011 e 2017, mas apenas por poucas horas, nunca em tantos dias consecutivos. Cientistas dizem que é algo sem precedentes e estão alarmados com a situação. Um dos principais temores é que o aquecimento global esteja provocando a erosão do vórtice polar.
O vórtice polar é um fenômeno climático natural. São ciclones que se formam nos polos, na região da média e da alta troposfera (região mais baixa da atmosfera) e da estratosfera. Eles se mantêm em diferentes velocidades e é por causa deles, que o ar frio permanece sobre os polos.
Com o “rompimento” e dispersão do vórtice polar, ares gelados foram levados para a costa oeste dos Estados Unidos e também para a Europa. Nevascas foram registradas na Itália, Suíça, França, Inglaterra e outros países. Alguns deles, registraram temperaturas mais baixas do que no Ártico. Em Moscou, os moradores enfrentaram -23ºC.
Outra explicação para a mortandade em massa das estrelas-do-mar é que os ventos fortes da tempestade podem ter agitado o fundo do mar e carregado os animais para a areia, onde acabaram morrendo.
Estrelas-do-mar também apresentam um comportamento que pode ter facilitado sua morte. Elas costumam curvar seus braços e ficam no formato de uma bola, o que faz com que se movam de maneira mais veloz. Quando se deparam com uma tempestade, entretanto, podem ser levadas mais rapidamente para a areia, de onde não conseguem voltar para a água.
Outros episódios como este já foram registrados anteriormente. Em 1960, milhões de estrelas-do-mar também surgiram mortas na costa do estado de Maryland, nos Estados Unidos e em 1999, em número menor de fatalidades, na Ilha de Man, no Reino Unido.
Cientistas afirmam, entretanto, que estrelas-do-mar são criaturas em abundância nos oceanos e um evento como este não deve influenciar na redução de sua população. O que é assustador, todavia, é pensar que eventos climáticos extremos, como nevascas, tempestades e secas, se tornem mais frequentes no futuro e causem mortandades em massas mais repetidamente.
Mostramos aqui, na semana passada, neste outro post, outro incidente relacionado com o aquecimento global, que provocou a morte de 200 mil antílopes no Cazaquistão.
*Com informações do site The Conversation
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Fotos: Lara Maiklem/London Mudlark/reprodução Facebook