Mais uma loja de produtos da economia solidária em shopping center

Não é de hoje que indico, aqui, algumas iniciativas que hackeiam o sistema. A mais simbólica delas, pra mim ao menos, é a instalação de lojas e quiosques que comercializam produtos da economia solidária no coração dos maiores centros de consumo: os shopping centers.

Hoje, trago mais uma iniciativa como essas, desta vez em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. O Partage Shopping Betim inaugurou, há poucos meses, a Loja da Economia Solidária, que comercializa produtos desenvolvidos por artesãos cadastrados no Fórum de Economia Solidária da Prefeitura.

Onze marcas estão presentes na nova loja, com exposição e venda de produtos nas áreas de acessórios, vestuário, cosméticos, utensílios para casa, decoração, pintura em tecidos e alimentos não perecíveis: Arte Cia., Arte Primer, Bag Work, Garagem das Artes, Mãos que Criam, Mimos e Cores, Mãos de Fada, Ponto Costura, Ponto a ponto, Pedraria Variart e SmartFriends.

Alunos de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Una de Betim criaram e desenvolveram o projeto arquitetônico para o espaço, que tem 200m² e foi pensado para ter bom funcionamento, beleza e baixo custo. A mobília da loja foi confeccionada a partir de pallets e caixotes. E outra instituição de ensino superior, a Pontifícia Universidade de Minas Gerais (PUC Minas) promove cursos para capacitar os produtores em relação a empreendedorismo e vendas.

Em Betim, a Prefeitura desenvolve o Programa Economia Solidária por meio da Superintendência de Trabalho, Emprego e Renda, ligada à Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e Fórum Municipal de Economia Solidária Betim. Os empreendimentos participam de reuniões mensais do Fórum, têm acesso a capacitações e oportunidades de comercializar seus produtos em feiras e exposições.

A economia solidária no estado de Minas Gerais registrou crescimento de 2.800% em 30 anos, de acordo com o Observatório do Trabalho da Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese). O levantamento aponta que o maior número de EES em Minas vem do artesanato (623), seguido pela agricultura familiar (459), alimentação (206), serviços (78), confecção (63), catadores de material reciclável (51) e cultura (14).

Na distribuição por território, a Região Metropolitana e Belo Horizonte registram a maior parcela de negócios solidários (454), seguida por Vertentes (165) e Norte (157).

A iniciativa do shopping em Betim se junta a outras já noticiadas aqui no blog, como é o caso do quiosque solidário do Shopping Center Norte, em São Paulo, e de uma loja colaborativa em Juiz de Fora, Minas Gerais. E reforça também a relação entre universidades, arquitetura e design com a economia solidária.

Você já viu esse tipo de iniciativa em algum shopping? Conte pra gente, nos comentários.

Foto: Raw Pixel

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Mônica Ribeiro

Jornalista e mestre em Antropologia. Atua nas áreas de meio ambiente, investimento social privado, governos locais, políticas públicas, economia solidária e negócios de impacto, linkando projetos e pessoas na comunicação para potencializar modos mais sustentáveis e diversos de estar no mundo.