Maloka Estampa: projeto solidário envolve moradores de rua em processos de estamparia

Da zona leste da cidade de São Paulo vem o projeto Maloka Estampa – Empreendedorismo Social, que parte da ideia de criar um empreendimento de economia solidária envolvendo população em situação de rua. 

Em busca de garantir autonomia e inclusão social, o projeto, que nasceu no Centro de Acolhida Zancone, pretende instalar uma estamparia autogestionada pelos conviventes do Centro, que tem como foco assistência social e atende, em regime de 24 horas, cerca de 150 pessoas em situação de rua, provenientes de várias regiões da cidade.

O último censo da população de rua realizado pela Secretaria de Assistência Social de São Paulo é de 2015, e contabilizava cerca de 15 mil moradores de rua na cidade, número obviamente muito defasado. Segundo reportagem da Folha de São Paulo, publicada em junho de 2019, ao longo de 2018 os assistentes sociais municipais abordaram aproximadamente 105,3 mil pessoas nas calçadas da cidade, número 66% maior do que a quantidade de pessoas abordadas na mesma situação em 2016.

Para quem vive e caminha pelas ruas de São Paulo, esse aumento é facilmente constatado. São pessoas de perfil diverso, que muitas vezes são abandonadas pela família e têm pouca qualificação para o mercado de trabalho formal. Além do preconceito e de todos os transtornos que o viver na rua acarreta. Entre os motivos que levam essas pessoas a viver nas ruas estão desemprego, brigas com familiares, uso abusivo de álcool ou outras drogas e um histórico de pobreza.

Promover a inclusão e geração de renda para a população de rua é um desafio constante no processo de acolhida. E é justamente esse ponto que a proposta do Maloka Estampa busca ajudar a resolver. O grupo criou uma campanha de financiamento coletivo no Kickante, em busca de R$ 5.000, para aquisição de máquinas e ferramentas para a instalação da estamparia e materiais para a confecção da primeira remessa de produtos.

Esse será o embrião do negócio solidário voltado para os conviventes do centro de acolhida. O que for arrecadado de valor extra será investido na estrutura física do local, para melhor adequá-la para comportar as atividades, em materiais de produção e para gerar fluxo de caixa para o empreendimento.

A raiz de tudo isso veio da realização de uma oficina de serigrafia já desenvolvida dentro do Centro, que foi pensada por seu valor terapêutico, de potencial de criação de trabalho e renda. Por meio dela, estão em processo de criação e produção camisetas que trazem posicionamentos que refletem o valor humano desse processo.

A atuação em coletivos autogestionados por meio da economia solidária tem se mostrado eficaz e com resultados importantes na recuperação de autoestima, inclusão e geração de trabalho e renda junto aos mais diversos grupos em situação de vulnerabilidade. Já abordei aqui no Conexão vários desses casos, como a Mater Oficina (saúde mental) ou a cooperativa Sonho de Liberdade (egressos do sistema penal).

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Mônica Ribeiro

Jornalista e mestre em Antropologia. Atua nas áreas de meio ambiente, investimento social privado, governos locais, políticas públicas, economia solidária e negócios de impacto, linkando projetos e pessoas na comunicação para potencializar modos mais sustentáveis e diversos de estar no mundo.