Médico e jovem ativista contra violência sexual como arma de guerra são ganhadores do Nobel da Paz

Médico e jovem ativista contra violência sexual como arma de guerra são ganhadores do Nobel da Paz

A iraquiana Nadia Murad, de 25 anos, ativista e sobrevivente de violência sexual, e o médico ginecologista congolês, Denis Mukwege, de 63 anos, foram anunciados esta manhã como os vencedores do Prêmio Nobel da Paz 2018.

A jovem da minoria Yazidi se tornou uma voz contra os horrores que as mulheres enfrentam durante a guerra depois de ser estuprada durante meses pelos terroristas do Estado Islâmico, em 2014. Felizmente, ela conseguiu fugir do cativeiro. Estima-se que outras 3 mil mulheres foram abusadas pelos extremistas.

Em 2016, Nadia foi nomeada pelas Nações Unidas como a primeira Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano.

Mukwege trabalha em um hospital na cidade de Bukavu, no Congo, e se dedica ao tratamento de mulheres vítimas de violência sexual durante o conflito civil no país. Nos últimos anos, mais de 30 mil vítimas foram atendidas por ele e sua equipe. O médico ficou conhecido como “doutor milagre” e luta ferozmente contra o uso do estupro como “arma de guerra”.

“Cada um deles à sua maneira ajudou a dar maior visibilidade à violência sexual em tempos de guerra, de modo que os perpetradores possam ser responsabilizados por suas ações”, destaca o texto divulgado pela Academia do Prêmio Nobel da Paz, na Suécia.

Ainda segundo a entidade, Denis Mukwege é o “principal e mais unificador símbolo nacional e internacional na luta para acabar com a violência sexual na guerra e em conflitos armados.

Em 2012, o médico sofreu uma tentativa de assassinato e foi obrigado a deixar seu país por alguns meses. Há dez anos seu nome consta entre os indicados ao Nobel da Paz.

A coragem de Nadia também foi reconhecida pelo comitê do prêmio. “Ela é a testemunha que denuncia os abusos cometidos contra ela e outras mulheres”, escreveu a organização em sua conta no Twitter.

“Eu espero que minha nomeação ajude a trazer justiça para as mulheres que sofreram violência sexual”, disse Nadia, em entrevista divulgada pela organização do Nobel da Paz.

Juntos, os dois vencedores receberão um prêmio de 9 milhões de coroas suecas, algo em torno de 4 milhões de reais.

Em 2014, o Nobel da Paz também foi dividido entre dois laureados: a paquistanesa e ativista pelo acesso à educação das meninas, Malala Yousafzai, e o indiano Kailash Satyarthi, que trabalha para acabar com o trabalho infantil.

Malala foi a pessoa mais jovem a receber o prêmio da academia sueca.

Fotos: reprodução Facebook e Twitter 

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.