Menor macaco do mundo, que vive na Amazônia, é dividido em duas espécies e não uma

Menor macaco do mundo, que vive na Amazônia, é dividido em duas espécies e não uma

O sagui-pigmeu (Cebuella pygmaea), também conhecido como sagui-leãozinho, é a menor espécie de símio do mundo. Pesa somente 100 gramas e junto com a cauda, chega a ter 15 cm. Tem o tamanho aproximado de um tomate grande.

O macaquinho foi descrito pela primeira vez, em 1823, pelo naturalista alemão Johan Spix. Pode ser encontrado na Floresta Amazônica, no Brasil, e em áreas da Colômbia, Peru e Equador. Alimenta-se somente de insetos.

Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Salford, em Manchester, no Reino Unido, em parceria com cientistas de quatro instituições brasileiras, descobriu que, na verdade, a espécie não é uma, mas duas.

Ao utilizar as mais modernas técnicas genômica (ramo da genética bioquímica) e filogenética, eles reuniram evidências que provam que, por volta de 2 a 3 milhões de anos atrás, o sagui-pigmeu se dividiu em duas espécies.

“Há muito tem havido confusão sobre a taxonomia dessas criaturas maravilhosas, principalmente porque Spix (Johan) não registrou em seus diários de viagem a localização exata em que coletou o tipo de Cebuella pygmaea, no início de 1800”, explica Jean Boubli, professor de Ecologia Tropical e Conservação da Universidade de Salford e principal autor do artigo. “A beleza da genômica significa que agora podemos ver que o sagui-pigmeu é um termo para duas espécies que evoluíram independentemente por quase 3 milhões de anos.”

O estudo foi realizado apenas com macacos da Amazônia brasileira, mas os pesquisadores acreditam que talvez existam outras subdivisões da espécie nos demais países onde eles habitam. Para isso, entretanto, serão necessárias novas pesquisas de campo.

No Brasil, uma das espécies é observada ao longo da bacia do rio Japurá e a outra, ao sul do rio Amazonas e leste do Madeira.

Todavia, quando uma descoberta como esta é feita, existe uma mudança nos trabalhos de conservação, já que a população da até então única espécie conhecida é dividida em duas novas espécies. Mas neste caso, os cientistas afirmam que não há motivo para preocupação porque a região onde o sagui-pigmeu vive é uma das mais bem preservadas da Floresta Amazônica.

Não se decidiu ainda qual será o nome dado à nova espécie e qual das duas deverá manter o original.

O artigo Smallest monkey’s evolutionary secret (O segredo evolutivo do menor macaco) foi publicado originalmente na revista Molecular Phylogenics and Evolution. Leia o artigo completo aqui.

Foto: divulgação Salford University 

7 comentários em “Menor macaco do mundo, que vive na Amazônia, é dividido em duas espécies e não uma

  • 13 de junho de 2018 em 9:06 PM
    Permalink

    Adoro tuas reportagens Suzana!

    Resposta
    • 14 de junho de 2018 em 6:33 AM
      Permalink

      Obrigada, querida!!!!!
      Adoro ter você como minha leitora ;-)
      Beijo,
      Su

      Resposta
      • 27 de setembro de 2019 em 9:39 PM
        Permalink

        Muito interessante!
        Tem muitas espécies de animais que temos que descobrir no nosso próprio país, uma riqueza enorme inexplorada.

        Resposta
  • 8 de setembro de 2020 em 3:26 PM
    Permalink

    Ótima matéria

    Resposta
  • 7 de abril de 2023 em 11:01 PM
    Permalink

    Quando morei no Brasil me lembro dum macaco pequeno ao qual os donos referiram como um soínho mas não sei exatamente como era porque sou americana que aprendeu português na marra. É soínho mesmo? Obrigada

    Resposta
  • 28 de abril de 2023 em 8:17 PM
    Permalink

    Cada dia, meses mais descobertas sobre nosso planeta animal. Adoro essas descobertas.

    Resposta

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.